Newsletter

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Oficina de Clio - Newsletter

Inscreva-se na newsletter para receber em seu e-mail as novidades da Oficina de Clio!

Nous utilisons Sendinblue en tant que plateforme marketing. En soumettant ce formulaire, vous reconnaissez que les informations que vous allez fournir seront transmises à Sendinblue en sa qualité de processeur de données; et ce conformément à ses conditions générales d'utilisation.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Imperdoável

Nosso atual presidente tem uma longa lista de defeitos, mas o mais intolerável, sem dúvida, é a cafonice de sua oratória. As falas proferidas por esse cavalheiro são difíceis de ler e ainda mais duras de ouvir. Tirania por tirania, que ao menos tivesse alguma elegância: nada pior que um tirano brega. Entendo que ele seja favorável à tortura, mas podia ao menos poupar a língua de Camões...


Arte e Método

Os grandes artistas alcançam pela intuição aquilo que os intelectuais só conquistam ao preço de laborioso e metódico estudo. Em seu êxtase, o poeta sonha plenamente com aquilo que o estudioso apenas vislumbra. Guiado pelas musas, num relance o artista contempla o mundo inteiro refletido nas profundezas de sua alma.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Nada em excesso

Há que se evitar todos os extremismos. Como recomendava Epícuro, convém ser moderado até com a moderação.
A indiferença dos inimigos deve ser o pior dos tormentos para aquele que odeia.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Colecionando vexames - Bolsonaro na ONU

Bolsonaro fez sua estreia internacional em Davos. Ofereceu à audiência um discurso pífio, tanto pela brevidade quanto pela superficialidade; esquecendo que falava a investidores, e não a eleitores, mirou a plateia errada.

Hoje, na ONU, cometeu o mesmo tipo de equívoco. O discurso de hoje deveria tomar por alvo a comunidade internacional, mas Bolsonaro, mais uma vez, preferiu falar a seu eleitorado cativo.

Olhando retrospectivamente, a brevidade de seu pronunciamento em Davos parece uma virtude. Hoje o presidente apresentou uma peça de oratória longa, piegas, enfadonha e ridícula, talhada ao duvidoso gosto de sua claque, mas que provavelmente encontrou pouca ressonância perante a comunidade internacional.

Boa parte da fala se ocupou da velha paranoia a respeito dos médicos cubanos, do Foro de São Paulo e da ameaça socialista. Num delirante arroubo, o presidente afirmou salvar o Brasil do socialismo - talvez soasse convincente na época da Guerra Fria; hoje parece apenas anacrônica miragem macartista, pouco capaz de despertar simpatia diante dos diplomatas e governantes presentes.

As peremptórias bravatas sobre a soberania nacional brasileira e o "colonialismo" estrangeiro, tingidas com a paranoia conspiratória sobre o "globalismo" certamente soaram para a maior parte da audiência internacional como gritos quixotescos contra moinhos de vento. Certa passagem foi particularmente pitoresca em sua pieguice: "Esta não é a Organização do Interesse Global!É a Organização das Nações Unidas. Assim deve permanecer!"

As tépidas declarações de compromisso com os direitos humanos e com a proteção ambiental tampouco devem ter convencido muita gente, dado o menosprezo com que Bolsonaro sempre tratou essas temáticas.

O tom ostensivamente religioso de certas passagens certamente é caro a parcelas do eleitorado brasileiro, mas deve ter causado estranhamento e antipatia a muitos ouvintes estrangeiros.

As falas acerca das populações indígenas, para além de absurdas em inúmeros detalhes, ganham contornos grotescos no tom de ataque pessoal ao cacique Raoni, que Bolsonaro deveria tratar respeitosamente ao menos em função da idade. Roupa suja se lava em casa, e não é nada elegante ou cortês que um presidente vá a uma tribuna internacional para falar dessa maneira de qualquer cidadão de seu próprio país, ainda mais de uma figura pública reconhecida e respeitada por indígenas de inúmeras etnias.

Igualmente lastimáveis foram as pueris farpas endereçadas a Macron e à Europa e estéreis os servis afagos a Trump e Israel, testemunhando uma lamentável estreiteza de vistas. A arte da diplomacia, quando bem praticada, consiste em desfazer tensões e granjear simpatias; a intervenção de hoje tende ao oposto disso.

