Há uma tênue linha que separa o pragmatismo do cinismo - o nome dessa linha é integridade.
A integridade consiste em se manter leal a seus próprios princípios, não se deixar comprometer, seja por medo de represálias, seja em troca de vantagens de qualquer natureza.
Hoje soube que uma das ministras nomeadas pelo presidente Lula é suspeita de envolvimento com milícias.
Suspeita obviamente não significa necessariamente culpa e a presunção de inocência é um dos mais básicos direitos civis.
No entanto, a presunção de inocência é um princípio que visa proteger o cidadão de punição arbitrária, não garantir o direito a nomeações ministeriais. A cautela recomenda manter longe do poder pessoas sobre as quais pesam suspeitas tão graves.
Passamos os últimos quatro anos justamente protestando contra o inegável envolvimento do clã Bolsonaro com esse tipo de organização criminosa; indicar uma pessoa sob semelhantes suspeitas - em nome da "governabilidade" - é atitude tremendamente contraditória, beirando a hipocrisia.
Quem clama por justiça para Marielle Franco não pode aceitar semelhante situação com a consciência tranquila.
Tal atitude significa cruzar a linha que separa pragmatismo e cinismo. Significa ceder algo que deveria ser inegociável e assumir compromissos inaceitáveis. Significa abrir mão da integridade - até onde e o que estamos dispostos a barganhar?
A barganha de Fausto - Gravura do século XVIII |
Nenhum comentário:
Postar um comentário