Mais perdas irreparáveis de nosso inestimável e inestimado patrimônio paleontológico, arqueológico, etnográfico, botânico, zoológico...
Do pouco que temos, é triste que percamos sempre tanto. Perdemos até o que nem imaginávamos que tínhamos.
Sonhamos baixo e nos contentamos com pouco. Qualquer migalha nos satisfaz.
Para usar o velho ditado, somos como burros contemplando palácios. Pior: somos burros incendiando palácios.
Sempre zelosos com o efêmero, seguimos consumindo o que deveria ser duradouro.
Choramos quando uma catedral arde em Paris, mas pouco nos importa que arda (mais) um museu em nosso próprio solo.
Caminhamos a passos largos para vencer o campeonato mundial da pandemia e dos pandemônios.
Seria fácil, fácil demais, culpar este governo, os anteriores ou os próximos - pois novas perdas, infelizmente, hão de vir.
Somos um povo que se construiu marcando peles a ferro quente. Fogo, brasas e fumaça são nossa herança, nossa sina, nossa marca.
Em muitos sentidos, sentidos demais, literais e figurados, imbricados e superpostos, o Brasil se posiciona na vanguarda da triste arte da ocultação de cadáveres.
Queimar e cremar...
Cremar e queimar...
Passado, presente, futuro: carvão, fuligem, cinzas.
Noite ou dia, o fogo nunca se apaga.
Um comentário:
Lamentável! Me lembrou o incêndio do Museu Nacional!
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