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domingo, 19 de abril de 2020

O homem que ri

Ah! Me tomais por uma exceção! Sou um símbolo. Ó, todos-poderosos imbecis que sois, abri os olhos. Encarno tudo. Represento a humanidade tal qual a fizeram seus senhores. O homem é um mutilado. O que me fizeram, o fizeram ao gênero humano. Lhe deformaram o direito, a justiça, a verdade, a razão, como a mim os olhos, as narinas e as orelhas; como a mim, lhe puseram no coração uma cloaca de cólera e dor, e sobre a face uma máscara de contentamento. [...] Reis, nobres e príncipes, o povo é o sofredor profundo que ri na superfície. Milordes, vos digo, o povo, sou eu. Hoje o oprimis, hoje me vaiais. Mas o futuro é o degelo sombrio. O que era pedra se torna onda. A aparência sólida se transforma em submersão. Um estalar, e tudo está dito. 

Fala de Gwynplaine, deformado protagonista de O homem que ri, romance publicado por Victor Hugo em 1869 - cerca de dois anos antes do colapso do Império de Napoleão III, após a derrota na Guerra Franco-Prussiana e seguido pela sanguinolenta revolta popular conhecida por Comuna de Paris.

A fala de Gwynplaine caberia perfeitamente na boca de certas versões do Coringa, vilão de quadrinhos (supostamente) inspirado pela maquiagem de Conrad Veidt na adaptação cinematográfica de 1926 de O homem que ri.

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