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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Videogame na escola 3: desafios e impressões

Empolgação demais
A empolgação dos alunos com o projeto é ótima, mas às vezes atrapalha um pouquinho, especialmente quando alguns estão impacientes pela sua vez ao computador. Trabalhar por revezamento em apenas um computador (meu notebook) também dificulta bastante, é claro.

Edição de mapas.


Bagunça demais
A bagunça persistente de alguns alunos atrapalha MUITO. Vale notar que esses mesmos alunos estão entusiasmados com o projeto, o que mostra claramente que a indisciplina NÃO é resultado direto da desmotivação - ao contrário do que sugerem muitos pedagogos acadêmicos e gestores públicos. Alunos motivados TAMBÉM precisam de inspetor no corredor...

Editando eventos no mapa.


Tempo de menos
Como só tive a ideia de implementar esse projeto no último bimestre, aos alunos coube apenas a parte criativa, enquanto eu estou cuidando sozinho da parte técnica. Tenho explicado bastante a eles sobre o funcionamento do programa, mas uma coisa é ver, outra é fazer. Além disso, tenho feito em casa a parte mais complicada, para fechar o projeto até o fim do ano letivo. É uma pena, pois seria importante que eles aprendessem direitinho a realizar também essas tarefas. É claro que o fato de trabalhar apenas com um computador também é um obstáculo tremendo. Pretendo dar continuidade ao projeto no ano que vem, desde o primeiro bimestre, para que eles também possam aprender a lidar com o programa. Resta ver se os computadores da escola dão conta do recado...

Edição de eventos - uma das partes mais complicadas.



Tentativa, erro e teste
Desenvolver um jogo é tentativa e erro, erro, erro... Tem sido muito difícil, até porque sou autodidata na área. Um pequeno detalhe de programação pode virar um erro catastrófico. Detectar onde está esse pequeno erro pode dar um trabalhão. Descobrir como remendá-lo também pode ser muito trabalhoso. A única solução é testar e consertar constantemente. Testar pode se tornar muito cansativo, especialmente quando a falha se mostra persistente.

Criação de protagonistas.

Balanceamento
Balancear o nível de dificuldade de um jogo parece uma tarefa banal, mas não é (nem um pouco) - especialmente no caso de um jogo de mundo aberto, onde os jogadores podem explorar na ordem que desejarem: fica muito difícil imaginar uma linha de progressão e escalonar o nível de dificuldade. Passei boa parte do meu feriado trabalhando nisso e cheguei a um resultado que terá que servir, mas não me deixou plenamente satisfeito.

Criação de inimigos.

Software
Usar software gratuito não é mole. A versão do RPG Maker que utilizamos tem sérias limitações de recursos. A maioria desses problemas é contornável. O mais desagradável é que não é possível mexer nos scripts do programa, então o jogo ficará híbrido: a maior parte em português, mas alguns detalhes (importantes) em inglês. Nada que um bom tutorial não resolva, mas fica feinho. Pretendo comprar uma licença pro para usar no ano que vem, dando continuidade ao projeto.


Educação e experimentação
Em 2011 tentei um projeto semelhante com a melhor turma que já tive, a "4 Gloriosa", então no 8º ano. Fui professor deles desde o 6º ano e tínhamos um ótimo entrosamento. Tínhamos tempo de sobra, inclusive, pois iniciamos o projeto no meio do ano. Contudo, por várias razões, o trabalho não chegou a bom termo. Passamos quase seis meses patinando, chovendo no molhado. A principal razão foi minha incapacidade de organizar o projeto de modo satisfatório. Em 2014 fui convidado por alguns estudantes de design e informática da PUC a prestar consultoria voluntária para um projeto na área, e essa experiência fez toda a diferença: aprendi com esses talentosos jovens muita coisa sobre a gestão de um projeto de desenvolvimento de game.

Capacitação
Muito se fala na necessidade do professor inovar suas atividades em sala de aula, mas a verdade é que as redes públicas de ensino não investem seriamente na capacitação de seus profissionais. Certas habilidades técnicas são muito difíceis de se desenvolver sozinho, e a verdade é que o professor mal tem tempo de realizar o  mínimo com turmas superlotadas, com uma carga horária apertada e mal distribuída e cobranças burocráticas absurdas. NÃO é obrigação do professor executar projetos complicados apenas com a cara e a coragem. Cobrar inovação do professor sem oferecer os meios e recursos necessários é apenas uma ótima maneira de transferir responsabilidades - e sabemos que nossos gestores públicos são especialistas nessa área...

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