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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Pó e Ruído

Songe, songe Mortel, que tu n'es rien que cendre
Et l'asseuré butin d'un funeste cercueil,
Porte haut tes desseins, porte haut ton orgueil,
Au gouffre du neant il te faudra descendre.

Qu'est enfin un Cesar, et qu'est un Alexandre
Dont les armes ont mis tant de peuples en dueil ?
Ils sont où les grandeurs doivent toutes se rendre
Et toutes se briser comme contre un écueil.

Que ces exemples donc ton esprit humilient,
Et que tes vanitez sous de tels Roys se plient,
Ils furent en leur temps plus que tu n'es au tien!

Cependant il n'en reste après tant de merveilles
Qui furent des humains la perte ou le soustien,
Qu'un peu de poudre au vent, et de bruit aux aureilles.

Poema de Charles Vion d'Alibray

A razão e os clientes

Como não entendemos as cartolas de onde saem os coelhos, acabamos muitas vezes tomando gatos por lebres ou degustando água suja como se fosse refresco. Afinal de contas, o cliente tem sempre razão, especialmente quando lhe falta discernimento. Ainda que por reflexo involuntário, todo ser humano é otário, mesmo quando se prove em contrário.

La condition humaine.

Pastores demais

Com todo respeito aos evangélicos, não aguento mais esses governos - federal, estadual, municipal. É muito pastor para pouca ovelha. Lugar de pastor é no curral ou na igreja - dependendo do tipo de pastor em questão.

Essa avalanche de pastores ocupando cargos comissionados constitui uma ameaça à laicidade da República brasileira e, a meu ver, desrespeita a diversidade de crenças (e descrenças) da sociedade brasileira.

Vale sempre lembrar o sábio alerta do historiador conservador Christopher Dawson: a mistura de política com religião costuma ser prejudicial a ambas, principalmente para a religião. "A César o que é de César, a Deus o que é de Deus".

Por fim,  cabe destacar que não se trata de fenômeno recente. A porteira foi aberta pelas gestões petistas, com seus malsinados "pactos de governabilidade"; o atual governo, em seu oportunismo,  deu uma dimensão muito mais acentuada ao fenômeno, mas não lhe cabe unicamente a responsabilidade por esse estado de coisas. Que cada um assuma a parte que lhe cabe nessa tragédia.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

"Il faut penser, rêver, chercher. Dieu bénit l'homme,
Non pour avoir trouvé, mais pour avoir cherché".
Victor Hugo

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O frágil verniz de democracia que mal encobria nossas tiranias de sempre anda cada vez mais arranhado...
"Um autor quase sempre apresenta apenas um aspecto de um caso, mas qualquer caso pode ser visto de pelo menos sete ângulos, todos provavelmente corretos em si mesmos, mas não corretos ao mesmo tempo e nas mesmas circunstâncias".
Gandhi

sábado, 25 de janeiro de 2020

O Brasil é real?

Parece que cada vez mais nossa Ilha de Vera Cruz se transforma para tornar reais as quimeras dos exploradores e cartógrafos quinhentistas.

Sabarabuçu é logo ali...


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Sou apenas um caçador de borboletas. Desejo apenas a paz necessária para caçar minhas borboletas... Nada mais.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Perspectivas Fluminenses

O otimista vê o copo d'água meio contaminado.

O pessimista vê o copo totalmente contaminado.

O galhofeiro ri, para não chorar...




Buraco sem fundo

A cada novo mandato executivo e a cada nova legislatura acho que chegamos ao fundo do poço. O mandato e a legislatura seguintes, no entanto, sempre me mostram que o buraco pode ser mais embaixo.

Ao sustentar que "pior que tá, não fica", o eminentíssimo Dr. Tiririca desconsiderava a Teoria da Relatividade Política Geral...

Diante das novas desgraças, chego a sentir saudades das anteriores. Não há fundo do poço para quem se vê tragado por um buraco negro...

São Einstein que nos proteja!

No fundo do buraco negro há outro buraco negro...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

É possível ser um bom cristão até (talvez principalmente) na condição de vítima, mas é IMPOSSÍVEL ser um bom cristão na condição de algoz.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

América: Besta Colonial

América:
Besta Colonial,
Diabólico Experimento,
Ferida Gigante,
História Indecente

Juntas Loucas,
Meretrizes Nuas;
Príncipes Oportunistas,
Querendo Riquezas

Sinistro Território,
Ultraje Venal,
Xepa Zangada

Zumbi Xenófobo,
Vítima Usada,
Triste, Saqueada

Rios Quentes,
Pelos Óbitos
Nas Matas

Livres Jaguares,
Indígenas Homicídios;
Gente Ferrada,
Escravos, Delitos

Colonizada,
Bestial,
América


Delírios Anarcocapitalistas

E se o dono da rodovia privada quiser me cobrar pedágio, meto um míssil balístico nele e na cidade empresarial [sic] dele!

E eu achava que com Olavo de Carvalho já tínhamos encontrado o fundo do poço... O buraco sempre é mais embaixo.

Das boas maneiras

Certos políticos brasileiros precisam, antes de tudo, aprender lições muito básicas de boas maneiras - por exemplo, que é "feio" comemorar a morte de outros seres humanos, por pior que se julgue o defunto; inclusive aprendi isso com meu avô, que matou gente na II Guerra, mas era um homem muito educado, um verdadeiro gentleman em quase todos os sentidos do termo. Começaria dando-lhes O processo civilizador, de Norbert Elias, para ler (supondo que sejam devidamente alfabetizados) e, quem sabe, entender que a etiqueta deles está cerca de 600 anos desatualizada.

