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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Satisfação retrospectiva

A cada dia do mandato Bolsonaro me sinto mais contente com o fracasso de Lula em suas tentativas de introduzir o Brasil no Conselho de Segurança da ONU...

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Bolsonaro e a guerra aos mortos

Reza a lenda que certo cortesão do mui-católico imperador Carlos V lhe sugeriu em certa ocasião que abrisse a sepultura de Martinho Lutero e profanasse os restos mortais do reformador.

Diante da grotesca sugestão, Carlos V teria respondido muito cavalheirescamente: "Eu não faço guerra aos mortos". É difícil saber a veracidade dessa história, mas a moral da anedota é muito simples: gente civilizada respeita os mortos e o luto, por mais execráveis que lhe pareçam os defuntos.

O respeito diante da morte, da doença e da dor do adversário é uma das linhas que demarca a fronteira entre a civilidade e a barbárie.

Hoje, com suas grotescas, imorais e indecorosas insinuações acerca do falecido pai do atual presidente da OAB, o Sr. Jair Messias Bolsonaro confirma mais uma vez sua vocação para a selvageria.

O triste episódio lembra certa reflexão do historiador conservador Christopher Dawson:

Um valentão pode ser melhor [na guerra] que um intelectual, mas uma sociedade dominada por valentões não é necessariamente uma sociedade corajosa; é mais provável que seja uma sociedade desintegrada e desordenada. 

Temos hoje um "valentão" como presidente, acompanhado no poder por muitos outros "valentões" da mesma estirpe. As circunstâncias exigem de todos os brasileiros de bom-senso, independentemente de suas convicções políticas, a coragem e a firmeza de caráter para não ceder à imensa tentação de responder às provocações dos "valentões" com a mesma truculência.

Não podemos entrar no jogo dos "valentões", pois o resultado final desse jogo significa o naufrágio da democracia, da república e da própria sociedade. Se nos tornamos bárbaros a pretexto de combater a barbárie, passamos a ser parte do problema, e nos afastamos da solução.

Não se apaga um incêndio com querosene. A brutalidade só pode ser efetivamente superada pela inabalável mansidão. Mas como é duro tal desafio...


quarta-feira, 24 de julho de 2019

terça-feira, 23 de julho de 2019

Dispensa comentários

"Hot-Dog do Senhor - O preferido do presidente".

Weintraub vaiado

O Ministro da Educação Abraham Weintraub acaba de ser alvo de uma manifestação no Pará, enquanto jantava numa praça com sua família. O episódio suscita algumas reflexões e críticas a ambos os lados:

-Apesar da justa indignação suscitada pelas atitudes do ministro, acho esse tipo de manifestação contraproducente: ajuda pouco, deixa os ânimos ainda mais acirrados e dão margem ao sujeito para se fazer de vítima. No limite, guardadas as proporções, acaba legitimando episódios como o da FLIP.

-Anexar gritos de "Lula Livre" a tudo esvazia qualquer causa, por justa que seja...

-Há de se convir que o contexto da manifestação foi pouco feliz. Desrespeitaram a família do sujeito. Não é bacana. Há que se preservar alguns limites. É questão de civilidade e de fair play democrático.

-A tortuosa redação dos queixumes do ministro no Twitter é uma atração à parte (abaixo). O Ministro da Educação mal consegue escrever um texto coerente com poucas dezenas de caracteres. Não espanta que tivesse um desempenho acadêmico pífio durante a graduação. Só mesmo com muita kafta pra aguentar...

-Acho engraçado ver um ministro que sempre se manifesta com indecorosa truculência e anda com gente que defende execução extrajudicial no café da manhã equiparando vaia a violação de direitos humanos... Haja paciência.

-É curioso que o ministro se escandalize com o desrespeito a seus filhos, mas tolere que o presidente enalteça o trabalho infantil...


sábado, 20 de julho de 2019

Liderança Mundial

O Brasil não se destaca no desenvolvimento de inteligência artificial, mas certamente é uma liderança global em burrice natural.

