Uma das características mais interessantes do livro é sua rica abordagem da, digamos, concretude da escrita, ou seja, dos diversos suportes e instrumentos usados ao longo dos séculos para escrever (pedra, argila, papiro, pergaminho, papel; pincéis, estiletes, cálamos, plumas, canetas, prensas tipográficas, entre muitos outros) e, mais importante, discute como esse aspecto físico da escrita influenciou o desenvolvimento de seu conteúdo e suas possibilidades e modos de circulação e difusão.
Além disso, a obra discute de modo instigante os significados sociais da escrita e seus agentes em cada época e lugar: o que é ser um escriba na Mesopotâmia ou um copista medieval? Um cidadão alfabetizado no Império Romano e na sociedade atual? Também é interessantíssimo o último capítulo do livro, que aborda a decifração das escritas antigas, como o célebre caso de Champollion e da escrita hieroglífica, entre outros.
Deve-se destacar também que a obra é ricamente ilustrada, tornando sua leitura uma experiência visual única. O autor é linguista e semiologista. Recomendo fortemente a leitura por sua rica abordagem sobre a escrita, levando-nos a refletir sobre esse fenômeno sócio-cultural e perceber dimensões inesperadas no ato tão simples de escrever.
O livro faz parte da coleção "Descobertas Objetiva", versão brasileira da excelente "Découvertes Gallimard". Segue uma "degustação" das imagens do livro:
Placa de argila com escrita cuneiforme (Mesopotâmia)
Instrumentos de escrita (Egito)
Estatueta de homem escrevendo (Grécia)
Preparo do couro de carneiro para transformação em pergaminho (Idade Média; ilustração posterior)
Oficina tipográfica (século XVII)
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