A rede FAETEC iniciou sua greve no dia 2 de março, após uma assembleia extremamente penosa.
Realizada no auditório da Escola Técnica Visconde de Mauá, a assembleia de hoje conseguiu ser ainda mais tensa.
A meu ver, boa parte dessa tensão se deve à postura intransigente e autoritária da direção do SindpFAETEC.
O primeiro momento difícil ocorreu quando a direção concedeu a palavra a um grupo de estudantes, mas tentou cortar as falas abruptamente, alegando que a assembleia pertence à categoria, não aos alunos, que reagiram "invadindo" o palco. Nesse momento, a diretora da mesa, em vez de contemporizar e dialogar, partiu para o enfrentamento, ameaçando suspender sumariamente a assembleia - um gesto de desrespeito a todos os presentes. Sob vaias da base, voltou atrás, permitindo a conclusão da fala dos alunos.
Na primeira assembleia, por sinal, a direção também "pisou na bola" ao solicitar que os estudantes saíssem do auditório no momento da votação.
Ora, é um grave equívoco estratégico marginalizar a participação dos estudantes no movimento, principalmente num país onde a imprensa adora alardear que as greves da educação "prejudicam os alunos". A participação ativa do corpo discente confere grande legitimidade ao movimento e sempre se faz oportuna.
A assembleia prosseguiu um pouco mais calma. Diversas unidades escolares encaminharam propostas para composição de um comando geral de greve, com ampla participação de representantes da base. Todas as falas nesse sentido foram acolhidas com estrondoso aplauso.
No momento da votação, por inúmeras vezes a base bradava "comando, comando", clamando pela votação da proposta mais importante do dia. A direção, todavia, adiou o tema até o final.
Concluída a última votação, a diretora da mesa declarou que a proposta pelo comando geral não seria submetida a votação. Segundo ela, seria ilegal, constituindo a direção sindical a única representação legítima da categoria.
Nesse momento, a exaltação chegou ao ápice. Foi um momento belo e pavoroso.
"Comando, comando"! - bradávamos. Muitos se levantaram e caminharam até o pé do palco. Finalmente, muitos de nós subiram ao palco, e por pouco alguns não foram às vias de fato.
Sempre intransigente, a direção saiu da mesa, desceu do palco e abandonou o auditório, sob os gritos de "golpistas".
Nós, que permanecemos, organizamos uma votação, onde foi aprovado o comando geral de greve.
Certamente foi uma vitória da base, que reafirmou sua soberania na condução da greve. As reais dimensões dessa vitória permanecem imprevisíveis.
Qual será o futuro dessa greve? Cabe à categoria decidir...
P.S.: Um colega corrigiu esse relato, afirmando que o pessoal só subiu no palco DEPOIS que a diretora da mesa declarou a assembleia sumariamente encerrada, enquanto a base gritava pelo comando. Quem sabe?
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