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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Da hipocrisia cristã

O cristão se faz hipócrita quando reivindica para si e para os seus a Graça e deseja rigorosamente impor aos "outros" aquilo que ele mesmo entende por Lei.

Esses "outros" podem ser vários, desde não-cristãos, cristãos de outras denominações ou até de uma mesma denominação, mas que apresentem condutas ou pontos de vista discordantes daquele que, farisaicamente, se crê intérprete autorizado da Lei e dono da ortodoxia, "reta opinião".

Para tanto, reivindica para si a força desta ou daquela "autoridade" inquestionável, seja a Tradição, a Escritura, o Magistério eclesiástico, a inspiração do Espírito Santo, a sucessão apostólica, o ensinamento mediúnico de "espíritos de luz" ou qualquer outra coisa que o diferencie dos demais mortais e pela qual se invista de uma certeza inabalável. No fundo, de uma ou outra maneira, forja a autoridade com que ele mesmo se autoriza.

Tal atitude deriva tanto da arrogância quanto do comportamento de manada, de uma arbitrária e orgulhosa convicção de "eleição" que o faz crer que ele e os seus são, de uma ou outra maneira, melhores que os demais.

É o tipo de gente capaz de prender, torturar, queimar, matar e massacrar em nome de Deus, a depender das circunstâncias sociais e históricas - a trajetória do Cristianismo, infelizmente, está repleta de exemplos assim.

Crendo-se livre de pecado, tal cristão atira a primeira, a segunda e todas as pedras que puder - contra a adúltera, o ladrão, o gay, o maconheiro, a abortista, o comunista e quem mais julgar conveniente apedrejar. Por vezes comemora, aberta ou ocultamente, o sofrimento ou a morte daqueles que tem por inimigos. Se regozija imaginando que este ou aquele arderá nas chamas do "inferno". Como alguns escolásticos, ousa imaginar que Deus perversamente priva seus eleitos de compaixão para que melhor se satisfaçam com o tormento dos pecadores.

Muitas vezes, condena rigorosamente nos outros aquilo que ele mesmo já praticou outrora. Cobra dos demais o severo cumprimento de uma "Lei" que ele mesmo transgredia. Enxerga o argueiro no olho do irmão e não apenas ignora, mas se orgulha da trave com que cobre seus próprios olhos. Fala em Amor, transpirando Ódio.

No fundo, o que lhe vale é o princípio nada cristão: "aos amigos tudo, aos inimigos a Lei". 

Se enxerga como Estêvão, mas age como Saulo.

A tal cristão, em sua zelosamente cultivada cegueira, resta apenas a esperança de, algum dia, realmente ingressar no caminho de Damasco...

Mão que apedreja.

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