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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Esperanças para uma humanidade esvaziada - Pensamentos de Martin Luther King

Fábricas imensas comandadas por computadores, cidades que engolem a paisagem e atravessam as nuvens, aviões que desafiam a noção de tempo - todas essas são coisas impressionantes, mas não podem ser espiritualmente inspiradoras. Nada em nossa resplandecente tecnologia pode elevar o homem a novas alturas, porque o crescimento material foi transformado num fim em si mesmo, e, na ausência de propósitos morais, o próprio homem se torna menor à medida que suas obras se tornam maiores. Indústria e governo gigantescos, combinados num intrincado mecanismo computadorizado, deixam as pessoas de fora. O senso de participação é perdido, o sentimento de que indivíduos comuns podem influenciar decisões importantes desaparece, o homem fica excluído e diminuído.

Quando um indivíduo não é mais um verdadeiro participante, quando não se sente mais responsável por sua sociedade, o conteúdo da democracia é esvaziado. Quando a cultura é degradada e a vulgaridade entronizada, quando o sistema social não gera segurança, mas induz perigo, o indivíduo é inexoravelmente impelido a se afastar dessa sociedade sem alma. Esse processo produz alienação - talvez a característica mais disseminada e insidiosa da sociedade contemporânea.

***

Muitas vezes me pergunto se a educação está ou não atingindo seu objetivo. A grande maioria das pessoas ditas instruídas não pensa de maneira lógica e científica. Até a imprensa, a sala de aula, os palanques e o púlpito, em muitos casos não nos dão verdades objetivas e imparciais. Salvar o homem do pântano da propaganda, em minha opinião, é um dos principais objetivos da educação. A educação deve permitir que a pessoa examine e pese as evidências, tenha discernimento para diferenciar o verdadeiro e o falso, o real e o irreal, os fatos e a ficção.

A função da educação, portanto, é ensinar a pensar intensamente e a pensar criticamente. Mas a educação que se contenta com a eficiência pode se provar a maior ameaça à sociedade. O criminoso mais perigoso pode ser o homem dotado de razão, mas não de moral.

Devemos lembrar que inteligência não é o bastante. Inteligência mais caráter - esta é a meta da verdadeira educação. A educação completa dá à pessoa não somente poder de concentração, mas objetivos dignos em que se concentrar. A educação ampla transmitirá, portanto, não só o conhecimento acumulado da raça [?], mas também a experiência acumulada da vida social.

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O progresso humano não é nem automático nem inevitável. Mesmo uma olhadela superficial na história revela que nenhum avanço social chega sobre as rodas da inevitabilidade. Cada passo rumo à meta da justiça requer sacrifício, sofrimento e luta, requer os esforços incansáveis e o interesse apaixonado de indivíduos dedicados. Sem esforço persistente, o próprio tempo torna-se um aliado das forças insurgentes e primitivas do emocionalismo irracional e da destruição social. Não é hora para apatia ou complacência. É hora para ação vigorosa e positiva.

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Devemos trabalhar apaixonada e infatigavelmente para transpor o golfo entre nosso progresso científico e nosso progresso moral. Um dos grandes problemas da humanidade é que sofremos de uma pobreza do espírito que contrasta obviamente com nossa abundância científica e tecnológica. Quanto mais ricos nos tornamos materialmente, mais pobres nos tornamos moral e espiritualmente.

Todo homem vive em duas esferas, a interna e a externa. A interna é a esfera dos fins espirituais expressos na arte, na literatura, na moral e na religião. A externa naquele complexo de aparelhos, técnicas, mecanismos e instrumentalidades por meio dos quais vivemos. Nosso problema hoje é que deixamos o interno se perder no externo. Permitimos que os meios pelos quais vivemos suplantassem os fins para os quais vivemos.

Martin Luther King com seus filhos Yolanda e Martin


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Outro lamento contra a barbárie

Lá se vão mais de dez anos escrevi um lamento sobre as multidões que ganharam as ruas dos Estados Unidos para comemorar a morte de Osama Bin Laden.


