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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Queridos amigos, 2019 começa pouco promissor. Nossa jovem democracia passará por duros testes nos próximos 4 anos, como navio que atravessa longa tempestade. As condições de nosso navio-república para tal travessia não são as melhores - mas poderiam ser piores, bem piores. Cabe a cada um de nós fazer o possível e o impossível para evitar o naufrágio. O desafio é grande, mas o dever nos convida a perseverar com coragem e esperança. O fantasma da tirania nos ronda, mas não sucumbamos ao desespero. Que a tirania nos cerque de fora, mas não brote de nossos próprios corações. Que o medo não nos cale nem nos imobilize. Sejamos vigilantes, cautelosos e lúcidos a cada passo, evitando as armadilhas de ódio e intolerância dentro e fora de nós mesmos; principalmente dentro de nós mesmos. Que 2019 nos encontre à altura de seus desafios. Grande e republicano abraço a todos!
Cada República tem o Palpatine que merece.
Feliz 2019! Que em 2022 haja "Uma Nova Esperança"... May the Force be with us!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Explicadinho



-Isso são horas? Onde o senhor estava?

-Depois eu respondo isso, por favor.

-E esse batom na cueca?

-Sobre isso eu vou falar com o MP.

-Ok, estou convencida. Está tudo explicado. Mas o PT?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Caso encerrado?

É o cúmulo da ingenuidade dizer que o "Caso Queiroz" está resolvido depois de uma breve entrevista onde não foram especificados valores nem apresentados documentos de qualquer espécie. Tal expressão de alívio dos eleitores de Bolsonaro parece demasiadamente precoce: ainda há muito que esclarecer e muitas inconsistências por elucidar. Até aqui, as explicações apresentadas são bem menos que satisfatórias. Percebe-se que os bolsonaristas seguem o mesmo caminho outrora trilhado pelos lulistas. Assim como Lula, os Bolsonaros serão inocentes mesmo que se prove em contrário. Toda idolatria conduz à cegueira...

As mulheres de chifres

Um conto folclórico irlandês, adaptado para meus alunos cariocas:


Uma rica mulher estava sentada, tarde da noite, cardando e preparando a lã, enquanto toda a família e os criados dormiam. Ouviu uma batida na porta, e uma voz chamou: “Abra! Abra!” – “Quem está aí?”, disse a dona da casa. “Eu sou a Feiticeira de um Chifre”, foi a resposta. A dona da casa abriu a porta, e uma mulher entrou, levando nas mãos um par de cardadores de lã e tendo na testa um chifre. Sentou-se junto ao fogo e começou a cardar a lã com violenta pressa.

Então se ouviu uma segunda batida na porta, e uma voz chamou, como antes: “Abra! Abra!” A dona da casa abriu a porta, e imediatamente outra feiticeira entrou, com dois chifres na testa e uma roca de fiar lã nas mãos. “Eu sou a feiticeira dos dois chifres”, disse ela, e começou a fiar veloz como um raio. E assim as batidas na porta prosseguiram e as feiticeiras iam entrando, até que finalmente havia doze mulheres cantando e tecendo lã ao redor da lareira, a primeira com um chifre e a última com doze.

Era estranho de se ouvir e assustador de se ver essas doze mulheres, com seus chifres e suas rocas. A dona da casa quase desmaiou, tentou levantar-se para chamar ajuda, mas não conseguiu se mover nem pronunciar uma palavra, pois as feiticeiras haviam-na enfeitiçado.

Então uma delas a chamou e disse: “Levante-se, mulher, e faça um bolo para nós”. Ela foi até o poço buscar água, mas uma voz lhe disse “Volte para casa e grite: ‘A montanha das mulheres fenianas está pegando fogo!” Foi o que ela fez. Quando as feiticeiras ouviram o grito, correram para fora soltando gritos estridentes e fugiram para Slievenamon, sua morada.