Esses foram apenas alguns dos disparates mais dignos de nota dessa nova fala presidencial que em nada ajudou os interesses internacionais do povo brasileiro. O discurso de Bolsonaro provavelmente não abriu nenhuma porta e é mesmo possível que tenha fechado outras.

Em suma, hoje foi um triste dia para a arte de Demóstenes e Cícero, tanto quanto para a pátria de Ruy Barbosa.


quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Do you...?

O primeiro grande problema da classe média brasileira é que ela não sabe inglês.

O segundo grande problema da classe média brasileira é que ela só sabe inglês.

O terceiro grande problema da classe média brasileira é que ela mal sabe inglês.

O quarto grande problema da classe média brasileira é que ela acha que sabe inglês.


Sugestão de placa para o desembarque do Galeão


Transformação

Não existe transformação que não seja uma emergência, uma atualização de potências. Nesse sentido, toda transformação é também eliminação de possibilidades, ou ao menos alteração de probabilidades. As transformações mais intensas seriam aquelas que alterassem mais profunda e extensamente a ordem das probabilidades. Talvez haja aí um caminho promissor para se pensar as sempre escorregadias relações entre evento e estrutura.


Insuportável felicidade

"A felicidade que vocês me desejaram foi muito difícil de suportar. [...] Eu nasci para viver de verdade, como os pássaros e os animais".

Princesa Kaguya [Isao Takahata]


segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Doido Desordenado Desabafo Desarticulado

A política brasileira (como qualquer política) tem seus limites. Porém, muito mais limitados, são o intelecto e a moral de Bolsonaro. É o pior entre os piores. Representa o que há de mais podre, vicioso, decadente, arcaico, ignominioso, hipócrita, cruel e mesquinho que há na cultura brasileira. Bolsonaro é a destilação de todo o nosso chorume histórico. Tudo que há de pior na trágica formação social brasileira se reflete e refrata nesse homem. Triste sociedade que escolhe ser governada pelo pior entre os seus. O Brasil se tornou uma ferida infecta, e Bolsonaro é o pus que ela exuda. Nem a triste experiência da facada foi capaz de levar esse homem a repensar suas atitudes e posturas mesquinhas e levianas. Um fogo infernal queima a alma de Bolsonaro. Esse homem é completamente doentio.

Até o Cabo Daciolo era uma opção melhor que Bolsonaro.

Até para a barbárie Bolsonaro é incompetente. Uma das poucas virtudes do bárbaro é a coragem. E Bolsonaro é um covarde, poltrão. Faz e fala os maiores absurdos depois nega o que fez e disse. Não assume os próprios atos. Isso não é atitude de homem; Bolsonaro é só um moleque grosseiro e irresponsável.

Daciolo é louco, mas é maluco beleza. Bolsonaro é louco sórdido, possuído e consumido por uma pulsão destrutiva que não reconhece qualquer limite. Uma pessoa que não respeita o luto alheio (como ele já fez repetidas vezes) está abaixo do nível mais elementar de civilidade. O respeito ao luto é o limite derradeiro antes da barbárie. Quem debocha dos mortos e da morte não tem respeito aos vivos. O homem civilizado respeita a morte até do seu pior inimigo. Bolsonaro simplesmente não é um homem civilizado.

Bolsonaro não tem educação sequer para ser porteiro do Palácio do Planalto. Que dirá para sentar na cadeira de Presidente.

O povo brasileiro, em sua maioria, é honesto, digno e trabalhador. Merecíamos coisa muito, muito melhor que Bolsonaro.

Só o que se vê desde o começo desse governo é incompetência e baixaria.

domingo, 15 de setembro de 2019

Profecias do lugar sombrio

Eu vejo, eu vejo!

Hoje sou eu. Amanhã serás tu. Depois de amanhã, sereis todos vós. E aí não adiantará mais reclamar.

Vejo horas sombrias à frente. Quando espantares, terão te proibido até de sonhar. E então dormiremos o amargo sono de uma noite vazia, como cadáveres no túmulo de nossa vã democracia.

Fala o que tiveres a dizer enquanto é tempo, pois eles estão chegando, com as mãos cheias de mordaças, coleiras e porretes.

Primeiro vão te processar. Depois, tomarão teu salário, roubarão o pão da tua mesa. E então, irão prender-te. Depois, matar-te-ão. E então, só restará à democracia chorar sobre teu túmulo vazio. Pois até teu cadáver será roubado.

