Brilhante texto do amigo Vinicius Borges sobre as angústias culturais e sociais da hora presente
Enquanto vejo acaloradas discussões referentes à urgente necessidade de
inserção das questões de gênero em nossa base curricular nacional
pipocando em minha taimelaine, muitas (certamente a maioria) de nossas
unidades de ensino seguem seus trágicos destinos em avançado processo de
precarização estrutural e conceitual, formando de maneira sistemática -
com as sempre muitas, louváveis, brilhantes e admiráveis exceções -
verdadeiros exércitos de analfabetos funcionais terrivelmente
incapacitados de lidar com algumas das mais simples questões quando
postas em discussão em uma sala de aula...
Eu tenho plena noção de que a
educação pública não faz parte da agenda revolucionária facebookiana,
mas, como professor da rede municipal do Rio de Janeiro, entendo que,
com toda a relevância que o tema possui, esse debate tem sido trabalhado
desde o início de forma um tanto equivocada por parte de nosso "campo
progressista"...
De que adianta tamanha luta para alinhar nossas
diretrizes curriculares às vanguardas do século XXI em um contexto onde
não conseguimos oferecer aos nossos estudantes nem mesmo o que já seria
considerado apenas o mínimo nos séculos XIX e XX para as sociedades que
realmente entendem a educação como um bem estratégico para o seu
desenvolvimento?
Documentos modernos e cheios de boas ideias não têm
faltado na história recente da educação no Brasil... Mais do que
qualquer coisa, precisamos lutar para que nossas crianças tenham direito
a uma alfabetização plena, para que nossos adolescentes possam
desenvolver a partir da escola pública uma consciência crítica e cidadã a
respeito da realidade que os cerca, que todos possam fazer isso em
ambientes seguros e confortáveis...
Façamos isso e nossos jovens terão
todo um mundo para problematizar e transformar...
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