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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Superar o binômio esquerda-direita? Breves notas

- Acho que nesse momento as críticas à esquerda são necessárias e bem vindas, venham de onde quer que venham. Estamos numa encruzilhada, e encruzilhadas são momentos importantes para a reflexão - reflexão que já chega atrasada, inclusive. 

- Quanto à quase-eleição do Freixo, considero que foi vitoriosa em quase todos os sentidos. Esse "quase" tem muitas nuances significativas: mostra que há limitações e desafios, mas também um grande potencial para mudanças. 

- Até 2018 ainda vai acontecer muita coisa no Brasil e no mundo, e acho (ou espero) que o mandato presidencial 2018-2022 será um mandato de apaziguamento e acerto de contas. Até 2020, a esquerda em todos os seus registros (partidário, sindical, estudantil, social etc) pode  e deve se renovar. Muito dependerá do desfecho da Lava-Jato, e das reações que partirão da própria esquerda. A construção futura da memória de Lula e do PT também desempenharão um papel decisivo. Quanto ao PSOL, terá um papel cada vez mais importante nesse panorama, mas acho que não se tornará um "senhor das esquerdas" nos moldes do PT. Espero que também não se entregue ao discurso messiânico e ufanista em estilo petista. Depois do brizolismo e do lulismo, espero que não venha por aí o freixismo... 

- A figura do "trabalhador" precisa retornar vigorosamente à cena política, e o palco privilegiado para essa ação não são os partidos políticos, nem os sindicatos (aparelhados por esses mesmos partidos); acho que as agremiações independentes de trabalhadores podem realizar um importante papel nessa história, desde que não se tornem meros nichos de oposição sindical. O século XXI precisa reinventar o trabalhismo.

- Finalmente, espero que nos próximos anos tenhamos, no mundo inteiro, o vigor cultural necessário para superar de uma vez por todas esse engessado e anacrônico binômio esquerda-direita, que funciona cada vez menos. Não gosto dessa glosa emergente e cada vez mais frequente à esquerda, que tenta vestir os mesmos bonecos como "progressista" e "conservador" - embora me pareça um sinal de transformação que se esboça nessas linguagens. Minha principal crítica ao termo "progressista" é seu cheiro iluminista; os "progressistas" realmente sabem em que direção fica o "progresso"? Como o "progresso" escolhe seus arautos?

Quanto aos "conservadores", eles estão aí e chegaram para ficar (sempre estiveram, na verdade). Não teremos como subjugá-los (nem seria positivo); resta ouvi-los, tentar compreende-los e estabelecer linhas de diálogo.  

- O mundo anda cada vez mais repleto de muros, e eles não estão em Berlim...

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