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sábado, 31 de dezembro de 2016

Carta de despedida ao ex-prefeito Eduardo Paes

Sr. Eduardo Paes,

soube através da imprensa que o senhor se emocionou às lágrimas ao se despedir dos servidores do município do Rio de Janeiro na última sexta-feira. Uma cena comovente para quem não conheceu de perto sua gestão.

Não sei quanto às demais secretarias, mas os servidores da Educação foram continuamente massacrados pela sua gestão durante os últimos oito anos, como comprovam fartamente as greves de 2013 e 2014.

Em 2013, por sinal, o senhor fez questão de nos empurrar goela abaixo um plano de cargos e salários que prejudicava imensamente os servidores, especialmente os professores de 16 horas. Graças a esse plano, por exemplo, eu hoje detenho o título de doutor, mas não tenho direito a progressão salarial, ao contrário dos professores de 40 horas.

Caso o senhor tenha esquecido, gostaria ainda de lhe lembrar que esse mesmo plano foi passado sob uma monstruosa e iníqua votação na câmara dos vereadores, ao som de explosões e cheiro de lacrimogênio, num episódio que os servidores da Educação já se acostumaram a chamar de "Massacre da Cinelândia".

Ainda durante a greve de 2013, o senhor e a então secretária de Educação, Claudia Costin, se recusaram terminantemente a cumprir a LEI federal que determina 1/3 de horário de planejamento para os professores. Lei essa que, passados mais 3 anos continua a ser descumprida pela prefeitura.


Já em 2014, o senhor cortou ILEGALMENTE o ponto de inúmeros servidores da Secretaria de Educação que exerciam seu direito CONSTITUCIONAL à greve - entre os quais me incluo. Tudo isso sugere que o senhor mostra pouca inclinação ao cumprimento de leis - o que parece um comportamento estranho para um chefe do Executivo. Os meses de julho e agosto de 2014 foram sofridos para nossas famílias, e não imagino que o senhor tenha derramado qualquer lágrima ao tomar essa arbitrária medida.

Por sinal, embora tenhamos ganho a causa contra o senhor na Justiça, nossos salários daqueles meses foram depositados em embargo, e ainda passarão muitos anos até que recebamos os valores que nos são devidos. Muitos colegas contraíram dívidas que ainda não terminaram de pagar.

Vale ainda lembrar que durante seus dois mandatos o preço das passagens de ônibus subiu de modo exorbitante, prejudicando o orçamento familiar de todos os usuários de transporte público em nossa cidade, o que me deixa confuso sobre sua declaração: "Saio de cabeça erguida sabendo que fizemos o máximo pelo nosso povo, pelas pessoas que necessitavam" - a não ser, é claro, que os donos das empresas de ônibus sejam as pessoas necessitadas às quais o senhor se refere.

Também soube que o senhor orou, cantou músicas religiosas e falou muito em Deus durante sua despedida. Podia ter aproveitado e incluído em suas orações as pessoas que morreram no trágico e evitável desmoronamento da Ciclovia Tim Maia, vítimas de sua gestão negligente.

De resto, tomo a liberdade de recomendar sinceramente que o senhor se afaste em definitivo da vida política de nossa cidade - para seu próprio descanso e para maior benefício do povo carioca. Ouvi dizer que Maricá é um ótimo lugar para aposentadoria, por sinal. Já que o senhor anda tão religioso, outra sugestão interessante é aproveitar seu tempo livre para visitar seu amigo Sérgio Cabral - Jesus dizia que visitar pessoas na prisão é uma obra meritória.

Cariocamente,
Prof. Luiz Fabiano Tavares
(Sobrevivente de seus últimos dois mandatos)

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