Réplica a um comentário no Facebook
1- Não concordo que quem "governa o planeta" sejam apenas os oligopólios econômicos. Acho
que há aí uma interpretação muito reducionista, tendente ao marxismo "clássico" que vê como
importante apenas a "infraestrutura" econômica e o resto como mero
subproduto. Acho que os jogos de poder são mais complexos que isso; nem
tudo cabe no economicismo.
2- Acho que o argumento de que cobrar dos governantes seja completamente inútil
deriva muito do primeiro. Por mais que saibamos que certos grupos são
muito importantes, não significa que o Estado seja um agente político
insignificante e que exercer pressão sobre o Estado seja de todo
irrelevante. Concordo que tuitar, espernear, bater panela, soltar rojões
e pombas brancas e distribuir rosas não sejam métodos muito eficazes; essas não são exatamente as melhores táticas de desobediência civil,
embora povoem o imaginário coletivo.
3- Não me parece que sequestrar os "detentores do poder econômico" em troca de exigências resolva grande coisa. Acreditar
que isso seria possível sem descambar para grandes episódios de
violência ou guerra civil me parece um tanto ingênuo e romântico. A luta violenta é
uma caixa de Pandora e a ideia de uma violência "controlada" apenas contra
os "alvos certos" raramente se mostra viável. A violência é por
definição incontrolável e imprevisível. Isso falando apenas de um ponto
de vista meramente pragmático.
4-De um ponto de
vista ético, moral e espiritual, não acredito que nenhum fim, por nobre
que pareça, justifique o uso de meios violentos. Na minha opinião, os
meios importam mais que os fins. Ao contrário do dito que corre mundo, a
"reação do oprimido" pode ser tão cruel quanto a "violência do opressor".
Penso como Gandhi: estou disposto a dar minha vida por inúmeras causas,
mas não tiraria a vida de ninguém por causa alguma. Acho que Nietszche
tinha bastante razão quando dizia que aqueles que combatem monstros
acabam também se tornando monstros. Por fim, vejo muita gente defendendo
a luta armada e táticas semelhantes, mas não vejo essas pessoas
REALMENTE partindo para a prática; há aí alguma contradição ou
incoerência... Quem está disposto a puxar o gatilho?! Onde acabam as convicções e começam as bravatas?!
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