Curiosamente, as patrulhas do "politicamente
correto" têm me lembrado muito as neuroses da Era Vitoriana, apenas com
sinais invertidos. Ou estou enganado? Algum dia escaparemos da "Feira das
Vaidades"? Será que em 2015 Freud escreveria algo muito diferente do que
escreveu em 1915? Hipocrisias, hipocrisias, sempre hipocrisias...
***
No Brasil, autonomia intelectual está virando (ou sempre
foi) uma mercadoria de luxo. As pessoas saem das universidades repetindo seus catecismos
de esquerda ou direita, sem entender muito bem o que elas próprias estão
falando. Compram suas ideologias em pacotes fechados, selados a vácuo
(trocadilho, por favor) pelos "fabricantes". Se você trocar ou
alterar as peças do seu produto, perde a garantia. E todo produto, nesse mundo
industrializado, já vem devidamente rotulado...
***
Normalmente o "coletivo" em que as pessoas pensam
induzidas pela guerra é apenas aquele que convém e interessam aos poderosos,
senhores das guerras, das armas e das ferramentas de comunicação. Geralmente a
"união" proporcionada pela guerra é constituída pela exclusão, e
mesmo perseguição das pessoas "de paz". Há um episódio muito
significativo nesse sentido: em 1914, um velho senhor francês foi linchado até
a morte num café parisiense, no dia em que a França declarou oficialmente sua
entrada na I Guerra. O motivo? Ao contrário dos outros, ele não cantou a
Marselhesa... O discurso de uma guerra unificadora quase sempre degenera em
algum grau de autoritarismo. Vide o Patriot Act dos EUA pós-11/09. Acho que
existem maneiras mais eficazes de unir as pessoas: lutando contra a tirania.
Nenhum comentário:
Postar um comentário