E tua carne será fatiada, e vendida no açougue dos tiranos. E teu sangue será bebido no festim dos poderosos.

E os livros serão queimados, e sua fumaça encherá as praças públicas. E os mártires queimarão, nas fogueiras intolerantes.

E teus filhos serão cativos, nas masmorras. E seu intelecto será esmagado sob o tacão da ignorância. E sua vontade será escravizada pelas máquinas que fabricam torpes desejos.

E teus netos não terão repouso, e nascerão sem conhecer a liberdade.

E teus netos não terão ar para respirar, nem água para beber, nem estrelas para contemplar. Pois tudo será consumido pelos fabricantes de desejos.

E no mercado infame, todo homem terá seu preço, nenhuma mulher terá qualquer valor. E não haverá honra, dignidade, amor - apenas o poder dos tiranos.

E cada um gemerá nas trevas profundas, sem saber por que geme. Pois também a consciência lhes será roubada.

E os famintos gritarão: pão! E os sedentos gritarão: água! E os tiranos rirão!

E os tiranos rirão: porque são poderosos, porque são mesquinhos, porque são insanos, porque são tiranos. Porque são infelizes e vazios, porque antes de tudo são tolos. Porque riem como a besta que se devora.

E os tiranos rirão, porque caem, mas não percebem.

E o inverno será longo, longo, muito longo. Mas um dia virá a primavera.

"Profecias" publicadas em meu outro blog em julho de 2014...


La Jacquerie

Ah, là, là!
La Jacquerie!
Peuple qui crie!
Peuple qui rit!
Peuple se rue!
Tremble, seigneur!
Ici, on tue!
Là, on se tue!
Ah, que de sang!
Ah, que de sang!
Ah, là, là!
La Jacquerie!


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Brasil comatoso

José Murilo de Carvalho dizia que, após o 15 de novembro, o Brasil viveu uma espécie de "porre ideológico". Eu diria que hoje estamos perto de algo como um coma alcoólico... Nem os Beatles escaparam! Perto disso, o macartismo foi pouco mais que um pilequinho. Imagine o tamanho da ressaca que vem aí...

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

O maior malandro da História?!

Certamente é apenas um anacrônico juízo de valor de minha parte, mas quanto mais estudo a história da Reforma, mais me convenço de que Henrique VIII foi um dos sujeitos mais malandros da História...!


quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Cultura em perigo

"Na nossa época o patrimônio artístico está em perigo por causa do impetuoso desenvolvimento de uma cultura técnico-científica que tem e ostenta outros interesses; da degradação da figura das cidades, que constituem precisamente o 'local' da arte; da especulação descontrolada; da tendência infeliz para considerar os bens culturais sob o aspecto puramente econômico". 

Giulio Carlo Argan

A cultura se Lascaux!

Tem cabimento gastar dinheiro dando bolsa pra quem faz doutorado sobre centopeia?

(por Wagner Ricardo, farmacêutico)
TEM SIM! E Muito!!!

Foi o motorista do Uber que me perguntou, depois de levar a mãe de um pós-graduando que estuda centopeia. Mas além de explicar só pra ele, achei legal explicar pra todo mundo.

Eu não sei o que ele estuda na centopeia, mas posso começar dizendo que se elas não existissem nossas casas poderiam estar cheias de baratas e formigas. Assim como representam um belo modelo de engenharia mecânica. Olha que ser mais articulado. Sabiam que existem animais que já foram usados como modelo para desenvolvimento de veículos, civis e militares?

Sabiam que tem grupos que estudam detalhadamente os órgãos emissores de sons das baleias pra fazer sonares e coisas do tipo?

Hoje temos um arsenal de anticoagulantes pra tratar pessoas que sofrem tromboses ou preveni-las, por exemplo, porque algum dia algum pesquisador resolveu estudar a saliva da sanguessuga e descobriu uma molécula legal que depois deu ideia pra se buscar outras que faziam a mesma coisa e hoje temos a dabigatrana (Pradaxa). E também temos anticoagulantes porque um dia um outro pessoal resolveu estudar porque algumas vacas da América do Norte morriam sangrando pelas ventas ao comer uns matos lá que descobriram estavam contaminados com um fungo que produzia uma molécula que competia com a vitamina K. Esse pessoal era da universidade do Wisconsin (Wisconsin Alumni Research Foundation - WARF) e por isso deram o nome ao medicamento de WARFarina. Alguém do seu entorno toma ou tomou warfarina. Certeza.

