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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Onde estarão os inocentes?

Alguém mais ficou intrigado com ESSE trecho aqui?

"O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege O LULA, protege todo mundo".

Fico com a impressão de que a Dilma e o Lula aparecem nessa conversa mais como aliados ineficientes que como obstáculos a serem removidos...

Aguardemos os próximos capítulos...

terça-feira, 17 de maio de 2016

"Lamentações de Ipuwer"

Trechos das Lamentações de Ipuwer, texto produzido no Egito, durante período de crise do Antigo Império; transcritos de Dinâmicas da História do mundo, de Christopher Dawson

"Pasmem, estrangeiros chegaram à nossa terra. Os homens do Egito não são mais encontrados em lugar algum. O povo do deserto tomou o seu lugar. A terra está desolada, os lares abandonados. Arqueiros de um país estranho chegaram ao Egito.

A barca do Alto Egito está à deriva. As cidades estão destruídas. Os homens fogem terra adentro, para morar em tendas.

As estradas estão vigiadas. Os homens ficam de tocaia na beira dos caminhos para infligir ao viajante uma morte humilhante, roubando-lhe os bens.

O gado permanece desgarrado. Não há mais homens para cuidar do gado. Quando o Nilo transborda, ninguém ara, pois dizem, 'Não sabemos o que pode acontecer'.

O sangue se esparrama por todos os lados. A morte impera. Os homens são poucos, e aquele que enterra seu irmão está em toda parte. As mulheres ficaram estéreis,  pois o Criador não confecciona mais homens, por causa do estado da terra.

[...]

Os nobres estão aflitos e a turba regozija-se. Toda cidade diz: 'Venha e nos deixe derrubar aqueles que têm autoridade entre nós'.

A terra gira como a roda do ceramista. Ladrões se tornam homens de respeito e os ricos são saqueados. Os grandes estão famintos e aflitos, ao passo que aqueles que serviam têm agora servidores. Ele, que transportava mensagens para outros, agora manda mensagens para fazer valer sua autoridade.

O pobre possui os ricos. Aquele que andava descalço agora guarda tesouros. Aquele que não tinha uma vaca possui rebanhos. O luxo se espalha entre o povo. Ouro e joias adornam o pescoço dos escravos, mas as patroas dizem, 'Ah, se tivéssemos algo para comer!'. As veneráveis senhoras sofrem como servas. Suas escravas são, agora, patroas de suas bocas.

Aqueles que construíam túmulos para si se tornaram empregados; aqueles que remavam no barco de Deus estão sob o porrete. Os homens não velejam mais para Biblos. Que faremos para obter o cedro para nossas múmias, em cujo produto os Puros são enterrados, e cujo óleo embalsama o príncipe, desde a distante terra de Keftiu (Creta)? Eles não mais retornam. O ouro e as coisas preciosas desapareceram. Os homens jogam seus mortos no rio. O Nilo se transformou num cemitério.

[...]

Pasmem! Aquilo que outrora nunca foi veio a se passar. O Rei foi levado por homens da destruição. Homens sem fé ou entendimento privaram nossa terra de sua realeza. Eles se revoltaram contra a Coroa Sagrada, o defensor de Rá, o qual faz reinar a paz nas Duas Terras. A Serpente foi retirada de seu lugar, e o segredo dos Reis da Terra Alta e Baixa está desnudado.

Da sublime Sala do Julgamento os escritos foram levados, seu interior está exposto. As repartições do governo foram abertas e seus escritos foram levados, de forma que os servos se tornam senhores de servos. Ai de mim, pela maldade desta geração! Os registros contábeis dos escribas foram levados. O grão do Egito é de quem vier pegar.

As leis da Sala do Julgamento são jogadas fora. O pobre as quebra em público nas ruas. O pobre participa da grandeza da Divina Enéada, enquanto os filhos dos príncipes são jogados nas ruas.

As coisas vistas no passado pereceram. A terra se encontra exaurida, como o linho seco. Seria o caso de se dar o fim do homem, que a concepção e o nascimento falhassem! Para que o choro da terra cessasse e o conflito deixasse de existir!

Quando Rá criou o homem, ele primeiro não separou o virtuoso do profano? É dito que ele é o Pastor dos Homens. Quando seu rebanho está disperso, ele o vigia, ajuntando-o novamente.

Caso ele tivesse percebido, desde o início, a natureza deles, então teria estendido seu braço, destruindo a erva daninha. Mas nesta época, não há mais um condutor. Onde está ele? Dorme? Seu poder não pode ser visto".