Peço antecipadamente desculpas aos encantadores burrinhos por compará-los à gente brasílica.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Algumas coisas são mais complexas do que parecem; outras parecem mais complexas do que realmente são - discernir umas das outras é uma arte mais difícil do que se imagina.

sábado, 13 de julho de 2019

Minha candidatura diplomática

Se falar inglês e fritar hambúrguer nas montanhas do Colorado qualificam Eduardo Bolsonaro a ser embaixador em Washington, calculo que meu diploma C2 de proficiência em língua francesa aplicada a Ciências Humanas, concedido pelo Ministério da Educação (da França) e meu breve período como pesquisador-visitante na Sorbonne me qualifiquem muito amplamente para nossa embaixada em Paris. Falta ser amigo dos filhos do Macron, mas suponho que seja um problema contornável - afinal de contas, sei de cor alguns refrões de Montand, Aznavour e Trenet, e isso deve ser considerado em meu favor. 14 de julho seria provavelmente um bom dia para discutir minha indicação. Há espaço na minha agenda.  Jair, je suis là!


sexta-feira, 12 de julho de 2019

Carta Aberta aos Eleitores de Bolsonaro

Caro Cidadão,

escrevo para você que votou em Jair Bolsonaro no 1° ou no 2° turno das eleições de 2018. Não votei em Bolsonaro em nenhum dos dois turnos, mas respeito a sua escolha.

Não sei que motivos levaram você a votar em Bolsonaro. Talvez você gostasse dele ou achasse que ele era a melhor opção para o Brasil. Talvez você simplesmente não quisesse mais uma gestão petista.

Parto do princípio de que você é um cidadão bem intencionado, respeitável, trabalhador, cumpridor das leis, cuidadoso com sua família e leal a seus amigos. Não quero acreditar que você seja fascista, racista, homofóbico ou ignorante. Talvez você o considere realmente "o Mito"; ou talvez você não concorde com 100% do que Bolsonaro diz.

É provável que você tenha assistido a posse presidencial em janeiro repleto de esperanças - seu candidato venceu e você achava que ele iria melhorar a situação do país. Talvez você pensasse: "esse presidente vai acabar com a corrupção no Brasil"; "Bolsonaro vai acabar com as mamatas"; ou ainda, "ele vai botar o país em ordem".

Todavia, me pergunto: o que você pensa agora, após seis meses de governo? Você está satisfeito? Você vê indícios de melhora?

Mais ainda: alguma coisa está melhor para sua família graças a Bolsonaro? Você se sente mais seguro em sua cidade? Você está menos endividado? Está mais fácil pagar suas contas? Seu salário melhorou? Está sobrando mais dinheiro no final do mês? Sua poupança cresceu? Seus amigos ou parentes desempregados conseguiram emprego? A escola do seu filho melhorou? Você sente mais confiança no atendimento do SUS? Enfim, você consegue perceber a SUA vida melhorando em algum aspecto?

Você ainda tem esperanças - "foram apenas seis meses", você me dirá. Talvez você tenha razão; ainda assim, você há de concordar que esse primeiro semestre de governo foi uma bagunça, um festival de trapalhadas e baixarias. Bolsonaro e sua equipe mal conseguem se entender; medidas são anunciadas por uns e logo depois desmentidas por outros. Os membros de seu partido brigam entre si pelas razões mais fúteis. Frota ofende Hasselmann, que xinga Kataguiri, que briga com Fulano... A cada semana há um novo escândalo. O presidente não sabe se comportar como presidente; posta barbaridades e até obscenidades em suas redes sociais. Enquanto isso, o Brasil segue estagnado. Quando as coisas começam tão mal, é provável que terminem pior - e ainda temos três anos e meio de governo pela frente...

Bolsonaro e Mourão se diziam preocupados com a família brasileira. A sua família? A minha família? Ou as famílias deles?

