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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

As militâncias, digitais ou não, são as piores inimigas de qualquer projeto político sério com viés "de esquerda". Essa galera brinca de ser "politizada". E política não é brincadeira e nem coisa de criança.

Armar ou desarmar?

Estimado cidadão,

lembra de todas aquelas vezes em que você disse que o maior problema do Brasil é a "falta de caráter" do povo brasileiro?

Agora, imagine centenas, milhares, talvez milhões de pessoas irresponsáveis e "sem caráter" com facilidade para adquirir armas e munições. Imagine algumas daquelas pessoas que furam filas, jogam lixo na rua, conduzem carros alcoolizadas, oferecem cervejinha ao guarda, avançam sinais, fazem gato de eletricidade, dirigem com habilitação falsa ou vencida, "roubam" wi-fi do vizinho, dobram esquinas sem usar a seta, perturbam a vizinhança com som alto de madrugada... com uma pistola na mão.

Gostaria de lhe fazer algumas perguntas: você se sentiria mais seguro sabendo que algumas dessas pessoas estão armadas? Você acredita que a maioria dos brasileiros portadores de armas fará regularmente a manutenção adequada de sua arma ou treinará com a regularidade necessária para manuseá-la com a devida segurança? Dizem que armas não matam, quem mata é aquele que puxa o gatilho - em parte isso é verdade, mas você acha que a maioria dos brasileiros é suficientemente sensata para ter um gatilho ao alcance do dedo?

Eu imagino algumas respostas para essas perguntas - e você?

Cordialmente,
Um cidadão preocupado

Alma e arma

Mais vale ser um cidadão desarmado que um cidadão desalmado - pois há quem perca a alma para salvar a vida...


Aflição e consolação

Aflição
Sempre fico impressionado quando vejo gente orgulhosa da própria ignorância. A essa altura da vida já devia ter me acostumado, mas não consigo. Sófocles estava enganado: Édipo não arrancou os próprios olhos por ter cometido parricídio e incesto. Nada disso - o pobre rei de Tebas deve ter apenas lido comentários na Internet. Melhor ser cego que ler certas coisas... Tragam logo as armas nucleares, que a humanidade já viveu mais do que precisava.

Consolação
Na hora de minha tribulação, olhei para o céu e vi a luz das estrelas. As luzes que atravessam os céus e formam pontos luminosos em minha retina viajaram distâncias imensas para chegar até aqui. Muitas delas partiram de suas estrelas originárias muito antes do meu nascimento, do nascimento de minha mãe ou até daquele de minha bisavó. Há mais de um século, enquanto meus ancestrais vinham para o Novo Mundo, algumas delas já atravessavam o espaço. Cruzavam os céus enquanto Colombo cruzava o Atlântico. Partiram antes de Carlos Magno, foram contemporâneas de faraós. Impérios se ergueram e impérios caíram enquanto essas luzes viajavam, incessantemente. Cada instante em que elas brilham no fundo de meus olhos é resultado de séculos, milênios e milênios de milênios. As estrelas são nada, e eu sou menos que nada. Sou apenas um rude primata contemplando estrelas.


Por que votar em Marina?

Tenho pouca simpatia pela Marina e nenhuma simpatia pela Rede - partido e candidata me parecem demasiado escorregadios. Ainda assim, após longa indecisão, pretendo votar nela no primeiro turno. 

Em linhas gerais, gosto mais das propostas do Ciro, mas meras palavras não valem grande coisa, especialmente vindo de raposa velha. Além disso, e mais importante, considero que Marina tem chances mais sólidas de vencer Bolsonaro no segundo turno. Também penso que é a candidata com mais chances de, num eventual mandato, reduzir a intensidade da insustentável polarização ideológica que hoje rasga o Brasil - talvez Marina tenha o temperamento ideal para governar o Brasil nesse momento delicado. 

Ponderando conjuntamente propostas, carreira, prospectos para o segundo turno e para o exercício do mandato, Marina me parece a menos pior das candidatas nesse trem-fantasma eleitoral. Nas atuais condições, isso me basta. 