Da mesma forma, lamento hoje todos os comentários mesquinhos e piadas publicados na Internet acerca da morte de Olavo de Carvalho.


Comemorar e ironizar a morte de qualquer ser humano, por mais perverso que seja, é um gesto que nos rebaixa, não apenas em termos individuais, mas principalmente no plano coletivo.


É ainda mais triste constatar que muitos dos que hoje debocham da morte de Olavo de Carvalho estavam entre aqueles que se sentiram indignados com a falta de respeito à morte de Marielle Franco. Falta aqui, no mínimo, uma boa dose de reflexão e autocrítica.


Não pretendo aqui julgar ninguém; admito que eu mesmo não consegui conter o riso diante de algumas das piadas que chegaram a mim, as quais, por razões óbvias, não passei adiante.


Justificar tal atitude pelas falhas de caráter do próprio falecido é cultivar tais falhas dentro de nós mesmo e, em certo sentido, perpetuar o legado de ódio, grosseria e intolerância que ele deixou.


Como bem dizia Carlos V, "não faço guerra aos mortos"; que Olavo de Carvalho descanse em paz.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Gandhi e a Democracia nos EUA

Trecho de resposta de Gandhi a um americano, publicada no jornal Harijan, em 18 de maio de 1940

Minha noção de democracia é que, sob ela, os mais fracos devem ter a mesma proteção que os mais fortes. Isso não pode acontecer jamais a não ser através da não violência. Atualmente, nenhum país no mundo mostra uma consideração condescendente com os vulneráveis. O mais fraco, como é dito, vai para o paredão. Observe o seu próprio caso: sua terra pertence a alguns proprietários capitalistas. O mesmo se aplica à África do Sul. Essas grandes propriedades só podem ser sustentadas pela violência velada, ou até mesmo aberta. A democracia ocidental, como funciona hoje, é diluída no nazismo ou no fascismo. Na melhor das hipóteses, é apenas uma capa para esconder as tendências nazistas e fascistas do imperialismo. Por que existe a guerra hoje, se não para a satisfação do desejo de compartilhar os despojos? Não foi através de métodos democráticos que a Grã-Bretanha colonizou a Índia. Qual é o significado da democracia sul-africana? Sua própria Constituição foi elaborada para proteger o homem branco contra o homem negro, o ocupante natural. Sua própria história é talvez ainda mais sombria, apesar do que os estados do Norte fizeram pela abolição da escravidão. A maneira como vocês têm tratado os negros apresenta um registro desonroso. E é para salvar essas democracias que a guerra [II Guerra Mundial] vem sendo travada. Há algo muito hipócrita nisso.
Exemplo de segregação racial institucionalizada no sul dos EUA através das chamadas "Leis Jim Crow".

A curto prazo, dias piores virão; a longo prazo, como dizia Keynes, todos estaremos mortos. Mantenhamos o foco no médio prazo...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

"Autor: Deus"

Navegando em um famoso site de compras, minha esposa esbarrou por acaso em uma edição da Bíblia. No campo "autor", o vendedor preencheu simplesmente "Deus". Me parece muito emblemático do papel que a Bíblia ainda ocupa no imaginário ocidental e na sociedade brasileira. Para além das sutilezas teológicas que geralmente retratam a Bíblia como escritura divinamente inspirada, há quem entenda (e não pouca gente) a noção de "palavra de Deus" em um sentido bastante literal. Uma persistência cultural ao mesmo tempo fascinante e inquietante...



quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

O fascínio de Gandhi

 "Mesmo que minha crença seja uma ilusão agradável, será admitido que é uma ilusão fascinante".

Mohandas K. Gandhi

Tempus fugit

Todo passado já foi futuro. 

Todo passado já foi presente. 

Todo presente já foi futuro. 

Todo presente será passado.

Todo futuro será presente.

Todo futuro será passado. 

Tempus semper fugit.