Percebe-se que há uma tentativa de argumentar com alguma coerência, mas as frases e os parágrafos não se conectam de modo orgânico. O leitor precisa, muito laboriosamente, reunir os cacos para entender onde o redator quer chegar.
Venho pontuando isso para meus estudantes, e ressaltando a necessidade de que eles cultivem o hábito de ler livros inteiros, textos longos. A exposição excessiva à linguagem fragmentária das redes sociais, especialmente Twitter e WhatsApp e à comunicação pelos memes acabam condicionando a capacidade deles de ler, escrever e, consequentemente, pensar. Até os filmes agora têm uma edição cada vez mais frenética, é cada vez mais raro deparar com um plano mais longo, que permita algum repouso visual e uma contemplação mais plácida das imagens.
Vejo esse processo com grande preocupação, e me parece cada vez mais como algo irreversível.
Talvez nossa última esperança esteja nos videogames que, paradoxalmente, trabalham com cortes muito menos abruptos, dão uma certa permanência e continuidade ao processo de interação. Há jogos que são, praticamente do início ao fim, planos-sequência.
Tempos loucos...
Avançando da esquerda para a direita, e terminando sempre com uma bandeira por ponto final, cada fase de Super Mario Bros. é praticamente uma frase e o jogo, uma experiência de leitura... |
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