Em apenas seis meses, o filho de Mourão já foi promovido no Banco do Brasil e indicado a um elevado cargo gerencial; seu salário triplicou. Até Carlos Bolsonaro ironizou o fato nas redes
sociais: "esse é bom bagarai". Nos últimos dias, no entanto, chegou a vez de seu próprio irmão, Eduardo, ser sugerido pelo pai como potencial embaixador nos Estados Unidos - cargo para o qual não tem o menor preparo, mas cujas regalias pretende aproveitar. Onde está aquele Jair Bolsonaro que se dizia defensor da meritocracia? Será que Carlos também considera seu irmão "bom bagarai"?

Enquanto faltam postos de trabalho para milhões de brasileiros, não faltam excelentes oportunidades profissionais para as famílias presidenciais. O nome disso, todos nós sabemos: nepotismo. Foi para isso que você votou em Bolsonaro e Mourão? Após as eleições, muita gente afirmava que a mamata iria acabar; a realidade, no entanto, vem mostrando que as mamatas seguem firmes e fortes.

Em campanha, Bolsonaro defendia uma "nova política" - como se ele mesmo e seus familiares não tivessem passado quase três décadas vivendo da "velha política". Vale lembrar que durante muitos anos o Sr. Jair Messias Bolsonaro viveu muito confortável sob as asas de Maluf no PP, envolvido em inúmeros escândalos de corrupção.

Não comentarei a reforma previdenciária em curso, que promete prejudicar gravemente a todos nós trabalhadores; se informe sobre o assunto e julgue você mesmo, pois essa carta já se faz longa e não desejo cansá-lo demais.

Deixo aqui um simples convite à sua reflexão: será que vale a pena continuar defendendo Bolsonaro? Votar mal faz parte da vida de qualquer eleitor. Eu mesmo já me arrependi de ter votado em certos candidatos em determinadas ocasiões.

Decepções e frustrações, às vezes, podem nos paralisar. Entramos em estado de negação, enfiando a cabeça na terra como os proverbiais avestruzes; nos recusamos a enxergar a dura realidade, tapando o sol com a peneira. Arrumamos mil desculpas esfarrapadas para proteger o político que outrora mobilizou nosso entusiasmo. Tentamos coloca-lo acima do bem e do mal.

Não deveria ser assim. Temos que ser cidadãos, e não torcedores. Devemos cobrar e criticar todos os políticos, especialmente aqueles que nós mesmos elegemos. Eles não são nossos líderes iluminados; não são pessoas especiais e nem devem ser idolatrados. São apenas gente como a gente, pessoas que elegemos para cuidarem de nossos interesses coletivos. Eles estão lá para servir o povo, e não o contrário. Ao constatar nossos equívocos eleitorais, temos simplesmente que ter a coragem de admitir o erro, criticar aqueles que pisotearam nossas esperanças e faltaram com suas promessas - e não reelege-los nunca mais. Nunca é tarde demais para reparar um erro.

Termino, caro cidadão, com uma constatação banal: VOCÊ É MELHOR QUE BOLSONARO. Se você, como suponho, é uma pessoa bem intencionada, trabalhadora e cumpridora das leis, VOCÊ É MELHOR QUE BOLSONARO. Não perca seu tempo defendendo um político que não respeita sequer as pessoas mais próximas dele e que provavelmente não gastaria meio minuto para defender você. VOCÊ MERECE UM PRESIDENTE MELHOR QUE BOLSONARO.

Não peço a você que apressadamente jogue fora suas esperanças, apenas que observe muito bem como nosso presidente vem agindo e como agirá no resto de seu mandato. Reflita bastante - e faça a escolha que você julgar melhor em 2022. Melhor ainda: pense com muito cuidado e serenidade na hora de votar para prefeito e vereador em 2020.

Respeitosamente,
Luiz Fabiano de Freitas Tavares,
Professor, historiador e cidadão,
Ao seu dispor


quinta-feira, 11 de julho de 2019

"Nova Previdência" - Lágrimas de Fogo

Hoje choro lágrimas de fogo.

Choro pela maldição conjurada na Câmara dos Deputados contra o povo brasileiro.

