O discurso de hoje à tarde foi mais uma performance carismática, temperada pelo habitual narcisismo delirante. Admito, todavia, que nosso ex-presidente ostenta um virtuosismo admirável, mesmo diante de esmagadora adversidade.
Me fez recordar a posse presidencial em 2003, quando chorei de emoção, embriagado por uma esperança que não tardou a se mostrar equivocada. Muita coisa muda em 15 anos.
Me lembrei também de 1992: com 9 anos de idade, assisti ao impeachment de Collor, com uma tristeza que até hoje não entendo muito bem, uma inefável sensação de desamparo. Foi meu primeiro trauma político. Na época eu nem sabia quem era Lindbergh, mas hoje me inquietava a presença do eterno cara-pintada naquele palanque. Muita coisa muda em 26 anos.
Em 2012, olhando o Brasil de fora, por um breve momento, me pareceu que tudo caminhava para melhor: doce ilusão. Muita coisa muda em 6 anos.
Triste é ver que quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas; mudam, inclusive, para permanecer as mesmas. Os anos Lula trouxeram algumas mudanças promissoras, ao lado de muitas continuidades inquietantes. Conquistas efêmeras, ao lado de fracassos retumbantes.
Lula é uma miragem; como toda miragem, combina realidade e ilusão. Quanto de ilusão, quanto de realidade? Difícil saber. Nem sei se quero saber.
2019 vem aí, e não há grandes esperanças no horizonte de nossa República: a frustração parece sempre e sempre ser nossa res mais pública.
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