Amo-te, adoro-te e busco-te, Verdade, mesmo não te conhecendo, mesmo sabendo que és Musa misteriosa, caprichosa e inacessível, oculta dos olhos mortais por milhares de véus.
Farejo ansiosamente teu perfume, na brisa ou na tempestade, mesmo sem saber reconhece-lo. Fecho meus olhos para ver-te melhor; em meio à balbúrdia, tento ouvir o silêncio de tua voz.
Por ti, Verdade, descerei à caverna mais profunda, subirei a mais alta montanha, afogar-me-ei nas mais densas trevas de meu coração.
Verdade, ó Verdade, mostra-me apenas tua máscara, já que não posso ver teu rosto!
Recebe-me, ó Verdade, em teu santuário: prefiro ser o mais humilde entre teus servos, a ser o sumo-sacerdote da Mentira, tua sombra funesta.
Verdade, ó brilhante Verdade, quantos tormentos já passei, passo e ainda passarei para aproximar-me de ti, Musa adorada.
Doce é a sede que provocas, ainda que torturante; suave é a fome que induzes, mesmo que aterradora. Finos são teus manjares e delicados teus néctares, que nunca provei, encantadora tua companhia, que nunca experimentei.
Musa, ó Musa, compadece-te desse ínfimo mortal!
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