A alguns faltam até as mais elementares "manières de table"...

sábado, 4 de janeiro de 2020

O que penso do Brasil

Reflexão adaptada de correspondência pessoal

Quanto ao que penso do Brasil... Olha, nem sei mais o que pensar!

Estou concluindo a leitura de um livro sobre Euclides e Canudos (Euclidiana, de Walnice Nogueira Galvão) e muitos elementos me deixaram profundamente pensativo sobre as correntes mais "subterrâneas" de nossa formação nacional. Uma das coisas que me "chocou" foi me dar conta do quão próximos ainda estamos de Canudos - nunca tinha me apercebido de que o Arraial de Canudos foi esmagado em outubro de 1897 - minha bisavó, que cheguei a conhecer, nasceu dois meses depois. Entre Canudos e nós, há poucas gerações. 

Me fez pensar num vizinho de minha avó, que já nos anos 1950 dizia que a situação do Brasil era "culpa da Princesa Isabel" - o mundo à beira da corrida espacial e o sujeito ainda não tinha digerido a Abolição! Fico pensando que esse camarada deixou por aí filhos e netos, cuja formação cívica bem imaginamos. Não duvido que esses 20-30% de eleitores ultrabolsonaristas sejam simbolicamente netos desse vizinho de minha avó.

Voltando a Canudos, o livro tem um ensaio muito interessante acerca da correspondência do barão de Jeremoabo, um figurão baiano da virada do Império para a República, que tinha quase 60 fazendas só na Bahia, mais algumas em Sergipe, influência na política nacional, uma vasta rede de compadrio e muitos correspondentes em território baiano. Entre a correspondência passiva do barão se encontram verdadeiras barbaridades no que concerne a Canudos. 

Em uma das cartas mais chocantes, um dos missivistas se revelava descontente com o fim da campanha - segundo ele, o Exército "degolou pouco"; pior ainda, lamentava que as mulheres e crianças sobreviventes do arraial tivessem sido poupadas, pois representariam apenas despesas para o Estado. O mais chocante não é a carta em si, mas o fato de quão atual ela soa aos nossos ouvidos. Não é substancialmente diferente do que vemos por aí na Internet, nas redes sociais, no jornalismo policial, em certas igrejas neopentecostais ou até nas tribunas parlamentares. Consigo perfeitamente imaginar certos políticos brasileiros articulando o mesmo tipo de pensamento que o obscuro correspondente do barão de Jeremoabo.

Nosso passado é sombrio e deixou em nossa formação cultural sombras que se projetam com redobrada força ao menor sinal de crise, como feras sempre ameaçando fugir da gaiola onde sustentamos temporariamente a ilusão de tê-las definitivamente aprisionado. Há em nossa cultura (et pour cause) uma pulsão de morte que, até agora, não fomos capazes de domesticar. O Brasil de Bolsonaro, penso eu, é apenas um epifenômeno derivado desses traços culturais de longuíssima
duração. 

Me pego pensando em Sérgio Buarque de Holanda, que dizia que uma das tarefas do historiador seria "exorcizar os fantasmas do passado". É um desafio e tanto. Precisamos cultivar uma mentalidade mais saudável. Provavelmente seria obra de séculos e talvez seja empreendimento além das forças humanas, mas, como pessimista esperançoso que sou, estimo ser preferível morrer tentando, como "o velho louco que desejava mover as montanhas", do folclore chinês.

Enfim, é o que consigo pensar do Brasil no presente momento.


Post-Apocalypse Now

Hoje, pela janela do táxi, como numa tela, vi um pedinte na Radial Oeste, já um tanto idoso, talvez precocemente envelhecido pelas durezas da vida. Sem camisa, corpo e rosto exibiam as marcas da miséria e da indigência. Aquele homem, nitidamente, é um sobrevivente do construto barroco e surrealista que costumamos chamar "Brasil", simbolicamente - talvez literalmente - descendente dos "desclassificados" e "indesejáveis" de outrora.

Em nossa fantasia, gostamos de imaginar futuros "pós-apocalípticos", onde alguma catástrofe qualquer (guerra nuclear, epidemia, colapso ecológico...) reduz a humanidade inteira à condição de miséria extrema, sobrevivendo como pode nos destroços da civilização ocidental. Em nossas confortáveis vidas de classe média, fantasiamos mundos pós-apocalípticos através das páginas de algum livro ou de uma tela (de cinema, TV ou smartphone); bastaria olhar através da janela do táxi, do carro, do ônibus, do trem, do metrô (Linha 2)...

Quando passamos pela Radial Oeste, pela Linha Vermelha ou pela Cracolândia do Jacarezinho temos vislumbres de um mundo "pós-apocalíptico", aqui e agora. Vislumbramos tudo isso de passagem, sempre de passagem.

Heróis sobreviventes em ficções pós-apocalípticas costumam ser galãs hollywoodianos caracterizados com certo glamour decadente, sobreviventes bem-alimentados "kicking-ass" com figurino e maquiagem "gritty" num Far-West futurista. Ilusões para uma classe média que se olha num espelho deformante (e importado).

Aquele senhor que vi hoje é um Mad Max da vida real, entre tantos outros que vagam pelas grandes metrópoles mundo afora, aquém da Cúpula do Trovão...

As margens das sociedades humanas sempre foram apocalípticas; o "pós" é perfeitamente dispensável.