Mas o Espírito do Poço pediu à dona da casa que entrasse e preparasse a casa contra os feitiços das bruxas, caso elas voltassem. Para romper o encantamento, ela borrifou a porta da casa com a água na qual lavara os pés de seu filho. Depois, pegou um bolo que as feiticeiras haviam feito com sangue e farinha em sua ausência, cortou-o e colocou um pedaço na boca de cada um dos adormecidos, e eles recuperaram a saúde. Então pegou o pano que elas haviam tecido e trancou com cadeado num baú e, finalmente, travou a porta com uma grande tranca presa aos batentes, para que as bruxas não pudessem entrar. Ao terminar de fazer essas coisas, ficou aguardando. Não demorou muito para que as feiticeiras voltassem, com muita raiva, pedindo vingança.

“Abra, abra, água de lava pés!”, gritaram. “Não posso, estou toda esparramada pelo chão”, disse a água.

“Abram, abram, madeira, árvores e tramela!”, gritaram elas para a porta. “Não posso, a tranca está pregada e não tenho força para movê-la”, disse a porta.

“Abra, abra, bolo que fizemos e misturamos com sangue!”, gritaram elas de novo. “Não posso, estou quebrado e macerado, e meu sangue está nos lábios das crianças adormecidas”, respondeu o bolo.

Então as feiticeiras voaram pelos ares dando gritos estridentes, e fugiram para Slievenamon, lançando estranhas maldições ao Espírito do Poço que desejara sua destruição. A mulher e a casa foram deixadas em paz, e um xale perdido por uma das feiticeiras em sua fuga foi guardado pela dona da casa como lembrança daquela noite; esse xale permaneceu na mesma família, passando de geração em geração, durante mais de quinhentos anos.

Adaptado de Joseph JACOBS. Contos de fadas celtas. Tietê: Landy, 2002.

Francisco de Goya, O Sabá das Bruxas (1821-23)



sábado, 22 de dezembro de 2018

"Apertem os cintos, o motorista sumiu! "
Imperdível neo-chanchada brasileira. Melhor que Mazzaropi.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O coração comido

Um conto medieval adaptado para meus jovens alunos:

Pam, pam, pam... Batidas insistentes abalavam a porta do meu quarto. “Frei Adalbert, abra! Depressa! Oh, meu Deus!” Quando abri a porta, uma mulher assustada entrou no quarto. Me puxou pela manga; percebendo a gravidade da situação, a segui até o pátio iluminado pelas tochas. As pessoas formavam um semicírculo em volta de um corpo. Uma velhinha rezava, ajoelhada. Quando cheguei, a aglomeração se dispersou. Senti um aperto no peito quando olhei para o corpo inanimado. A moça estava deitada, imóvel, no chão. Apesar do sangue que manchava os cabelos, Béatrice ainda era bonita.

Lembrei-me de nossos primeiro encontro, 7 meses antes. Eu havia sido mando por meu superior ao senhor Giraud de Valgaillard para completar a educação de sua filha Béatrice. O barão ambicionava elevar o nome da família, casando-a com o melhor partido possível, nas cortes da França ou da Inglaterra.

Voltei a mim. Um guarda me relatava: "Ela saiu correndo pelas galerias superiores; depois, sem um grito, jogou-se no vazio. Não pude fazer nada”. Por pouco não desmaiei. Por que motivo Béatrice decidiu pôr fim a seus dias? Esse pensamento me revoltava. “Onde está o senhor Giraud? Por que não está aqui?”, exclamei, sacudindo o rapaz. “Ele se trancou em seus aposentos... Ninguém tem coragem de perturbá-lo...”

Pedi que levassem a defunta para seu leito e mandei que a lavassem. Notei a ausência de um anel de esmeralda do qual ela nunca se separava. Examinei atentamente suas mãos e descobri debaixo das unhas fragmentos de carne e um fio púrpura que não provinha da sua roupa. Tudo aquilo era estranho, muito estranho: concluí que a morte da minha aluna ocultava um terrível segredo. Prometi-me descobri-lo.