Que seja, voto em Marina no primeiro turno.


quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O pior tirano

Interessante reflexão de C.S. Lewis, no ensaio A teoria humanitária da punição:

De todas as tiranias. talvez a pior e mais opressora seja aquela exercida pelo bem de suas vítimas. Pode ser melhor viver sob barões que roubam do que sob déspotas morais onipotentes. A crueldade do barão que rouba pode dormir às vezes, a cobiça pode ser saciada a certa altura; no caso dos que nos atormentam para nosso próprio bem, entretanto, o tormento não tem fim, pois eles agem com a aprovação da própria consciência. Podem ser candidatos mais prováveis para o Céu, e ao mesmo tempo os mais prováveis para fazerem deste mundo o Inferno. Até a bondade deles tem um toque de insulto intolerável.

Auto-de-fé em Madri, século XVIII: queimando corpos pela salvação das almas...

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Monumento à Ternura

O ser humano é uma criatura miserável, sabemos bem. Nem é necessário consultar o noticiário policial ou as páginas mais sombrias da história humana: um pouco de introspecção basta para constatar as trevas que habitam em nós.

No entanto, felizmente, somos mais que isso.

Há poucos meses uma simpática cadelinha de rua começou a frequentar uma das escolas onde trabalho. Com o desembaraço típico dos cães, logo fez amizade com os seguranças da escola. Em pouco tempo apareceram vasilhas com água e ração.

Algum tempo depois apareceu uma amiguinha que, sem nenhuma timidez, também foi se instalando. A qualquer hora do dia é possível encontrá-las rondando a guarita de entrada da escola.

Hoje, retornando do almoço, eis que encontro uma singela casinha, improvisada com um caixote, papelão, um pedaço de lona e algum bocado de ternura. Um humilde abrigo para horas de frio, chuva ou solidão.



Em seus momentos mais terríveis, o ser humano ofende, agride, fere, mata, estupra, tortura. Por outro lado, em suas horas mais felizes, ele cuida, alimenta, acolhe, consola, presenteia, abraça. Pode tomar violentamente, mas também pode oferecer gratuitamente.

Estranho ser de fúria e dádiva, metade fera, metade anjo, quem compreenderá o bicho-homem?

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

É terrível cuspir no prato onde se comeu. Ainda mais asqueroso é comer no prato onde se cuspiu. Infelizmente nossos políticos costumam fazer ambas as coisas com constrangedora frequência...


Alquimia Política

Lendo aqui um texto acadêmico dos anos 90 com viés nitidamente petista percebo quanto mudaram: a escrita acadêmica; o PT; o discurso petista; not least, o próprio discurso acadêmico de viés petista. Tudo se transforma.


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

A esquerda costuma ser muito incompetente na captatio benevolentia, que os oradores romanos consideravam parte essencial de um bom discurso... E, de oratória, aquele povo entendia!

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Quando superabundam os santos-do-pau-oco, fazem-se mais que necessários os advogados do Diabo...

domingo, 12 de agosto de 2018

Esvaziando Bolsonaro

Hoje [10/08] peguei um taxista eleitor de Bolsonaro. "A gente precisa de alguém que bote ordem nesse país" - disse ele.

Nesse momento eu poderia ter entrado em acalorado debate, atacando o candidato de um ponto de vista ideológico, rotulando-o como fascista e similares. O taxista provavelmente sairia ainda mais convicto de seu voto. Optei por outra via, afirmando calmamente que vejo Bolsonaro como a pior opção nestas eleições presidenciais. "Por quê?"

Comecei então a analisar detalhes da carreira do presidenciável, enfatizando suas inconsistências e incongruências. Toda minha linha de argumentação caminhava no sentido de simplesmente esvaziar o BolsoMITO, "desencantado-o", apresentando-o como o reles político carreirista e oportunista que ele de fato é. Em lugar de causar rejeição, minhas ponderações despertaram curiosidade, e seguimos dialogando cordialmente.

Lá pelas tantas, presos na Linha Amarela, mudamos de assunto. Mais adiante, contudo, fui surpreendido: "Me fala mais aí dessas coisas que você tava me contando sobre o Bolsonaro", pediu ele. Retornamos ao assunto. Em dado momento, ele fez um curioso e significativo comentário: "Eu não conhecia esses detalhes todos sobre ele, não..."

