Apenas a morte nos liberta da vida. Mas as marcas da vida continuam lá, para quem sabe lê-las.
As marcas de esforço muscular nos ossos do braço direito deste cavalheiro sugerem que ele foi um arqueiro. Os atrofiados dentes desta senhora sugerem que ela viveu numa sociedade industrial. A porosidade incomum nos ossos dessa moça contam a história de uma enfermidade, enquanto esse senhor de crânio espatifado nos lembra algum episódio de violência.
Nossa história e nossa cultura nos dominam durante toda a vida e depois dela. Estão marcadas em cada neurônio, em cada osso, em cada brônquio tingido de ar poluído, em cada fibra cardíaca atormentada pelo estresse. Cada sociedade, como cada corpo, tem sua constituição - e toda constituição conta uma história.
Quem conta um conto aumenta um ponto; quem vive uma vida aumenta a Vida.
Somos o que a vida faz de nós, mas também o que fazemos da vida.
...mas o que fazemos da vida?
Hamlet e Horácio no cemitério (1859) de Eugène Delacroix; Museu do Louvre |
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