Desci a escada que levava à grande sala senhorial. A porta estava aberta. A sala estava como a deixáramos desde o jantar. Uma poltrona derrubada quebrava a bela ordem do lugar. Inspecionei cada canto, cada móvel, começando pela mesa. Fora posta para três convidados, mas somente duas taças haviam sido utilizadas – a do senhor e de sua filha. Béatrice e seu pai teriam esperado em vão uma visita? Outro detalhe me perturbava: uma só fatia de pão estava embebida de molho – um molho igual ao que eu tinha encontrado na túnica da morta. No chão, perto da poltrona derrubada, notei sinais de vômito. Debaixo da mesa, descobri o anel de esmeralda perdido.

Pensei na dama de companhia de Béatrice: Agnès. Será que ela sabia de alguma coisa? Na manhã seguinte, fui conversar com Agnès, que tinha os olhos inchados de tanto chorar. Era evidente que ela não queria falar comigo. Mostrei-lhe a joia: “Agnès, reconhece este anel?” Ela desmaiou em meus braços! Quando voltou a si, começou a chorar, agitada: “Santa Mãe misericordiosa! O anel de... Eu sabia que aquilo acabaria mal...” Eu disse a ela: “Vamos, minha filha... Você tem que se controlar e contar-me tudo que sabe. Preciso saber a verdade.”

Com uma voz frouxa, ela revelou-me que Béatrice conhecera pouco tempo antes um rapaz, trovador, nobre, mas sem dinheiro. Seus versos impressionaram muito Béatrice, seu encanto a conquistou: a moça ficou loucamente apaixonada. Nas semanas que se seguiram, encontraram-se às escondidas. Para selar um amor eterno, Béatrice deu ao jovem cavalheiro seu precioso anel de esmeralda. Mas o barão, que não tinha nada de bobo, ficou a par dos encontros. O barão e seus guardas espancaram o rapaz na frente de Béatrice e depois o arrastaram para fora. “Por que não me contou nada?”, perguntei-lhe. “Eu estava aterrorizada... O barão é um homem violento. Eu não tive coragem...”

Tentei reconstruir os últimos instantes de Béatrice. Na última ceia, feita em companhia de seu pai, ela parece ter perdido toda esperança de rever o amado. Uma ideia teimava na minha cabeça: o barão não era homem de deixar viva uma pessoa capaz de arruinar seus projetos matrimoniais.

Entrei escondido no quarto do barão, onde descobri uma porta oculta atrás de uma tapeçaria. Uma escada de pedra mergulhava nas trevas; reinava um silêncio mortal. Acendi uma tocha e desci. Tinha a impressão de entrar num túmulo. Encontrei um longo e estreito corredor de pedra úmido e mofado. No fundo, percebi uma forma encostada na parede, sentada, imóvel, silenciosa: um corpo banhado numa poça de sangue. Tinha um enorme buraco no lado esquerdo do peito. Tinham arrancado seu coração! No chão, havia uma viola e um pergaminho de poemas rasgado. A verdade revelou-se, terrível: eu havia encontrado o namorado de Béatrice! Subi correndo, saindo no quarto do barão. Nesse instante, uma voz sonora me fez estremecer: “Ora, vejam só, frei Adalbert! Visitando o castelo, irmão?” Giraud de Valgaillard me encarava. Percebi minha imprudência. Fiquei petrificado, imóvel. Passado o primeiro instante de espanto, recobrando o controle, encarei-o e acusei: “Eu sei de TUDO, senhor Giraud! O senhor é um ASSASSINO!”

“Bravo, frei Adalbert! Chegou na hora certa. Eu queria mesmo me confessar... Frei Adalbert, confesse-me! O senhor não pode recusar...” Impotente, sentei-me diante dele, pronto para ouvir a longa lista dos seus pecados.

