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quarta-feira, 28 de abril de 2021

Do monopólio da sensatez

 Se você acredita que apenas pessoas que pensam exatamente da mesma maneira que você são sensatas, provavelmente você é um insensato, com os olhos vendados por suas ilusões. Nenhum de nós é absolutamente sensato, embora haja pessoas de considerável sensatez e outras de rematada tolice. O mais importante é aprender a reconhecer, antes de tudo, a insensatez que habita em nós - tarefa muito mais difícil e desconfortável que se imagina. A constante autocrítica é o único caminho para amenizar a incontornável insensatez que há em cada um de nós.




quarta-feira, 21 de abril de 2021

Da coerência sem coesão

Cada vez mais percebo que muitos de meus alunos do Ensino Médio demonstram imensa dificuldade com coesão textual. 

Percebe-se que há uma tentativa de argumentar com alguma coerência, mas as frases e os parágrafos não se conectam de modo orgânico. O leitor precisa, muito laboriosamente, reunir os cacos para entender onde o redator quer chegar. 

Venho pontuando isso para meus estudantes, e ressaltando a necessidade de que eles cultivem o hábito de ler livros inteiros, textos longos. A exposição excessiva à linguagem fragmentária das redes sociais, especialmente Twitter e WhatsApp e à comunicação pelos memes acabam condicionando a capacidade deles de ler, escrever e, consequentemente, pensar. Até os filmes agora têm uma edição cada vez mais frenética, é cada vez mais raro deparar com um plano mais longo, que permita algum repouso visual e uma contemplação mais plácida das imagens. 

Vejo esse processo com grande preocupação, e me parece cada vez mais como algo irreversível. 

Talvez nossa última esperança esteja nos videogames que, paradoxalmente, trabalham com cortes muito menos abruptos, dão uma certa permanência e continuidade ao processo de interação. Há jogos que são, praticamente do início ao fim, planos-sequência. 

Tempos loucos...

Avançando da esquerda para a direita, e terminando sempre com uma bandeira por ponto final, cada fase de Super Mario Bros. é praticamente uma frase e o jogo, uma experiência de leitura...


segunda-feira, 19 de abril de 2021

Comemorando - Uma década de Oficina de Clio

No último dia 24 de março este humilde blog completou dez anos de existência, com mais de mil posts sobre os assuntos mais variados, direta ou indiretamente ligados à História como disciplina acadêmica e, mais ainda, como vivência da humanidade no tempo (o que talvez soe antiquado para alguns).

Ao longo de toda essa década estive sempre para escrever um post que esclarecesse o título do próprio blog, mas por diversas razões (entre as quais, preguiça e esquecimento), acabei nunca o fazendo. Parece ser este o momento oportuno.

Desde o momento em que tive a ideia de criar este blog, sabia que queria ter Clio no título, em - um tanto óbvia - homenagem à musa que cultuo desde a infância e a cuja vocação atendia  aos 13 anos de idade, mantendo-me fiel e constante até hoje (um pouco como Obélix, que caiu no caldeirão do druida quando pequeno, embora eu siga tomando generosas conchas de poção mágica sempre posso).

Em 2011, quando criei o blog, meu principal objetivo era o de escrever sobre temas históricos que escapassem à temática de meu doutorado, assim como de dialogar com um público mais amplo que o dos pares acadêmicos.

Me encontrava então dividido entre três opções de título, "Laboratório de Clio", "Templo de Clio" e "Oficina de Clio". A escolha se deu por eliminação. "Laboratório" me soava acadêmico demais, e era justamente como forma de escapar das restrições acadêmicas que criava o blog. "Templo" parecia algo demasiado pomposo e hierático. "Oficina", por outro lado, era exatamente o que eu pretendia deste espaço de reflexão: experimentação, improviso, bricolagem, informalidade, alguma irreverência, uma "marcheterie mal disjointe", na feliz expressão de Montaigne.

Desde então é isto que tenho feito nesta humilde Oficina: juntar, aqui e ali, impressões, ecos e reflexos, remotos ou próximos, do mundo em que habito e partilhá-los com quem por eles se interessar. Pouco a pouco, constituo aqui um repositório, confuso e incerto, do que vi, li e vivi.

Cabe ainda agradecer a todos os amigos que, tant bien que mal, acompanham este blog e, mais ainda, àqueles que em um ou outro momento cederam textos de sua lavra para publicação aqui.

A bem dizer, quando iniciei esta empreitada, não imaginei que completaria um ano sequer, mas aqui estamos, "sem querer, querendo", uma década depois - que venha a próxima!



quarta-feira, 14 de abril de 2021

Dos tipos de ignorância

Quero crer que existem dois tipos de ignorância: passiva e ativa.

Ignorância passiva é aquela de quem simplesmente não teve oportunidades de aprender, por tais ou quais desventuras da vida.

A ignorância ativa, por outro lado, se dá quando a vida oferece oportunidades de aprendizagem, amadurecimento, crescimento, desenvolvimento, mas essas mesmas oportunidades são desperdiçadas por aquele que as recebe.

O ignorante passivo ignora simplesmente porque lhe faltaram oportunidades; o ignorante ativo ignora porque assim o desejou.

Ignorância passiva é acidente; ignorância ativa é projeto de vida.




segunda-feira, 5 de abril de 2021

Passé Composé

 Le passé, on sait bien, est composé - de mémoires, d'oublis, d'inventions, de témoignages, d'imagination. C'est pour ça que l'Histoire est plutôt un art qu'une science. L'historien est celui qui, au dialogue avec ses sources, ré-compose le passé, que le temps insiste à décomposer.

Cidadania Carioca

 Eis que ouço na rua, em frente a meu prédio, o indignado comentário de um cidadão carioca, reclamando que o lockdown imposto pela prefeitura obriga o fechamento dos bares, mas permite o funcionamento das igrejas. E assim segue a cidadania carioca em tempos pandêmicos. Debret foi embora, mas o Rio continua "pitoresco" - ou picaresco, nunca se sabe...