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domingo, 30 de junho de 2013

Maracanã - Um crime contra o patrimônio cultural da humanidade

Dedicado aos meus queridos adoradores desse templo, Priscila, Caio, Tiago e Vinicius

Não gosto de futebol. Creio que isto só qualifique ainda mais minhas críticas.

Só estive duas vezes no Maracanã: uma vez, em 2001, com meus primos Caio e Alzimar, alvinegros doentes; a outra, em 2007, com minha esposa, vascaína fanática.

Na primeira vez em que pus meus pés no estádio, fui tomado por verdadeiro estupor, ante sua monumentalidade. A rampa, as arcadas, tudo ali parecia construído para uso de gigantes, não de seres humanos. Ao mesmo tempo, não se tratava de um gigantismo genérico, mas que falava de um momento muito específico de nossa história, enquanto país e cidade, assim como da arquitetura contemporânea. Uma grandiosidade rústica, ressoando talvez discursos arquitetônicos que andavam no ar, como o "brutalismo", de Le Corbusier.

Um Maracanã que era monumento das glórias e misérias do nosso país nesse longo século XX. Um estádio que nos falava não apenas da paixão do povo brasileiro pelo futebol, mas também do nacional-desenvolvimentismo pós-Vargas e do ufanismo nacionalista da Ditadura Militar, do crescimento econômico, do desenvolvimento tecnológico e da industrialização de nosso país, assim como das vivas contradições de nossa sociedade, que faziam com que um morador da Mangueira e outro do Leblon pudessem ali estar lado a lado por efêmeros 90 minutos de um domingo, para depois retornarem aos velhos preconceitos na segunda-feira.

Ontem pude ler as sensatas críticas do jogador Arbeloa. De fato, essa já era minha impressão sempre que passava em frente ao estádio durante suas recentes obras. Do trem. então, o panorama era lamentável. Contudo, vou além das críticas do craque espanhol. Não foi apenas um ato de vandalismo contra um estádio mítico e histórico. Não deformaram cruelmente apenas um templo do futebol. Destroçaram uma parte da história do povo brasileiro, apagaram as marcas de um século de nossas lutas e dores por entrar no mundo moderno. Isso ofende a todos nós, não apenas aos aficionados do esporte.

Onde estavam o IPHAN e a UNESCO durante todo esse processo?!

No entanto, o Maracanã continua sendo um monumento, acrescentando mais uma camada de significados e memória. A partir de agora, e por muito tempo, será o monumento das iniquidades cometidas contra o povo do Rio de Janeiro por Sérgio Cabral, Eduardo Paes, Eike Batista, Fernando Cavendish e tantos outros, sob o olhar conivente da FIFA e de Dilma Rousseff. Um monumento para o futuro, a nos lembrar das violências contra toda a população carioca, das desapropriações criminosas ocorridas em todo o país, das tristes alianças políticas de nossa época, da emergência do Brasil como potência mundial e, mais ironicamente, do momento em que o futebol motivou a conscientização política do povo brasileiro, depois de tantas décadas de uso instrumental para alienação da população...

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