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Só pra não esquecer...

"Eu tenho um vice que é uma pessoa experiente, séria, que tem uma tradição política, que eu tenho certeza que saberá honrar e me substituir à altura".
Dilma Rousseff

para lembrar que o PT vendeu a alma ao Diabo, mas agora não quer ir para o inferno... Triste desfecho dos tristes "pactos de governabilidade" que "viabilizavam" tantas conquistas sociais...

Ou, como dizia um amigo alguns meses atrás, o PT se tornou uma espécie de Dorian Gray; o desfigurado retrato agora saiu do sótão e está nas ruas, mas ninguém aguenta encará-lo...

Disse em 2014, e repito ainda: sou socialista demais para apoiar o PT...

"Não se rende à chuva"

Poema de Miyazawa Kenji

Não se rende à chuva
Não se rende ao vento
Não se deixa render por neve nem calor de verão
Tem um corpo forte e robusto
Não tem nenhum desejo
Nunca perde a paciência
Está sempre calmo a sorrir
Come quatro porções de arroz integral,
Missô e alguns vegetais por dia
Em todas as coisas
Não se importa consigo próprio
Aprende de ver e ouvir os outros
E nunca se esquece
Vive numa cabana coberta de palha
À sombra da floresta de pinheiros dos campos
Se houver uma criança doente no leste
Vai até lá e cuida dela
Se houver uma mãe cansada no oeste
Vai até lá e carrega-lhe o feixe de arroz
Se houver alguém prestes a morrer no sul
Vai até lá e diz-lhe para não ter medo
Se houver discórdia e litígio no norte
Vai até lá e diz-lhes para parar pois não vale a pena
No tempo de seca, derruba lágrimas
No verão frio, caminha todo confuso
É chamado por todos de "Cabeça de Bagre"
Nunca é elogiado
Ninguém se preocupa com ele
Este é o tipo de pessoa
Que eu almejo me tornar

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Carta aberta à Direção do SINDPEFAETEC



05/05/2016

Caros diretores,

Não pertenço a nenhum grupo de “oposição”; falo apenas em meu nome, mas acredito que muitos outros colegas concordarão ao menos com algumas de minhas opiniões e sugestões. Meu texto pode parecer duro, mas asseguro que a intenção é conciliadora, e que minhas críticas trazem propósito construtivo.

Ao que tudo indica, nossa greve será longa e desgastante. É quase natural que nesse processo emerjam discordâncias e desavenças, que põem em risco o andamento do movimento e a própria subsistência de seus participantes (como sugere nosso último contracheque).

Nessas condições, uma direção sindical efetivamente democrática deve priorizar, antes de tudo, o amplo diálogo com a base – afinal de contas, o que se pode esperar de uma direção sindical que não ouve à base e não mostra empenho em corresponder aos anseios manifestados pelos grevistas? Somente através de um diálogo amplo e de uma postura conciliatória a direção poderá oferecer aos servidores em greve condições de desenvolver um movimento coeso e consistente, capaz de atingir conquistas trabalhistas efetivas e plenas.

Até aqui, não temos visto tal conduta por parte da direção do SINDPEFAETEC. Pelo contrário, os diretores vêm adotando uma postura intransigente e autoritária, que em lugar de dirimir conflitos e evitar tensões, as tem constantemente exacerbado, resultando em assembleias excessivamente longas e, principalmente, conflituosas, inspirando pouca confiança à categoria num momento de greve, que é sempre delicado. Quando a direção monopoliza o microfone, apenas as vaias sobram à categoria - infelizmente.

Afirmo, muito pessoalmente, que essa situação me deixa desanimado, desesperançoso e descrente quanto aos prováveis resultados de nosso movimento.

Como servidor e grevista, me sinto no dever de COBRAR da direção do sindicato, em particular dos condutores das mesas durante as assembleias uma postura mais democrática, aberta ao diálogo e respeitosa às deliberações dos grevistas reunidos em assembleia. Enfim, QUEREMOS MAIS DIÁLOGO.

Uma das principais reivindicações da categoria tem sido pela participação de representantes da base AO LADO da direção durante o processo de negociação. Me parece uma demanda justa, legítima e democrática, que tende a aumentar a representatividade trabalhista. Pelo contrário, a defesa intransigente e inflexível de uma determinada intepretação do estatuto por parte da direção sindical contra essas demandas tende apenas a exacerbar os conflitos e atrapalhar o já complicado andamento da greve. Ao menos, me parece, essa situação merece ser discutida com franqueza; creio sinceramente que o acolhimento dessas demandas por parte da direção ajudaria a dirimir tensões e superar impasses, ao mesmo tempo ampliando a confiança dos grevistas no movimento. Imagino que ganhamos muito mais que perdemos com a constituição de uma comissão de negociação ampla, representativa e democrática. Pouco importa o nome que se dê a esse arranjo – pode até ser “comando de greve” (ou não).

