Pezão, governador do Rio, se encontra internado há vários dias. Hipóteses conspiratórias variam desde a suspeita de que estejam ocultando a morte do governador (!) até, mais prosaicamente, que ele esteja tentando driblar o movimento dos servidores fluminenses ou tentando escapar de prisão preventiva.
Curiosamente, quando sugiro às pessoas que talvez, simplesmente, ele esteja de fato enfermo, inclusive pele estresse relacionado à grave crise administrativa e política no Estado Rio, encontro reações céticas. A maioria das pessoas me responde que "esse pessoal" (políticos) não fica doente "assim".
Parece que os políticos andam tão distanciados da população que os cidadãos não conseguem mais imaginá-los como seres humanos de carne e osso. Isso é perigoso em dois sentidos: em primeiro, porque todos eles são gente, e devem ser tratados como tal, independentemente de seus erros. Tudo que escape disso, é barbárie.
Por outro lado, e talvez pior, isso indica que os cidadãos os vejam como intocáveis, imunes às pressões e anseios da sociedade. E isso conduz, creio, a um posicionamento apático em relação às possibilidades de mudança social, à eterna espera de um messias que venha "salvar a pátria".
No livro Dire et mal-dire, a historiadora Arlette Farge aborda a emergência da opinião pública na França setecentista, sugerindo que os boatos sobre a realeza vicejavam justamente porque a "verdadeira" vida política se dava para além dos limites da expectativa e da participação popular. Nesse sentido, os boatos sobre o governador internado me parecem muito sugestivos do quanto nossa política ainda é Ancien Régime...
Entre a barbárie e a apatia, existe a cidadania...
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