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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Das chances de errar

Errar é humano, muito humano. Nossas chances de acertar são elevadas apenas em situações banais, triviais, simplórias e irrelevantes - como em pequenas operações do cotidiano e na resulação de problemas intelectuais como soletrar uma palavra de uso corriqueiro ou somar pequenos números.

Conforme a complexidade das situações aumenta, as probabilidades de errar crescem em proporção direta. Nas circunstâncias da vida de maior relevância existencial devemos nos sentir gratos se as chances de erro e acerto forem meio a meio, 50% para cada lado.

Nas questões mais vitais, singulares e desafiadoras, as chances de erro costumam ser elevadíssimas, e por vezes a probabilidade de 1% de acerto deve ser considerada uma dádiva generosa.

O erro é inevitável e nos acompanha do nascimento à morte. Tudo que podemos fazer é tentar aprender com esse grande mestre - o que, infelizmente, não costumamos fazer: erramos repetidamente e até orgulhosamente.

Formigas e até elefantes provavelmente  cometem muito menos erros que o bicho-homem ao longo de suas vidas. Apesar de nosso intelecto, talvez mesmo por causa dele, nos vemos constantemente inclinados a errar. O ser que inventa o arco é o mesmo que falha com suas flechas. Individual e coletivamente criamos condições de vida tão complexas que o acerto exige nosso melhor e mais um pouco. Na maioria das vezes perambulamos na periferia do alvo; encontrar seu centro geralmente exige muita perícia e um pouco de sorte. Com efeito, errar é humano, muito humano.

Para cúmulo da ironia, embora seja uma operação trivial, errei várias vezes na tentativa de inserir essa imagem. A inclemente Fortuna zomba de mim...

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