Choro por essa sórdida "Reforma" que condenará milhões de trabalhadores a uma velhice de miserável subsistência. Choro por esse texto infame que rouba o pão da boca de inválidos, viúvas e órfãos.

Choro por essa abominação que promete acabar com privilégios, mas deixa intocados magistrados e militares.

Choro por aqueles que teimam em acreditar que essa reforma trará emprego e prosperidade ao país. Choro por essas vãs esperanças de gente desesperada.

Choro pela gente ingênua, esfaqueada nas costas por aqueles que prometiam zelar por seus interesses.

Choro por todos os analfabetos políticos, analfabetos funcionais, analfabetos disfuncionais e analfabetos emocionais que entregam o próprio destino em mãos tão imundas.

Choro pelas lágrimas de crocodilo derramadas por Rodrigo Maia. Choro pelos pérfidos aplausos que causaram essas lágrimas.

Sinto tristeza, raiva, indignação e impotência, misturadas, borbulhantes, ferventes.

Hoje sou um vulcão.

Hoje choro lágrimas de fogo.



quarta-feira, 10 de julho de 2019

Afinidade e identidade

Afinidades interessam e importam muito mais que identidades. 

As primeiras convidam ao movimento e à abertura, enquanto as últimas induzem à estagnação e ao fechamento. Afinidades tendem a dissolver barreiras e a formar laços, enquanto identidades frequentemente elevam muros e forjam grilhões. Identidades geralmente enfatizam diferenças para fabricar similaridades, enquanto as afinidades mobilizam as similaridades para transcender as diferenças. Em sua plenitude, a afinidade aceita o outro tal como é, enquanto a identidade, cedo ou tarde, exige que ele se torne alguma coisa: uma atrai, onde a outra impõe. 

"Eu e tu", diz uma; "nós contra eles", clama a outra. 

As afinidades remetem à generosa leveza da Graça, enquanto as identidades lembram a mesquinha dureza da Lei...

terça-feira, 9 de julho de 2019

Nosso Herói

Nosso Herói caiu do cavalo; está caído, ferido, ensanguentado. Sua brilhante armadura está enlameada.

Exposto, Nosso Herói fugiu, se escondeu, sumiu. Ai de Nós! Ai de Nós!

Choramos como crianças abandonadas, como órfãos indefesos, como virgens enganadas, como viúvas desamparadas.

A máscara caiu. Nosso Herói tem duas caras. Ele está nu; não passa de uma doce mentira.

Nosso Herói é apenas mais um Vilão - Nosso Vilão.

Nosso Herói não existe.

Nosso Herói nunca existiu.

Fabricamos Nosso Herói da sórdida argila com que se fazem todos os ídolos.

Mas a Farsa continua. Queremos acreditar. Precisamos acreditar. Nosso Vilão precisa ser Nosso Herói.

Vendem nossos olhos. Tampem nossos ouvidos. A Verdade dói. Não queremos sofrer. Ai de Nós! Ai de Nós!

Vilão contra Vilão, que vença o Nosso.

"I believe in Harvey Dent".

sábado, 6 de julho de 2019

Bolsonaro, trabalho infantil e adultos desempregados

Em seu mais recente episódio de (calculada?) incontinência verbal, o Sr. Jair Messias Bolsonaro se pronunciou favorável ao trabalho infantil e suas virtudes para a formação do caráter das crianças.

Para além das evidentes objeções morais que tal discurso suscita, vale a pena questioná-lo sob uma perspectiva puramente econômica.

Qual seria a coerência de se falar em trabalho infantil num país onde há alguns milhões de adultos desempregados e subempregados?!

O vasto contingente de adultos desempregados é um problema não apenas do Brasil, mas da atual conjuntura mundial. A cada ano inúmeros postos de trabalho são ameaçados pelos avanços da automação e da informatização, bem como de oscilações macroeconômicas desfavoráveis.

Países da União Europeia já discutem seriamente o crescente impacto da inteligência artificial sobre o mercado de trabalho e debatem possíveis políticas públicas para mitigar os prováveis problemas econômicos e sociais daí decorrentes.

