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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

3ª carta aberta à Sr.ª Cláudia Costin - As manifestações

Cara Sr.ª Secretária,

peço mil desculpas pela demora em escrever mais uma carta. Nos últimos dias estive muito ocupado, envolvido com as atividades de nossa greve - enfim, cumprindo meus deveres de cidadão e educador consciente, preocupado com o futuro da educação em nossa cidade.

Gostaria de compartilhar com a senhora as alegrias que vivi na última quarta-feira, 14 de agosto. Foi um dos dias mais emocionantes de minha vida. Creio que a senhora ficará satisfeita em ler um relato em primeiro mão.

Nos reunimos para a assembleia no Largo do Machado e seguimos até o Palácio da Cidade, passando por grandes vias da Zona Sul. Éramos milhares: nossos brados subiam aos céus em uníssono! Fechamos a Praia de Botafogo! Foi lindo demais ver tantos educadores unidos e comprometidos em lutar pela melhoria da educação do povo carioca.

Ainda mais belo foi ver a maneira pela qual fomos recebidos pela população. Aplaudidos por famílias debruçadas nas janelas dos prédios, banhados em gloriosa chuva de papel picado! Aclamados por trabalhadores, desde humildes pedreiros aos engravatados profissionais dos prédios empresariais!

Foi lindo ver estudantes de escolas particulares de elite sensibilizados com nossa luta, exibindo adesivos de "Educação em greve". Foi lindo ver comerciantes e comerciários reabrindo as portas de suas lojas em solidariedade. Foi lindo ver o discreto apoio de alguns Policiais Militares e Guardas Municipais em sorrisos, acenos, cumprimentos e apertos de mão.

Foi um momento histórico na trajetória da educação pública em nossa cidade. Como disse uma colega minha, a Prof.ª Thalita Maia, daqui a trinta anos contaremos a nossos filhos que ali estivemos, que em agosto de 2013 milhares de educadores cariocas foram às ruas por uma justíssima causa.

O povo do Rio de Janeiro está conosco.

Mesmo a grande mídia, com todos os seus graves problemas, tem dado espaço ao movimento: nossa greve não será esquecida ou varrida para baixo do tapete.

Justamente por isso, creio que a atitude mais democrática por parte do governo seria atender aos professores e aos milhares que nos apoiam, promovendo uma negociação horizontal com nossos representantes - ao contrário do que tem acontecido nos últimos dias. A senhora não concorda?

Por sinal, devo confessar que suas atitudes em relação ao movimento grevista têm me deixado bastante decepcionado.

Em primeiro lugar, só tenho visto o prefeito e a Casa Civil se pronunciando a respeito da greve perante a mídia. Não vi a senhora conceder uma entrevista, publicar uma notinha... nada. Me parece uma omissão bastante grave. Creio que nesse momento seria imprescindível que a senhora estivesse presente e se manifestasse. Por acaso a senhora também tem sido reprimida em seu direito de expressão, por parte do prefeito? Caso isso aconteça, conte conosco. Sou um defensor incondicional da democracia e do direito à expressão de absolutamente todos, incluindo os governantes.

Contudo, acompanhando suas postagens no Twitter, devo confessar que me sinto realmente incomodado. Me perdoe a franqueza, mas acho simplesmente lamentável ver uma secretária de Educação usando táticas tão baixas de intimidação aos seus servidores, com veladas ameaças de corte de ponto e outras práticas para instilar o medo nos grevistas. Ao menos a senhora teve a dignidade de tranquilizar os servidores em estágio probatório e aqueles que fazem dupla regência.

Com toda sinceridade, tal atitude me parece lastimável por parte de alguém que se encontra à frente de um órgão de Estado cuja função precípua é a formação de cidadãos e incentivá-los ao exercício da democracia. A senhora, entre todos secretários, deveria dar o exemplo do que é agir democraticamente. Espero que minha ponderação surta algum efeito e a senhora possa se conscientizar, mudando sua conduta nos próximos dias. Nunca é tarde demais para corrigir equívocos.

Na terça-feira estaremos à sua porta e esperamos ser muito bem recebidos, como merecemos.

Por sinal, tomo a liberdade de lhe oferecer um conselho. A senhora se encontra diante de uma escolha decisiva, que pesará sobre a memória de sua gestão no futuro. Poderá ser lembrada como aquela que, num momento crucial, agiu sabiamente e resolveu dialogar com os profissionais da educação, procurando encontrar juntos os rumos de um futuro melhor para a maior secretaria municipal de educação da América Latina. Ou poderá ser simplesmente esquecida como mais uma no rol dos administradores municipais que se fizeram surdos à voz dos educadores. Tenho certeza de que a senhora pensará nisso com carinho.

Cordialmente,
Prof. Luiz F. F. Tavares

Um comentário:

Rosiane disse...

Linda carta!