Reza a lenda que o bispo vinha pela estrada.
Chegando à encruzilhada,
encontrou com um demônio em forma de garotinho. O garotinho prometeu ao
bispo uma cidade, desde que ele sacrificasse alguns cidadãos em seu
altar. Fizeram um pacto e fizeram-se à estrada.
No meio do caminho
encontraram um guerreiro grande como uma pedra que não queria deixá-los
passar. O violento guerreiro batia em sua mulher. Quando o povo soube
disso, o derrubou, liberando caminho
para o bispo e o garotinho. Eles proseguiram.
Finalmente chegaram às portas da
cidade, mas um grande freixo barrava a passagem.
O garotinho, sempre
esperto como raposa, desmaterializou-se. Invisível, soprava mentiras nos
ouvidos dos cidadãos: dizia que o freixo era amaldiçoado, que aquela
árvore precisava ser abatida. Inventou até que o freixo poderia virar
uma lula-sem-cabeça.
Muitos gritaram contra o freixo; achavam que apenas
o bispo poderia salvá-los da maldição. Outros defendiam a árvore,
desconfiados das intenções do bispo que aguardava fora de seus muros.
Avisaram que haviam visto um estranho garotinho ao lado do bispo; alguns
acreditaram, outros fingiram que não sabiam. Alguns velhos ainda
lembravam que outrora um garotinho lhes trouxera grandes desgraças, mas a
maioria dos habitantes tinha memória curta, ou fingia que não lembrava,
porque sentiam muito medo do freixo. Muitos estavam indecisos.
Combinaram uma votação para decidir se derrubavam o freixo e deixavam o
bispo entrar ou se mantinham a árvore e deixavam o bispo de fora. Chegou
o dia da votação, então... [o velho manuscrito estava rasgado nesse
ponto; cabe ao leitor imaginar o fim dessa lenda].
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