Toda técnica oferece oportunidades e riscos. Um dos grandes perigos das tecnologias de realidade aumentada é sobrecarregar seus usuários com tamanho volume de informações em regime imediato que as próprias coisas sobre as quais se informa percam significado, tornando-se meros dados entre outros, e outros e outros...
Em lugar de "aumentar" a realidade, esta seria cada vez mais diminuída, reduzida a mero apêndice dos simulacros tecnológicos que a "informariam", ininterrupta e sutilmente ocultando coisas atrás de nomes, territórios atrás de mapas, pratos atrás de receitas, prédios atrás de plantas, dias atrás de calendários, espécimes atrás de espécies, enfim, significados atrás de signos. Pela intensiva sobreposição de uma artificiosa transparência, tornaria tudo mais e mais opaco. Seu uso indiscriminado sufocaria a singularidade por excesso de identificação. Seu uso constante soterraria o momento sob uma opressiva sincronia. Seu uso ingênuo trocaria a fruição por uma ilusória cognição.
Sem o devido cuidado, o usuário correria o risco de ficar na posição do cavalo cujos antolhos direcionam a visão...
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