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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Paz e sonhos juvenis

 Quando eu era um jovenzinho sonhador e esperançoso, acreditava que a plenitude humana consistia em "viver em paz consigo mesmo e com o mundo". Mais de duas décadas depois, enquanto termina o verão de minha vida e pressinto os ventos do outono que chega, ainda não encontrei essa paz. Nas pequenas e grandes batalhas da vida, enfrentadas certamente com alguma presunção e muita ingenuidade, encontrei muita fadiga e pouca glória. Nos duros choques com a realidade, meu otimismo juvenil se converteu em um agridoce "pessimismo esperançoso". Talvez eu simplesmente precise dar uma trégua ao mundo, para cultivar alguma paz dentro de mim. Como dizia um grande mestre e amigo, "buscar dentro o que não está fora". Muito me falta ainda para cultivar essa serenidade diante de um mundo que parece desmoronar. Nos refúgios mais profundos de minha alma, ainda que por breves instantes, experimento essa paz. Preciso aceitar o mundo como ele é, sem acomodação cínica, nem revolta estéril, para talvez, algum dia, "viver em paz comigo mesmo" - e, quem sabe, "com o mundo".

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Conselho aos amigos

Aperte o cinto, evite dívidas e poupe o máximo que puder. Provavelmente ainda temos muita turbulência econômica pela frente. Como diz a sabedoria popular, rezemos pelo melhor, mas estejamos preparados para o pior. Se tudo der errado, ao menos teremos alguma reserva para os dias de vacas magras. Por outro lado, se tudo der certo, teremos uns trocados a mais para aproveitar na bonança. Como diz Nassim Taleb, fugir de dívidas sempre é o melhor negócio - talvez não fiquemos ricos, mas evitando dívidas reduzimos as probabilidades de cair na miséria. O momento atual nos convida à frugalidade.



quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Profissionais da demagogia

Trecho de Tentações do Ocidente, de Pankaj Mishra, sobre políticos indianos, mas que bem serve a tantos outros lugares (inclusive nossa amada terra brasilis).


Forças bramânicas, afirmação dalit, integridade da Índia: as palavras representavam certamente algumas realidades reconhecíveis. Mas era possível ver coisas demais nelas e esquecer as intenções simples dos políticos que as usavam, pessoas que nem sempre tinham certeza do que diziam e que, apesar da diferença na retórica, falavam por eles apenas, e no final estavam lutando pelas mesmas coisas. Mal empregadas pelos políticos, as palavras as adquiriram a neutralidade de figuras matemáticas; você conseguia ajustá-las em qualquer lugar na contabilidade confusa da política eleitoral que, numa sociedade econômica e socialmente restrita, tinha-se tornado um meio cada vez mais atrativo para a mobilidade ascendente.


Para a massa dos camponeses e operários, e para a classe média de advogados, médicos, engenheiros, burocratas, professores e homens de negócio, uma nova classe de políticos profissionais tinha sido constantemente acrescentada desde 1947. Milhares de homens surgiram da massa geral de pessoas carentes e adotaram posições importantes dentro das legislaturas nacional e estadual. Homens sem nenhum treinamento ou habilidade especial, algumas vezes nem mesmo uma alfabetização e a oratória básicas. Grande número deles formado por criminosos. Poucos oferecem qualquer coisa além de sua identidade de casta e religiosa. A maior parte fica satisfeita em pilhar os recursos do Estado, e algumas vezes partilham do butim com membros de suas famílias ou grupos de casta. Eles todos procuram poder, o que, em sociedades degradadas pelo colonialismo, muitas vezes aparece separado de qualquer ideia de para que ele vai servir - o tipo de poder que, na maior parte dos casos, é pouco mais que uma oportunidade de elevar-se acima do resto da população e saborear as riquezas do mundo: viagens oficiais a Nova York, passeios de helicóptero, passagens grátis em trens, abastecimento de gás, guarda-costas vindos de "comandos" [das Forças Armadas indianas], carros dirigidos por choferes e multidões de suplicantes do lado de fora da porta.


Por trás da retórica de redenção de casta e religião, deserções, traições, colapso de governos e novas eleições, constantes intrigas em Déli e nas capitais dos estados, por detrás de todo o infinito drama da política na Índia, reside o medo que esses homens, elevados acima de sua posição, sentem: que a qualquer momento a riqueza do mundo possa lhes ser tirada e se vejam devolvidos às casinhas nas aleias sujas, à pobreza e a insignificância das quais a profissão de político os havia resgatado.


Não sei se as palavras são realmente de Lincoln, mas seu valor independe da autoria.