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sábado, 24 de setembro de 2011

Leituras - "Sócrates, Jesus, Buda" de Frédéric Lenoir

Fascinante, um dos melhores livros que li neste ano. Interessantíssimo para pessoas de qualquer religião ou falta dela. O livro traça um estudo comparativo entre a vida e o pensamento desses três personagens, sob os mais diversos aspectos, apontando suas convergências, diferenças e complementaridades.

Com grande habilidade, o autor discute criticamente as fontes sobre a trajetória dos três, de forma impecável, além de esboçar as diversas interpretações elaboradas sobre os personagens ao longo dos séculos, em diversas tradições filosóficas e teológicas diferentes. Também os contextualiza historicamente de modo muito rico e esclarecedor, demonstrando as relações entre seus ensinamentos e ações e as dimensões políticas, econômicas e culturais do mundo em que viviam.

É importante destacar que o autor não se preocupa em determinar "verdades" religiosas a partir do pensamento de Buda, Sócrates ou Jesus; sua proposta é principalmente a de realizar um passeio filosófico entre o pensamento dessas três grandes figuras. Lenoir vence inúmeros desafios, elaborando uma obra que é ao mesmo tempo historicamente precisa, filosoficamente profunda, desprovida de preconceitos e temperada com grande sensibilidade.

"Sócrates, Jesus, Buda" está disponível em português em edição da Objetiva.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Tintin - História em quadrinhos

Doze anos atrás li meu primeiro álbum de Tintin, "L`Oreille Cassée", comprado na Bienal de 1999, no stand da Livraria Francesa. Paixão imediata, nos dois anos seguintes realizei o tour de force de comprar a coleção inteira, com seus 23 álbuns, todos importados da Bélgica, com minha parca mesada, em heróica batalha contra o Euro galopante em sua sinistra ascensão. Dois anos de agonizante espera, de dois meses por cada encomenda...

Mas quem é, afinal, Tintin? Com o perdão dos trocadilhos, um dos personagens mais interessantes da História dos quadrinhos, cujas histórias misturam elementos de aventura, suspense, crítica e comédia. Criado em 1929 pelo belga Hergé, Tintin é um curioso "jornalista" que aparece exercendo o ofício em apenas duas de suas aventuras. De fato, o autor afirmaria em entrevista que a profissão era apenas pretexto; na verdade, Tintin era um cavaleiro errante... Aliás, esse é apenas um dos mistérios em torno do personagem, cujo nome verdadeiro ("Tintin" é apenas apelido), local de nascimento, idade, passado, etc nunca são mencionados. O próprio Hergé falaria sobre essa proposital falta de "concretude" de sua criatura. Com efeito, Tintin é tanto mais vibrante porque ideal, um personagem tão vago que literalmente qualquer um pode se identificar com ele.

Por que falar de Tintin num blog sobre História? Bem, por que suas aventuras são uma janela muito especial para a História do século XX. Publicadas entre 1929 e 1976, as histórias levam Tintin ao redor do mundo, nos cinco continentes, passando por países reais e fictícios, como a Sildávia, a Bordúria, San Teodoros, Nuevo Rico, Khemed, entre muitos outros. Boa parte dessas narrativas envolve Tintin em misteriosas tramas que retratam situação políticas e econômicas internacionais importantes desse período. Citando apenas alguns exemplos, "L`Affaire Tournesol" aborda de forma muito curiosa a Guerra Fria e a corrida armamentista; "Au pays de l`or noir" trata da questão do petróleo nos anos 70; "Tintin et les Picaros" trata de modo contundente das ditaduras militares na América Latina. É importante observar, todavia, que muitas vezes essa abordagem se dá de modo estilizado, quase histriônico, mas sempre inteligente.

Ainda mais interessante é observar a evolução das concepções políticas de Hergé. Nos três primeiros álbuns da série, o autor é francamente anti-comunista ("Tintin au pays des soviets"), entusiasticamente colonialista ("Tintin au Congo") ou simplesmente pouco crítico ("Tintin en Amérique"). A grande virada teria lugar em meados dos anos 30, quando a amizade com o chinês Tchang Tchong-Jen, estudante de artes em Bruxelas, o levaria a questionar muitos de seus (pre)conceitos. A partir daí as histórias seriam cada vez mais críticas em relação à atuação política dos europeus no mundo, aos problemas da sociedade capitalista e até, em "Tintin au Tibet", ao racionalismo cientificista ocidental.

Além disso, as aventuras de Tintin são um espetáculo gráfico, uma verdadeira enciclopédia visual do século XX. Hergé tinha grande preocupação com a pesquisa iconográfica, e seus colaboradores percorriam não apenas arquivos e bibliotecas, mas partiam mesmo em viagens internacionais para obter material fotográfico de referência, tornando os livros visualmente riquíssimos.

Enfim, as aventuras de Tintin constituem um universo vastíssimo, impossível de esgotar em poucas horas ou linhas. Só há uma solução: ler tudo! Quem lê em francês poderá se deliciar com as edições originais da Casterman, gastando alguns bons euros. Uma alternativa cômoda para o bolso ou para quem não lê em francês é a tradução da Companhia das Letras. Procure nas livrarias, mesmo que só para dar uma olhada!

