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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ondas curtas e fibra ótica

Lá pelo fim dos anos 80, meu avô chegou em casa com um curioso pacote. Era um rádio compacto Philips, capaz de captar ondas curtas. Fiquei fascinado ao saber que o aparelho poderia sintonizar com rádios do mundo inteiro, embora àquela época eu tivesse apenas uma vaga ideia do que seria o "mundo inteiro". Por sinal, ainda hoje, embora tenha uma ideia um pouquinho melhor sobre o tamanho do mundo, estou longe de ter uma noção adequada do que seria o "mundo inteiro" - como qualquer outro ser humano, aliás.

O aparelho prometia mais que entregava. Sua sintonia era melhor à noite (menos interferência solar) e ao ar livre. Me lembro de algumas noites passadas na varanda, tentando, com muita dificuldade, ajustar os botões do aparelho para captar rádios de outros continentes. A sintonia, quando conseguida, costumava ser muito frágil, repleta de interferências e rapidamente perdida. Era um trabalho de tentativa, erro e paciência, realizado quase às cegas. Ainda assim, por breves momentos, era como se uma janela se entreabrisse, permitindo que vozes misteriosas nos chegassem em línguas estrangeiras. Às vezes espanhol, outras inglês. De quando em quando, alguma língua asiática soterrada sob violento chiado.

Havia um quê de imprevisível, fascinante e mágico nesses efêmeros contatos estabelecidos com terras distantes. Por sinal, meu conhecimento de línguas estrangeiras não me permitia compreender grande coisa. O importante, me parece hoje, não era entender nada; era o deleite no próprio contato.

Hoje à tarde descobri, quase por acaso, o interessante site Radio Garden, que permite sintonizar via Internet com rádios do mundo inteiro. Embora hoje seja fácil acessar conteúdo do mundo inteiro, senti como se fosse um fascinante retorno à infância. Por quê? Talvez seja a impressão de imprevisibilidade, de ir navegando aleatoriamente pelo mapa, experimentando, buscando não-se-o-quê, de não-se-sabe-onde. Ir clicando ao acaso, às cegas, ouvindo sons muito mais nítidos, em tantas línguas desconhecidas, indecifráveis. Músicas soando estranhas ou familiares a um e outro tempo. Quem disse que a globalização seria chata...?

Radio, someone still loves you...

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