“O senhor certamente sabe que um fazedor de versos seduziu minha querida filha. O amor é cego e imprudente... Será que acreditavam mesmo que sua paixão nunca seria descoberta? Que eu permitiria um casamento tão descabido? Anteontem, peguei em flagrante os dois pombinhos e mandei meus homens levarem o rapaz para os subterrâneos do castelo. Matei-o e, com minhas próprias mãos, arranquei-lhe o coração. Ontem, fui ver minha filha em seu quarto; disse a ela que os havia perdoado, e que naquela mesma noite os receberia em um jantar. Enquanto os preparativos do banquete iam de vento em popa, chamei no canto meu cozinheiro e entreguei-lhe o coração do moço, para fazer um prato saboroso, digno de uma rainha. Na hora do jantar, Béatrice espantou-se ao não ver o amado. Eu disse que ele estava atrasado e logo chegaria. De ótimo humor, minha filha provou um pouco de cada prato. Adorou o coração ensopado, que repetiu até acabar o prato. Esquecendo-se das boas maneiras, lambeu os dedos úmidos de molho, e disse: ‘Pai, que delícia estava essa carne!’, então respondi: ‘Não me espanta que tenha apreciado esse prato. Você não podia deixar de saborear, assado e temperado, o que você adorava vivo e palpitante. Minha filha, esta carne que tanto lhe agradou, outra coisa não era que o coração do seu namorado. O lindo coração lhe serviu de alimento. Aqui está a prova do que digo: o anel que tirei do cadáver do seu trovador. Ó delícias do amor!’ Ela se curvou para o chão e vomitou. Depois, enfurecida, precipitou-se sobre mim, unhas à mostra. Uma saraivada de socos e arranhões se abateu sobre meu rosto e meu peito, mas continuei a zombar: ‘Ele não queria lhe dar o coração? O desejo dele foi satisfeito! Melhor ele não podia esperar. Agora vocês estão reunidos. Você consumiu o seu amor. Devorou-o com apetite!’ De repente, ela se acalmou; seus punhos pararam de me bater. Presa do delírio, fugiu da sala, correu para as galerias superiores e atirou-se no vazio. Morreu louca e amaldiçoada. Pronto! Agora o senhor sabe de toda a história, frei Adalbert. Mas para que servirá saber, se não pode contar nada a ninguém? O segredo da confissão condena o senhor ao silêncio. Quem irá cobrar por meus atos?”

Nenhuma palavra de arrependimento, nenhum remorso saiu dos lábios do senhor Giraud. Ele até se orgulhava do seu feito! Apavorado, fugi do castelo, deixando o barão impune.

Dez anos se passaram desde esses terríveis acontecimentos. Soube recentemente que o Senhor Giraud de Valgaillard multiplicara suas peregrinações, antes de morrer combatendo na oitava cruzada. Ele teria entrado no corpo a corpo berrando como um possesso: “Béatrice! Deus! Perdão!” Não era um grito de guerra. Eu, Adalbert, frade, sei da falta da qual ele tentava redimir-se, em vão. Que Deus, Nosso Senhor Onipotente, tenha piedade da sua alma!

Adaptado de Gilles MASSARDIER. Contos e lendas da Europa Medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Experimente o game GRATUITO Vila dos Mistérios, produzido por QB Studios Indie -  situado em um vilarejo da Baixa Idade Média, o game narra as aventuras de Frei Umberto e do cão Eco, que precisam desvendar inúmeros crimes e mistérios...

Castelo de Vincennes, Paris. O simpático gorducho à esquerda é o autor deste blog.


O motorista do Bolsonaro abre uma oficina. Qual é o nome do filme?

R: "Laranja Mecânica"
Será que no depoimento de amanhã o MP espreme a laranja ou acaba em pizza?
Pizza combina com laranjada?

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A vergonha é laranja

Nova turnê de acompanhamento nos perfis de amigos bolsonaristas. O motorista ainda não apareceu por lá. O mesmo silêncio, excetuando uma única piada dizendo ser hipocrisia votar no PT e cobrar honestidade do Bolsonaro. Paradoxal. De resto, com poucas exceções, a maioria dessas pessoas se "desinteressou" inteiramente das ações de Bolsonaro e sua claque nas últimas semanas. Não há notícias, memes, nada. Parece que o "Mito" simplesmente se apagou de suas memórias. Vai ver andam laranja, digo, vermelhos de vergonha... Como crianças que abandonam seus brinquedos, aposto que daqui a alguns meses muitos deles até negarão ter votado em 2018. "Político é tudo a mesma coisa, eu anulo sempre". Se (ou quando) tal momento chegar, sentir-me-ei até inclinado a acreditar que realmente havia fraude nas urnas eletrônicas...

sábado, 15 de dezembro de 2018

Mea culpa

Se for verdade o que tem sido dito sobre a pastora Damares ter sido vítima de abuso sexual na infância, retiro minhas piadas sobre sua possível mentira, alucinação ou experiência mística. Na dúvida, me abstenho de julgamento, retiro minhas piadas sobre o assunto e lamento muito que algo assim possa ter ocorrido com ela.