Tintin em Xangai ("Le Lotus Bleu")

A mais bela das aventuras ("Tintin au Tibet")

Um "típico" Carnaval latino ("Tintin et les Picaros")

Tintin em sua época colonialista ("Tintin au Congo")

Tintin e seus amigos

No calor do Marrocos ("Le crabe aux pinces d`or")

sábado, 17 de setembro de 2011

Citando... Ítalo Calvino

"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço."

Ítalo Calvino, em Cidades invisíveis

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Leituras - "Imperialismo ecológico", de Alfred W. Crosby

Depois de algumas semanas de posts "requentados", eis um saído do forno. Li esse livro dois meses atrás, e fiquei muito impressionado pela originalidade da abordagem. Apesar do título parecer um tanto sensacionalista, é um trabalho muito sério.

Resumindo muito sua problemática, a obra discute o impacto ecológico das grandes navegações em diversos ecossistemas ao redor do mundo. Sua análise se concentra principalmente na importância para esse processo do que ele chama "biota portátil", um conjunto de espécies levadas pelos europeus ao redor do mundo, desde seres humanos, animais domésticos, plantas de cultivo e ervas daninhas, vírus e bactérias. Abordando, obviamente, aspectos biológicos, mas também culturais, políticos e econômicos, o autor mergulha profundamente no estudo dessas transformações, arrastando-nos a um passeio através de séculos e continentes, da fria Groenlândia dos vikings à exótica Nova Zelândia dos maori, passando pelas planícies e montanhas da América do Norte, pelos pampas sul-americanos, pela longínqua Austrália e muitos outros lugares.

Deve ser destacado seu trabalho com as fontes, ao mesmo tempo sólido e sutil, numa pesquisa ancorada aos mais inesperados vestígios encontrados em documentos oficiais, relatos de viagem, memórias, folclore. Em momentos, a partir de breves passagens em um relato, Crosby extrai curiosos indícios sobre as transformações da vegetação, ou de observações sobre testamentos de uma região infere perspicazmente sobre a situação da fauna local em determinada época. Trabalho de mestre.

Por fim, mas não menos importante, o livro fascina pela prosa agradabilíssima, elegante e bem-humorada. A suposta aridez do tema, que outros autores provavelmente teriam abordado de forma soporífera e cansativa, sob a pluma de Crosby ganha dimensões extremamente humanas e envolventes, através das inúmeras referências literárias, divagações curiosas, anedotas ilustrativas e uma aguda percepção do cotidiano, dimensionando de modo palpável essas titânicas mudanças que são o tema central do livro.

Obviamente discordo de algumas conclusões do autor, que me pareceram um tanto apressadas e de certa reificação de alguns temas, aliás, perfeitamente cabíveis em se tratando de uma abordagem pioneira como essa, que não teve muitos seguidores, apesar de publicada pela primeira vez há quase trinta anos.

O livro é publicado no Brasil pela Companhia das Letras, na coleção Companhia de Bolso.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Consumerismo

(Originalmente publicado em meu blog A rota para o poente, em 03/02/2010; inclui pequenas alterações)

Estive lendo recentemente sobre o conceito de "consumerismo", mais uma novidade pós-moderna. Não à toa, conheci a ideia através de um artigo escrito por uma publicitária, cujo nome tenho a sorte de não lembrar. Mas afinal, que vem a ser consumerismo?

Segundo a autora, é o modo de atuação social característico do homem pós-moderno. Enquanto o homem da modernidade seria movido pelas "utopias revolucionárias",o indivíduo da pós-modernidade age de modo mais cool, praticando o consumo consciente, a saber, comprando apenas produtos que não agridam ao meio-ambiente, produzidos por empresas com responsabilidade social etc. Ou seja, alguém que age de modo consumerista, não consumista...

Me espanta primeiramente a passividade desse paradigma de indivíduo. No fim das contas, que tipo de mudança social pode-se visar através do dito consumerismo? Que as corporações ajam do modo que lhes convenha, restando-nos meramente a opção de exercer alguma pressão sobre elas através das nossas compras. O homem deixa de ser cidadão para tornar-se mero consumidor. Pior ainda, a (suposta) capacidade de decisão do indivíduo passa a ser medida segundo seu poder aquisitivo.

Mas o comodismo dessa proposta incomoda-me mais que sua passividade. Afinal, as "utopias revolucionárias" da modernidade exigiam demais do indivíduo, não? O sujeito já tem tanta coisa para fazer e ainda precisa se cansar atuando politicamente de alguma forma? A alternativa pós-moderna é muito mais interessante: o cidadão pode fazer política no super-mercado ou no shopping-center...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Fotos do lançamento de "Da Guanabara ao Sena"

Aí vão as fotos do lançamento do livro, na Bienal, com o stand "Ilha das Letras de Niterói", e do bate-papo com o autor. Se forem à Bienal, não deixem de procurar pelo livro nesse mesmo stand ou no stand coletivo da ABEU (Associação Brasileira de Editoras Universitárias)!