Acabo de chegar da passeata unificada da educação fluminense, reunindo estudantes, responsáveis, funcionários e professores das instituições estaduais atualmente em greve - SEEDUC, UERJ e FAETEC.
Desci do metrô na estação Largo do Machado por volta de 14:15. Os corredores da estação se encontravam lotados de manifestantes, que se abrigavam da chuva torrencial. Como não gosto de "muvuca", preferi vestir minha capa e sair na chuva, me abrigando sob uma árvore. Alguns grupos se concentravam aqui e ali, sob árvores e marquises.
Alguns minutos depois, algumas pessoas começaram a se reunir diretamente sob a chuva. Resolvi juntar-me a elas. Logo éramos muitos, principalmente depois que alguns estudantes se puseram a circular pelo Largo, entoando canções de protesto.
O entusiasmo dos estudantes era contagioso. Me peguei refletindo sobre quanta coisa mudou nos últimos 3 anos. Durante a greve da FAETEC de 2013, a maioria de meus alunos reclamava, reproduzindo o discurso de que a greve os prejudicava. Em 2016, a esmagadora maioria dos estudantes vem nos apoiando e, mais ainda, organizando suas próprias manifestações.
Por volta de 14:55 a chuva amainou, e uma multidão saiu de dentro do metrô, como um dragão de conto de fadas que saísse intempestivamente de sua caverna. O Largo do Machado ficou apinhado de manifestantes, e alguns minutos depois a manifestação zarpou rumo ao Palácio Guanabara. Estavam presentes não apenas profissionais de educação, mas também representantes de outras categorias.
Éramos muitos. Do meio da passeata, mal se conseguia ver onde ela começava ou terminava. No meio do caminho a chuva retornou com grande intensidade. Estávamos encharcados, mas não desanimados. Eu e um colega nos pusemos a imaginar quantas pessoas mais teríamos sem esse tempo chuvoso; soubemos de pessoas que simplesmente ficaram presas no trânsito e não conseguiram chegar a tempo.
Policiais militares nos acompanharam durante todo o percurso. Mais uma diferença: tive a impressão de que eles se encontravam menos tensos e menos hostis em relação aos manifestantes que outras vezes. Em dado momento, a passeata parou por alguns minutos, e pude acompanhar a conversa entre um policial e uma professora. Ele manifestou total apoio ao movimento: "Vocês também estão lutando pela gente"; disse que vários colegas têm participado, à paisana, de manifestações. Fiquei surpreso, mas não tanto: o governo devia ter imaginado o que aconteceria quando mexesse no bolso de seus servidores...
Chegamos ao Palácio por volta das 16:30. Manifestantes acabaram ocupando as duas pistas da Pinheiro Machado. Nem quero imaginar como está o trânsito na Zona Sul!
Me retirei às 17:00, para atender minhas necessidades - ao contrário do que apregoam alguns pós-modernos, ainda não somos "pós-orgânicos". Peguei o metrô e cheguei em casa há cerca de uma hora.
Na próxima seremos muitos, muitos mais...
Educação na chuva! Pezão a culpa é sua!
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