Recipiente puro e cristalino, nosso mundo meramente transparece o pestilento veneno humano que contém. E não é mau que seja assim - muito pelo contrário. Do veneno nascem remédios. Todo pharmakon é bicéfalo.
Talvez esse purgatorial mundo seja apenas ínfima peça de um inimaginável alambique, capaz de operar fabulosas transformações. E se todos os vícios forem paradoxais ingredientes de um virtuoso elixir? E se o profundo abismo for berço de arcanjos? E se a Terra que pisamos for gigantesca pedra filosofal em celeste carreira ao redor do dinâmico fogo solar?
O sublime nasce do grotesco de maneiras que mal sonham nossas grotescas consciências...
Viaduto de Madureira, Hell de Janeiro, 24 de agosto de 2018, sexta-feira
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