Era um verão abrasador, que crestava suas tenras folhas. Apenas o orvalho noturno abrandava as agruras desse bravo cravinho.
O clima se fazia inclemente. Ao impiedoso verão sucedeu um outono terrível, que anunciava um inverno monstruoso.
Sacudido por violentas tempestades, cresceu o Cravo, robustecido pelas intempéries.
Veio o inverno, longo, rigoroso e brutal, com violentas geadas que ameaçavam todas as flores do prado. Muitas sucumbiram.
Quase milagrosamente, em meio ao frio opressor, o Cravo pôs um botão.
Veio a primavera. Tímida, débil, frágil como uma orquídea.
Ainda atormentado pelas lembranças invernais, o botão do Cravo teimava em se manter fechado. Sobrevivera a tantas durezas, por que se expor agora?
Em meio à primavera, nuvens trovejantes cobriram o céu.
Foi então, corajosamente, que o Cravo desabrochou.
Abriu suas pétalas em espetáculo ao mundo e gritou: "NÃO"!
E o prado inteiro ouviu. NÃO.
As nuvens se envergonharam e os trovões se calaram.
E o grito do Cravo deu esperança a muitas outras flores.
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