No entanto, o fato de ter sido vítima de abuso na infância não a isenta de críticas em seu cargo ministerial, nem da nefasta mistura de política e religião que a mesma representa. Que as funções de pastora e ministra não se confundam. Do ponto de vista político, especialmente em relação à política indigenista, sigo criticando a maior parte dos posicionamentos até agora avançados pela futura ministra.

Ofereço a ela minha solidariedade enquanto possível vítima de uma terrível experiência de vida, mas me oponho fortemente a seus projetos ministeriais. Uma coisa não exclui a outra.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Hora Sombria

Eis aqui,
Segundo a segundo,
Minuto a minuto,
A hora sombria:
Triste, dura, vazia
Dura séculos ou um dia?
Quem sabe?
Eis a hora sombria

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O silêncio dos bolsonaristas

Por mórbida curiosidade passei um pente fino na timeline de TODOS os meus amigos bolsonaristas no Facebook. Deu um pouco de trabalho. Não encontrei nenhuma - repito, NENHUMA menção ao caso das suspeitas transações financeiras do motorista do clã Bolsonaro. Nenhuma notícia compartilhada, nenhuma argumentação defensiva e, principalmente, nenhum tipo de expressão de cobrança ou ao menos preocupação com o assunto. NADA. Apenas um silêncio sepulcral, retumbante, ensurdecedor. Um silêncio encabulado, talvez. Queria saber onde foi parar toda aquela indignação contra a corrupção e os ardorosos clamores por honestidade... Eram só bravatas?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

índios cercados

As imagens de satélite abaixo ilustram tanto a importância das Terras Indígenas como espaço de proteção ambiental quanto exibem de maneira dramática o assédio às TIs, em alguns casos. Um verdadeiro cerco,  quase no sentido militar da coisa. Fica mais fácil entender porque a manutenção e demarcação adequada das Terras Indígenas incomodam tanta gente, inclusive nos poderes Executivo e Legislativo, em esferas federais e estaduais. O Parque do Xingu, particularmente, parece uma ilha cercada de motosserras por todos os lados... Dizer que essas terras são improdutivas é um gravíssimo equívoco: talvez elas não produzam dinheiro, mas produzem oxigênio, que é muito mais valioso para todos nós que respiramos...










A fragilidade da democracia

A defesa do autoritarismo é relativamente simples e fácil: dentro de certa medida, tal defesa pode lançar mão da força, da violência e tipos diversos de coerção, sem por isso se tornar incoerente. Ocorre o contrário com a defesa coerente da democracia, a qual exige grandeza de espírito, astúcia, generosidade, criatividade, sutileza e muita serenidade.

Defender a democracia com truculência, ainda que apenas verbal, já é ceder ao autoritarismo - até porque o autoritarismo não está apenas "lá fora"; antes de tudo, ele brota de dentro de nós mesmos, especialmente quando nos deixamos dominar pela raiva ou pelo ódio. É triste, mas cada um de nós possui seu próprio "Führer interior" - e é muito perigoso ignorar isso. Quando cedo às minhas próprias tendências autoritárias, já derrotei os valores democráticos dentro de mim mesmo, tornando-me, ainda que involuntariamente, um agente do autoritarismo.

Quando um suposto defensor das liberdades democráticas, por mais nobres que sejam suas intenções, se dispõe a calar e silenciar seus adversários, ele mesmo já trabalha pelo apequenamento da democracia, essa flor tão frágil, que exige tanta delicadeza em seu cultivo...