Enquanto isso, nosso desorientado e tragicômico presidente, com o moralismo barato que lhe é habitual, declama as belas virtudes do trabalho infantil - indiretamente escarnecendo de todos os adultos desempregados do Brasil. Nosso presidente sonha em botar as crianças para trabalhar, quando deveria se preocupar em garantir condições econômicas para que elas encontrem postos de trabalho ao chegar à idade adulta.

Anacronismo, teu nome é Bolsonaro.

Uma imagem do futuro sonhado por Bolsonaro. 

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Quem vigia os vigilantes?

Hoje, no Centro da cidade, vi um agente de segurança pública jogando lixo na calçada. Não é a cara do Rio?

Nem em Springfield se vê uma coisa dessas.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

O nó faz parte da rede; a rede faz parte do nó. Rede e nó surgem juntos: um com o outro, um no outro, um pelo outro.

terça-feira, 2 de julho de 2019

Moro e Greenwald - O caráter não se compra

Sérgio Moro acaba de se retirar intempestivamente da sessão parlamentar onde prestava esclarecimentos sobre os vazamentos recentemente divulgados pelo site The Intercept.

Sob os gritos de "fujão", Moro se retirou em reação a fala do deputado Glauber Braga, que o chamara de "juiz ladrão e corrompido". Certamente a fala de Braga foi inadequada e indecorosa; com efeito, um dos piores defeitos do deputado, a meu ver, é sua incontinência verbal, que vez ou outra o leva a ultrapassar limites.

Todavia, a atitude de Moro me parece ainda mais desrespeitosa que as falas de Braga. Desrespeitosa, em primeiro lugar, para com os deputados presentes à sessão, muitos dos quais (inclusive governistas), aguardavam havia mais de 7 horas para apresentar suas questões ao Ministro da Justiça. Pior ainda, atitude desrespeitosa para com todos os cidadãos que desejam os devidos esclarecimentos sobre as suspeitas de descumprimento das regras do processo penal que pesam sobre a conduta de Moro no exercício da magistratura.

Suspeito de improbidade, o juiz trata como réus e inimigos aqueles que agora cumprem o republicano dever de investigar sua conduta. Mais uma vez demonstrando sua vaidade, aquele que tantos julgou agora não aceita se ver como objeto de julgamento. O "superministro" se recusa a ser tratado como reles mortal.

O gesto de Moro denota uma atitude melindrosa e suscetível que não se espera da parte de um ministro de Estado. A partir do momento que aceitou um cargo público de tamanha importância deveria demonstrar a devida disposição a engolir alguns sapos em nome da democracia. Noblesse oblige.

Vale comparar a conduta do ministro à do jornalista Glenn Greenwald em condições semelhantes. Comparecendo diante dos deputados, Greenwald teve de encarar situações muito mais vexatórias, desde ameaças diretas por parte de deputados que, atropelando a própria Constituição, exigiam sua prisão imediata até ofensas de ordem pessoal acerca de sua orientação sexual e de sua vida conjugal.

Apesar de tamanhos constrangimentos, Greenwald não se deixou intimidar, permanecendo até o fim da sessão, respondendo mesmo às piores ameaças e ofensas com firmeza, profissionalismo, polidez e urbanidade, mantendo a serenidade e a compostura, sem jamais se rebaixar ao nível daqueles que o desrespeitavam.

Nas circunstâncias mais hostis é que demonstramos nosso caráter. Como diria meu avô, é o que diferencia homens de moleques. Greenwald passou pela provação, tornando-a testemunho de sua integridade. Moro, pelo contrário, mostrou que lhe falta coragem quando lhe falta a toga. Moro hoje descobriu que a política não é um tribunal onde o juiz pode chamar o meirinho para prender quem o desacate. Desprovido do aparato da magistratura, Moro se revelou um covarde com um ego frágil, incapaz de suportar o mínimo arranhão. Ao "superministro" falta a fleuma que todo árbitro de futebol demonstra diante dos uivos da arquibancada.

O caráter não se compra. Nem se adquire num concurso para a magistratura...