Acabo de saber que ele já está lançando um livro sobre o COVID-19, o colapso capitalista etc. Rápido no gatilho, como sempre; eis um comunista que sabe faturar no mundo capitalista. E, em terras btasileiras, a Boitempo junto com ele. Um autor oportunista com uma editora igualmente oportunista - parceria perfeita. Por sinal, a julgar pelo preço dos livros, a Boitempo me parece curiosamente desinteressada em ser lida pelo "proletariado". Sequer consigo imaginar um trabalhador que viva de salário mínimo comprando um livro da Boitempo.
A bem dizer, acho que uma boa HQ de Alan Moore vale uns dez ensaios de Zisek - e nem precisa ser um clássico como V de Vingança; pode até ser um daqueles Contos do Robocão, do comecinho da carreira.
Para mim, Zisek já começa perdendo por ser lacaniano; não dá para levar Lacan a sério. Até Lévi-Strauss, que era amigo pessoal de Lacan dizia que não o lia, maroto como sempre, por se confessar "incapaz de entender a obra de Lacan". Além do mais, nunca entendi muito bem a necessidade de evocar a psicanálise lacaniana para ornamentar as platitudes zisekianas.
Pensando melhor, é realmente necessário: platitudes intelectuais só transmitem alguma aparência de relevância quando devidamente ornamentadas, para seduzir aquele tipo de leitor que se encanta por qualquer coisa que lhe soe hermética - exatamente o tipo de pessoa que gosta de citar Wittgenstein ou Lacan a torto e a direito.
Enfim, vejo Zisek quase como uma caricatura do "intelectual engajado". Muita verborragia, pouco conteúdo, repertório de ideias quase monomaníaco, sempre a mesma lenga-lenga. Uma versão melhorada de Marcia Tiburi.
Há que se reconhecer, no entanto, o mérito de Zisek em se tornar o esloveno mais famoso do mundo; só espero, sinceramente, para bem de seu povo, que a Eslovênia tenha gente mais interessante que ele. A vizinha Sérvia ao menos produziu Petkovic, futebolista com ares de pensador, sempre capaz de deixar desconcertados os jornalistas esportivos brasileiros...
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