Provocação (revista e atualizada) do historiador Fred Oliveira:
Brasileiros vão à Europa ver museus; europeus vêm ao Brasil ver bundas. A constatação pode levar a pensar que nós é que somos os civilizados, os cultos, ou, ao menos, os interessados em conhecer, aprender, fruir cultura, afinal vamos à Europa ter contato com algumas matrizes do que chamamos de conhecimento e arte.
Mas pensando sobre o que esperamos lá encontrar e desfrutar (e nem falo no montante de dinheiro deixado naqueles países), e na reprodução sazonal do mesmo impulso, não é bem assim. Eles, os "gringos", como os chamamos aqui, sabem o valor de seus museus, de sua arte, de sua ciência, de sua história e vem aqui apenas se divertir. E nós?
Bem, nós aqui lemos, com algumas décadas de atraso, o que eles pensaram, implementaram, refutaram e descartaram. Em bom português: mastigamos o mastigado. Ou seja, repetimos em nossa língua o eco que já emudeceu e nos sentimos inteligentes, originais e progressistas.
Eles, os gringos, também tem problemas nos seus países. O Brexit evidenciou isso. Mas é problema deles. E por isso também é que eles vêm ao Brasil ver bundas. E nós, que nunca resolvemos os nossos problemas, vamos à Europa ver museus, acervos, parques e monumentos.
Eles, os gringos, simplórios ou cultos, possivelmente intuem o legado de seus povos para o mundo. Sabem de si e reconhecem em outras paragens, por mais exóticas que pareçam, algo de seu. Aqui, na Terra dos Papagaios, inventamos reis e rainhas e revoluções que não mudam nada, e só admiramos de fato a paisagem, que está aí desde antes do primeiro de nós.
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Brasileiros vão à Europa ver museus; europeus vêm ao Brasil ver bundas...
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