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domingo, 1 de julho de 2018

As duas barbáries e a fábula da Cigarra e da Formiga

Fabulosa reflexão do filósofo Thales de Oliveira:

Barbárie é algo tão violento que sequer é praticado pelas feras da Natureza. 

Ora, duas ideias sempre me pareceram barbárie. Uma delas é destruir a liberdade humana, a noção básica de propriedade ("o ser humano só ama e cuida zelosamente daquilo que pode chamar de seu", como lapidarmente sentenciou Aristóteles) e as bases da competitividade, e assim lançar por terra também todo o desenvolvimento, evolução, aprimoramento vital e excelência que somente a liberdade e o risco competitivo podem proporcionar. 

A outra barbárie é a crença de que aqueles membros da espécie menos aptos para a competição devem ser deixados à própria sorte para morrer, juntamente com seus descendentes pequenos e genitores idosos, mesmo quando há alimento suficiente para todos. 

A primeira ideia pertence ao marxismo tradicional. A segunda, ao liberalismo dogmático. É por isso que ambas as doutrinas são ameaças brutais à civilidade humana. 

Os gregos antigos, principalmente Platão e Aristóteles, jamais apoiariam nenhuma dessas ideias absurdas. Mas nem precisamos ir tão longe: qualquer um que conheça a fábula da cigarra e da formiga jamais embarcará em nenhuma dessas loucuras inumanas. 

A cigarra ficou sem comida, pois enxergou o mundo com os óculos cor-de-rosa semelhantes aos do utopismo socialista. Mas a cigarra não foi dogmaticamente liberal com sua amiga. Não disse que ela merecia morrer porque não fez por merecer o alimento, mas a alimentou zelosamente. E elas sequer usaram a desculpa de não serem da mesma espécie, desculpa essa que socialistas e liberais (envergonhados pela simples leitura da fábula) jamais poderiam usar.


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