É fácil mentir usando estatísticas, especialmente quando a própria
estatística parte de estimativas duvidosas.
Por exemplo, acabo de ler
que talvez 1 milhão de mulheres francesas sejam vítimas de violência
sexual ou doméstica por ano. Acho que está muito majorado. Se fosse
verdade, em 30 anos TODAS as mulheres francesas teriam sido vitimadas.
Tendo a duvidar.
Enfim, UMA única mulher violentada ou agredida já é
grave suficiente para mim; não vejo necessidade de recorrer a exorbitâncias
estatísticas para ficar indignado com a situação. Pelo contrário,
tentativas de quantificar o sofrimento humano muitas vezes me
escandalizam. Para uma mulher estuprada, pouco importam os números. A
dor infinita, multiplicada por 2, 5, 10 ou um milhão, permanece infinita
em qualquer caso. É questão de intensidade, não de quantidade. Os historiadores nunca chegaram a uma estimativa confiável dos mortos no massacre de São Bartolomeu - ainda assim, não há dúvidas sobre sua monstruosidade.
Por
sinal, "gravis" em latim significa "pesado". De fato, acho que a
oposição peso versus quantidade sugere uma maneira relevante para pensar o
problema - ou "ponderar" sobre ele.
Enfim,
um país onde apenas uma mulher fosse estuprada por ano seria certamente
menos pior que um país onde isso ocorresse com um milhão; ainda assim,
seria uma insuportável dose de sofrimento.
Está
lançada a polêmica...
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