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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Carnaval: entre fariseus e publicanos

Jesus se sentava para comer entre prostitutas e publicanos, mas Crivella se recusa a apertar a mão do Rei Momo...

Contou ainda esta parábola para alguns que, convencidos de serem justos, desprezavam os outros: "Dois homens subiram ao Templo para orar: um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava interiormente deste modo: 'Ó Deus, eu te dou graças porque não sou como o resto dos homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano; jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de todos os meus rendimentos'. O publicano, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos para o céu, mas batia no peito dizendo: 'Meu Deus, tem piedade de mim, pecador'. Eu vos digo que este último desceu para casa justificado, o outro não. Pois todo o que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado".

(Lucas, 18: 9-14)

Quasímodo, o "Corcunda de Notre Dame", como Rei Momo, na adaptação animada pelos estúdios Disney da obra de Victor Hugo.
"Não ser ouvido não é razão para silenciar-se".
Victor Hugo

Vida e morte impermeável

"Como poderia alguém escolher raciocinar falsamente? É simplesmente o velho anseio pela impermeabilidade... existem pessoas que são atraídas pela permanência da pedra. Gostariam de ser sólidas e impenetráveis, não desejam mudança: pois quem sabe o que a mudança poderia trazer?... É como se suas próprias existências estivessem perpetuamente em suspenso. Mas desejam existir de todos os modos imediatamente e, todos em um momento. Não têm nenhum desejo de adquirir ideias, querem que sejam inatas... querem adotar um modo de vida no qual o raciocínio e a busca pela verdade desempenhe apenas um papel secundário, na qual nada é buscado a não ser o que já foi descoberto, na qual ninguém nunca se tornará nada mais além do que já era".

Jean-Paul Sartre

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Emblemático

Emblema extraído da obra Le vrais portraits des hommes illustres en piété et doctrine, de Théodore de Bèze, publicada em 1581.

"Vendo este furioso fazendo afogar a si mesmo
E os seus, perfurando o navio que os sustenta:
Tu vês, infelizmente!, ao vivo esta miséria extrema
Do tempo em que o mundo hoje se mantém".

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Michel protege Lula...


Historiadores não são donos da "verdade"

Dizem os japoneses que a eficiência e a elegância consistem em obter o máximo resultado com o mínimo de esforço. Eis o que conseguiu o amigo historiador Roger Marques nessa concisa pérola:

Não é para acreditar cegamente no que historiadores e livros de História dizem, mas não significa que você não deve levar em consideração suas análises e preocupações. E a partir daí refletir, questionar e tentar formar sua opinião.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Minha avó e os boatos do Brasil

Quando falta transparência política, costumam sobrar os boatos.

Durante o prolongado período de instabilidade política que o Brasil passou entre 1930 e 1964 havia grande cópia deles; minha avó era uma verdadeira enciclopédia desses rumores, e sempre encerrava essas narrativas com uma pausa dramática, seguida de um dito que enfatizava seu ceticismo: "Dizem...". Boatos sobre a vida íntima da família Vargas, a morte de Dutra, o suicídio de Getúlio, as intenções de Jânio ou Jango, a morte de Castello Branco... e por aí vai.

Hoje, com a intensificação das turbulências que marcaram o segundo mandato de Dilma, o processo de impeachment e o atual mandato de Temer, os boatos correm frouxos, como sinais e sintomas da turbulência e da falta de transparência que tomaram de assalto a vida política de nosso país.

No futuro, poderei então contar um monte de coisas a meus netos, adotando também o retumbante "Dizem..." de minha avó.

Dª Nair, enciclopédia de boatos

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

"Sim, o planeta foi destruído. Mas, por um glorioso momento, nós criamos um monte de valor para os acionistas".

http://www.newyorker.com/cartoons/a16995

Venda da CEDAE: Imoral, Arbitrária, Antidemocrática, Ineficiente, Estúpida, Absurda, Criminosa

A privatização da CEDAE sem ampla consulta à população é imoral, arbitrária e antidemocrática.

Além disso, é ineficiente e estúpida: vender uma empresa lucrativa DE SETOR ESTRATÉGICO para pegar um empréstimo miserável que pouco resolve é como uma família que vendesse o imóvel onde mora para pegar 5 mil reais emprestados.

