"O problema é que continuamos presumindo que há um ponto em que nos tornamos humanos. Isso é tão improvável quanto haver um comprimento de onda preciso em que o espectro de cores passa do laranja ao vermelho. A típica proposição de como isso aconteceu é aquela de uma repentina inovação mental - uma centelha milagrosa - que nos fez radicalmente diferentes. Mas se aprendemos algo de mais de 50 anos de pesquisa com chimpanzés e outros animais inteligentes é que o muro entre cognição humana e animal é como um queijo suíço. Excetuando nossa capacidade linguística, nenhuma reivindicação de singularidade sobreviveu sem modificações por mais de uma década. Mencione alguma - uso de ferramentas, fabricação de ferramentas, cultura, partilha de alimentos, teoria da mente, planejamento, empatia, raciocínio inferencial - tudo isso foi observado em primatas silvestres ou, melhor ainda, muitas dessas capacidades foram demonstradas em experimentos cuidadosamente controlados".
Frans de Waal
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