Nossa greve pode e DEVE ser diferente do que tem sido até agora. Espero, sinceramente, que a direção do sindicato consiga adotar outra postura, viabilizando a resolução de nossos conflitos através do diálogo e da conciliação, de modo a construir um movimento grevista democrático, participativo e capaz de trazer efetivas mudanças e melhorias aos servidores e estudantes da rede FAETEC.

Cordial e respeitosamente,
Prof. Luiz Tavares
E.T.E. Visconde de Mauá

terça-feira, 3 de maio de 2016

Impérios, culturas e "globalização"

Extrato do ensaio A sociologia e a teoria do progresso, de Christopher Dawson, originalmente publicado em 1921

"Até agora, a ciência histórica não tem se preocupado com as unidades espirituais que são as civilizações, mas, somente, com as unidades políticas, o Estado e o Império. Tem-se buscado dar a eles uma interpretação em termos raciais ou políticos, em vez de relacioná-los à cultura mundial ou à vida regional. Uma vez que consideremos raça como divorciada da região e da civilização, ela se torna uma abstração perniciosa, a qual falsifica toda a visão histórica. Disso são testemunhas as falsas generalizações de historiadores ingleses e alemães de meados do século XIX, além do curioso misticismo racial de escritores como Houston Stewart Chamberlain. Ainda mais comum e perigosa é a errônea leitura da história de cunho político-imperialista, a qual sempre justifica o vencedor, medindo os valores sociais sob o ponto de vista do poder material. Esse é o erro que está na base da maior parte de nossas concepções errôneas de progresso, o qual forja uma falsa ideia sobre os meios de unificação social. Diferentemente da civilização que se configura como uma cooperação espiritual de sociedades regionais, o imperialismo se estrutura através de uma unificação forçada e externa, a qual pode ferir ou até mesmo destruir os delicados organismos da vida local. Ele só pode ter real valor para uma cultura se atuar como servidor de uma unidade cultural ou de uma força espiritual que já exista, como no caso do Império Romano, que se apresentava como servidor do helenismo, do Império Bizantino, servidor do cristianismo, ou do Chinês, servidor do confucionismo. Nos últimos cinquenta anos, o imperialismo, seja ele de ordem militar ou econômica, tendeu a prevalecer sobre o elemento espiritual na sociedade mundial europeia. A organização econômica do mundo ultrapassou, em muito, sua unidade espiritual, e o desenvolvimento natural da vida regional tem sido reprimido, ou simplesmente substituído, por um poder mundial menos vital, mas mecanicamente mais forte. Portanto, a grande cidade moderna, em vez de realizar a verdadeira vocação da cidade, que é promover o encontro e o casamento entre a região e a civilização, acaba não sendo nem regional, nem cultural, mas apenas o mero produto de uma indústria mundial e de um imperialismo econômico.

Essas forças são, de fato, parte de um movimento de degeneração, assim como de crescimento, ainda que elas tenham sido saudadas mundo afora como as reais depositárias da civilização e do progresso. O verdadeiro progresso, todavia, não consiste num avanço quantitativo em riqueza e em números, nem mesmo num avanço qualitativo em tecnologia e controle dos recursos materiais, apesar de todos eles desempenharem um papel secundário em seu movimento. O fator essencial do progresso corresponde a um processo de integração, uma união crescente entre o espírito de toda a civilização e a personalidade da sociedade local. Essa evolução de uma consciência de grupo mais rica e mais plena pode ser traçada na história de todas as épocas que nos são conhecidas. Linhas de progresso parcial, contínuas melhorias nas artes, por exemplo, são obscuras e frequentemente é impossível rastreá-las, mas esse grande movimento de integração, o qual tem prosseguido, quase sem interrupção, da aurora da civilização nos vales dos grandes rios até o presente momento, é real e incontestável. Também não podemos dispensar como mera utopia a ideia de que esse processo continue até que a humanidade como um todo encontre expressão social - não necessariamente sob um Estado - mas numa civilização comum e numa consciência comum -, uma síntese na qual cada região leve sua contribuição para o todo, sem perder sua própria alma sob a pressão da mão morta do imperialismo mundial".