Um absurdo desserviço aos interesses do povo fluminense a curto, médio e longo prazos.

Simplesmente criminoso.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Recuerdos: Lula em campanha televisiva para Cabral

Lula fala sobre Sérgio Cabral em campanha eleitoral (não sei se em 2006 ou 2010):

"É tão bom cuidar dos pobres. Eu acho que o Sérgio está fazendo isso com muito carinho. É o olhar fraterno, é o olhar generoso, sabe? É a pessoa trabalhar um pouco com o coração. O Sérgio é pura emoção. O Sérgio parece durão, mas eu já vi ele lacrimejar os olhos muitas vezes falando do povo do Rio de Janeiro. Eu acho que o povo precisa de gente assim. E ninguém, ninguém trata com a alma que o Sérgio trata as pessoas".


Carnaval, cultura e política (ainda)

Reação a um comentário no Facebook, sobre a ausência ou menosprezo da esquerda em relação ao Carnaval, especialmente quanto ao mundo do samba

Frequentar o Carnaval é do gosto de cada um. Eu, particularmente, detesto (por causa da bebida e gente pelada, por assim dizer, embora eu não seja evangélico!rs). 

De resto, há que se reconhecer que é uma parte muito significativa da vida cultural do país, especialmente em algumas cidades, como Salvador e Rio. Como tal, precisa ser objeto de políticas culturais. 

O grande problema político no Carnaval carioca, me parece, é o modo como os recursos públicos investidos na festividade são usados de modo extremamente assimétrico, favorecendo nitidamente uma determinada hierarquia entre as escolas de samba, e privilegiando uma determinada forma de expressão/manifestação carnavalesca (escola de samba) em detrimento de outras. É essa concentração de recursos que precisa ser discutida politicamente. 

De resto, acho que a esquerda vem sendo muito desleixada para com a cultura como um todo, erudita ou popular. Não vejo o abandono dos museus durante a Era PT, a lenta agonia do Theatro Municipal ou a desconcertante anemia do setor livreiro sendo suficientemente discutidos pelas esquerdas. E tudo isso é grave, porque cultura, em todos os seus registros, é vida.

Também acho que há uma nuance importantíssima: as escolas de samba JÁ são a manifestação carnavalesca majoritária e, de longe, a mais favorecida pelos recursos públicos. 

Acho que o "povo do samba" já tem até mais do que deveria, em termos de recursos públicos; a briga importante precisa ser travada ENTRE o "povo do samba", para discutir a distribuição mais justa e/ou adequada desses recursos; o papel da prefeitura nessa discussão deveria ser muito mais de mediação. 

Além disso, sabemos que a questão implica outros interesses de ordem comercial bem distantes da esfera cultural propriamente dita, especialmente o a televisão e o setor hoteleiro. Como diz um amigo meu que é fissurado em samba e entende do assunto, a ingerência da televisão no mundo do Carnaval é um problema que precisa ser seriamente enfrentado.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Crivella, Rei Momo e o triunfo da Quaresma

"Desde a inauguração do Sambódromo, em 1984, este ano será a primeira vez que um prefeito em início de mandato não participará do carnaval do Rio. Marcelo Crivella pretende viajar — para um destino ainda não divulgado - e não estará na Sapucaí durante os desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial. Nem mesmo a entrega da chave da cidade para o Rei Momo, que marca a abertura oficial das festas, será feita por ele, que ainda aguarda uma liberação da Câmara de Vereadores".

A matéria veiculada hoje no jornal O Globo me lembrou um já clássico texto do historiador Peter Burke, intitulado O triunfo da Quaresma, onde o autor aborda todos os esforços empreendidos pela Reforma e pela Contrarreforma para disciplinar as sociedades cristãs, marcando um "triunfo da Quaresma" sobre as manifestações "carnavalescas" da cultura popular.

Nesse sentido, achei muito curiosa e evocativa a esquiva do prefeito, não entregando a chave da cidade para o Rei Momo.  Enfim, detesto Carnaval e sempre passo o feriado enclausurado (com trocadilho) em casa; até entendo o Crivella, de certo modo, mas creio que um prefeito tem certos deveres culturais e compromissos tácitos para com a coletividade que se dispôs a governar...