Aí temos uma questão relevante: boa parte do potencial eleitorado do Bolsonaro não sabe quem ele realmente é; apresentá-los ao "verdadeiro" Bolsonaro pode ser mais eficaz que fazer sibilinas críticas ideológicas que, para a maior parte do eleitorado brasileiro, não passam de ininteligível blablabla.

Continuamos conversando sobre política, desta vez sobre eleições passadas. Novas surpresas. Ele me disse que gostou muito dos governos de Lula. Em 2010 votou em Dilma, esperando que o novo mandato fosse tão bom quanto os anteriores. Decepcionado, anulou em 2014, pois jamais votaria no Aécio "traficante" [sic]. Essa anamnese eleitoral mostra claramente que não se trata de um cidadão com grande consistência ideológica, mas tampouco corresponde ao estereótipo de fanático fascistoide de extrema-direita que tentam aplicar indiscriminadamente a todos os eleitores do candidato. O fenômeno Bolsonaro é muito mais complexo do que isso.

Em momento algum de nossa demorada (e cara) viagem sustentei a vã intenção de convencê-lo a não votar em Bolsonaro pela simples força de meus argumentos, o que provavelmente só o deixaria mais firme em sua resolução. Por sinal, sinto pouca inclinação a manipular a consciência alheia. Me limitei a plantar as sementes da dúvida, conseguindo, com muita paciência, abalar suas convicções acerca do candidato. Já considero isso uma pequena vitória.

Talvez ele acabe mesmo votando em Bolsonaro (é um direito dele, inclusive). No entanto, ele saiu de nossa conversa melhor informado sobre seu candidato, e isso talvez abra espaço para que ele repense seu posicionamento. Essa, evidentemente, é uma decisão que cabe somente a ele, durante os próximos meses.

Concluindo, HÁ espaço para dialogar com os eleitores de Bolsonaro - ao menos com alguns deles. Em suma, me parece que a melhor estratégia para manter Bolsonaro longe do poder seja esvaziar serenamente o "mito", e não combate-lo ardorosamente. A primeira atitude tende a abalar seu pedestal, enquanto a outra tende a consolida-lo. Gritando contra Bolsonaro, emprestamos-lhe legitimidade; por outro lado, nada melhor para expor um louco que deixa-lo berrar sozinho. Não precisamos permanecer calados, mas não podemos ceder à gritaria...


quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Se cada um fizer sua parte... a situação do Brasil continuará péssima. Cada um de nós precisa fazer pelo menos um pouco mais que sua parte, para que tudo fique um pouquinho menos pior...

domingo, 5 de agosto de 2018

Nada a estranhar

Lúcida constatação do historiador Roger Marques

Acho curioso certas pessoas estarem chocadas com a popularidade de candidatos estúpidos. Há décadas que as pessoas mais imbecis e desprezíveis são as que mais fazem sucesso no Brasil. Há décadas que infelizes sem talento são campeões de audiência e vendas de discos. Há décadas que mercenário(a)$ prostituto(a)$ de fama fútil são os modelos de comportamento. O brasileiro, no geral, com diploma ou sem diploma, com dinheiro ou sem dinheiro, não tem nenhum senso crítico, não tem memória e nem padrões de referência.

O jenial Jair Bolsonaro com o multitalentoso modelo, ator pornô e influenciador digital Alexandre Frota.

Equilíbrio como caminho

Reflexão do historiador Roger Marques

Equilíbrio é o melhor caminho. A maior parte das pessoas sente-se mais forte e segura quando aliada a grupos. Os grupos tendem a se isolar e se acham donos da verdade. A ilusão da verdade cria os fanatismos. O indivíduo equilibrado e centrado é atacado e incompreendido pelos que estão na esquerda, pelos que estão na direita e pelos que estão no fundo do poço.

Capitalismo e desencanto

Mais uma do filósofo Thales de Oliveira

A marca distintiva do capitalismo não é a desigualdade. Até porque o feudalismo e o socialismo também a produziram e de um modo ainda mais opressivo e insano. A verdadeira marca do capitalismo é o desencanto. Ao transformar tudo em mercadoria, o capitalismo mata o fascínio e o mistério de todas as coisas. Esse é o dilema da espécie humana: o único sistema que ela comporta sem utopias é aquele que destrói a sua própria humanidade. É aquele onde até mesmo a religião, o sexo, a amizade, as crianças e as coisas mais puras são totalmente negociáveis.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018