Temos alguns remédios para controlar a pressão, muito usados no mundo todo, porque um dia um brasileiro resolveu estudar o que tinha no veneno da nossa jararaca. Não é sua colega da firma, mas a cobrona mesmo e daí saiu o captopril (Capoten), por exemplo.

Da saliva do monstro-de-gila, um lagartão antipático que nós brasileiros nem conhecemos, saiu medicamento pra diabéticos, a exenatida (Byetta).

Alguns quimioterápicos para câncer muito importantes existem porque alguém resolveu estudar os microorganismos que viviam na terra perto do próprio laboratório e descobriu que esses bichinhos produziam uma substância capaz de matar células tumorais. Esse laboratório ficava na Itália, na costa do Adriático e o medicamento é por isso chamado de Adriamicina, que quem tem alguns tipos de câncer ou é próximo de quem tem, conhece. Assim como tem um quimioterápico usado mundialmente que foi desenvolvido estudando o teixo, Taxus brevifolia, um arvorão grande assim ó!, lá das banda do Canadá.

São infinitos exemplos de estudos descritivos assim que resultaram em grandes descobertas. Eu sou farmacêutico e logo meus exemplos foram de medicamentos, mas tem taaaanta coisa além de medicamentos. Ninguém sabia o que descobriria na maioria das vezes e todos estes projetos causariam estranheza no motorista do uber, no açougue, no escritório de advocacia e por ai vai.

Quando falam da biodiversidade da Amazônia, a maioria pensa nas plantinhas e alguns até dão de ombro, porque e daí se tiver um tipo de árvore a menos no mundo? Eu só penso nas moléculas que essas plantas muito loucas que só existem por lá têm. Deve ter molécula lá que cura até burrice. Se você é religioso pode até entender que foi a salvação que Deus nos deu, mas precisa procurar. Se você não é, não muda nada. A biodiversidade continua sendo fundamental porque olha, tem cada molécula irada nessas plantas que NUNCA nenhum químico ou farmacêutico teria ideia de desenhar e sintetizar. A gente precisa ver mesmo na natureza pra depois copiar, melhorar, ajustar.

A gente não usa chá nem garrafada não. Observa na natureza, descobre as moléculas e depois sintetiza no laboratório e transforma em medicamento, estudadíssimo antes de ser usado. Não me sai comendo planta por ai, que você pode cair de quatro e ficar, intoxicado. Esse assunto é sério e melhor deixar para os especialistas.

Eu vou falar mais sobre como surgem estes estudos e porque a maioria deles parece muito sem sentido e motivo de piada para a população, mas não são. Em um próximo post porque esse já ficou muito grande.


sábado, 7 de setembro de 2019

Devagarinho

JK prometia "50 anos em 5". Bolsonaro, ao que tudo indica, realizará algo como "4 meses em 4 anos"...

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

"É guerra"

Não aprecio muito a retórica belicosa nesse estilo "nós contra eles", mas a crítica é precisa do ponto de vista dos rumos das políticas públicas.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

A barbárie não se preocupa com fronteiras ideológicas: ela une todos aqueles que se odeiam.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Prioridades: a sabedoria de Madruga

Cada um com suas prioridades, como já ensinava Seu Madruga. Às vezes é necessário abrir mão de algumas coisas, como o aluguel do Seu Barriga ou as bolsas de pesquisa...


Autocolonialismo

Nossas agências de fomento definham lentamente. Ciência pra quê? Já temos boi, soja e nióbio. Depois do neocolonialismo, o Brasil inaugura o autocolonialismo. Poucas culturas se dedicam tão denodadamente ao cultivo da ignorância. Pobres daqueles que se contentam com pouco.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Brasil Combustível

Hoje a maior catástrofe cultural da história brasileira completa um ano. Primeiro ano de muitos outros sem Museu Nacional. Primeiro ano privados de um patrimônio irremediavelmente perdido para os séculos dos séculos de toda a eternidade.

Museu ou floresta, índio e mendigo, por crime ou negligência, tudo queima no Brasil. Todo dia é Dia do Fogo. Uma pulsão autodestrutiva nos move. Gargalhamos dançando insanamente sobre as brasas de nossa própria casa, como dervixes suicidas acometidos por um transe febril.

Agonizamos como loucos alegres, idiotas satisfeitos, rindo de nossa própria ruína...