Transcrevo abaixo um texto (inédito) onde resumi essa ideia, para um livro didático de Ensino Médio (publicação marcada para 2018!):


Outra característica importante da vivência religiosa na Europa moderna foram os esforços empreendidos por católicos e protestantes para disciplinar a sociedade, impondo valores preconizados pelas igrejas cristãs. Autoridades católicas e reformadas desejavam purificar a cultura popular, cujas práticas caracterizavam como vestígios das antigas religiões pagãs, que eles consideravam inspiradas por forças diabólicas.

Assim, foram realizados esforços de repressão e censura aos costumes considerados imorais, desde manifestações da religiosidade popular às atividades recreativas das camadas mais baixas da população, como frequentação de tavernas, contos folclóricos, festas, danças, jogos de dados e cartas, simpatias, práticas divinatórias, entre outras. Tais atividades eram objeto de rígidas proibições e até castigos violentos, como encarceramento ou execução. Autoridades católicas e reformadas tentavam assim impor uma ética severa e austera, baseada em valores como decência, ordem, prudência, razão, sobriedade e trabalho. Nos casos português e espanhol a Inquisição foi o principal instrumento de implementação dessa disciplina.

As práticas de magia simpática eram particularmente visadas, resultando na brutal repressão às pessoas acusadas de bruxaria. O campo da sexualidade também era muito vigiado, destacando-se a perseguição à sodomia (homossexualidade). Esse esforço disciplinar empreendido por católicos e protestantes deixou profundas marcas na formação da sociedade ocidental, moldando valores, comportamentos e atitudes que ainda vemos hoje.

Réplica a um comentário no Facebook, questionando se Freixo pularia seu carnaval na Sapucaí ou na Zona Sul: Eu acho que o Freixo entregaria a chave da cidade ao Rei Momo, que é o papel esperado do prefeito nos festejos. Assumir uma prefeitura é também assumir alguns compromissos tacitamente firmados entre o governante e a população (ou setores dela). O resto é opção pessoal de cada prefeito.  Enfim, acho que justamente por ser um bispo da Universal, o gesto daria ao mandato dele a chancela (meramente simbólica, como qualquer chancela) de respeito à laicidade do Estado e à diversidade cultural da cidade do Rio de Janeiro. A decisão de Crivella falha em mostrar com clareza onde começam e terminam seus gostos pessoais, opções religiosas e compromissos ligados ao mandato - como aliás, a indicação do próprio filho à Casa Civil; parece sempre muito difícil dizer onde estão os limites entre o bispo Crivella, a pessoa Crivella e o prefeito Crivella. A título meramente comparativo, Eduardo Paes (parece que) gosta de Carnaval e soube empregar isso muito bem na elaboração de sua persona política; também é possível dizer que Crivella esteja firmando uma determinada persona através de seu gesto - resta saber para qual plateia...

Diego Velázquez. A freira Jerônima de La Fuente, 1620. Museu do Prado. “É bom esperar em silêncio o Deus Salvador”, diz a frase no alto da pintura.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Neologismos entre aspas

Sempre gosto de domesticar meus neologismos com aspas.

Ante a epidemia de neologismos ocos que assola a intelectualidade "pós-moderna" é sempre bom mostrar aos neologismos que não somos seus escravos.

Por sinal, neologismos são criaturas ferozes, muito propensas a zombar de seus criadores...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Imitação, inovação e conhecimento

"Another reason for negative reactions to criticism of Chomsky is what I refer to occasionally as ‘Ivy-league bias’. Imitation is a stronger force in cultures than innovation. Everything goes more easily if we imitate rather than innovate – so we buy our clothes at the same department stores and eat out at the same chain restaurants. And when we imitate people – wearing their jerseys, singing their music, repeating their ideas – we are doing what most cultures do, copying people with prestige and status. For example, reporters rarely innovate when covering science, that is, they rarely come to their own opinion about difficult material. Rather, they establish a set of ‘go-to’ experts to cite. And those sets are populated largely by Ivy-league professors. There is nothing wrong with that. I simply point out that it is common. It saves one from the excruciating work of original thought".

Daniel Everett