Ontem aconteceu o tão aguardado (por mim!) lançamento de meu primeiro livro "Entre Genebra e a Guanabara" pela Topbooks, na Livraria da Travessa da Avenida Rio Branco. Agradeço aos muitos amigos que compareceram para compartilhar o momento, mas também aos que não puderam ir, mas estiveram lá de coração! Postando aqui as fotos do evento:
Aproveito para avisar a todos do lançamento de meu próximo livro, "Da Guanabara ao Sena", pela EdUFF, que ocorrerá na Bienal. Fiquem atentos!
quarta-feira, 29 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Cozinha de Clio
Podemos encontrar Clio nos lugares mais inesperados. Quem gosta de cozinhar pode esbarrar com ela à beira do fogão...
Ultimamente tenho visto muitos livros sobre história da alimentação, para todos os gostos (com trocadilho). Há desde obras muito instigantes e sofisticadas (mesmo no setor de divulgação) às puramente oportunistas ao estilo "você sabia....?". Basta entrar em qualquer livraria e conferir. O interesse pelo tema não deveria surpreender, afinal de contas, comer é provavelmente a ação mais frequentemente repetida pelos seres humanos ao longo dos últimos duzentos mil anos; de fato, deve ter sido durante muitos milênios a mais importante preocupação de nossa espécie.
Dessa forma, quando comemos ou preparamos nossos alimentos, tais gestos nos unem a todos os nossos antepassados, quase sempre inconscientemente. Cozinhar e comer constituem deliciosas oportunidades para refletir sobre nossa condição histórica.
Um exemplo bastante simples é quando nos dedicamos a fazer pratos oriundos de outras culturas ou com origens em nosso passado remoto. Especialmente as adaptações sempre necessárias, de gosto, ingredientes, recursos, nos ajudam a medir distâncias culturais.
Outra experiência interessante é modificar algumas receitas de modo a promover "encontros culturais" na panela, como yakissoba com molho inglês! Misturar pratos e sobremesas também pode ser interessante (goulash com petit gateau, por exemplo...).
Mais casualmente, é interessante observar o quanto o mundo inteiro pode estar presente em um único prato cotidiano, provavelmente impossível séculos atrás, como arroz, feijão, bife e batata frita (de origens asiáticas, europeias, africanas e americanas) ou mesmo uma reles salada de frutas com maçã, banana, manga e abacaxi!
E chega por aqui; vou preparar o almoço!
Ultimamente tenho visto muitos livros sobre história da alimentação, para todos os gostos (com trocadilho). Há desde obras muito instigantes e sofisticadas (mesmo no setor de divulgação) às puramente oportunistas ao estilo "você sabia....?". Basta entrar em qualquer livraria e conferir. O interesse pelo tema não deveria surpreender, afinal de contas, comer é provavelmente a ação mais frequentemente repetida pelos seres humanos ao longo dos últimos duzentos mil anos; de fato, deve ter sido durante muitos milênios a mais importante preocupação de nossa espécie.
Dessa forma, quando comemos ou preparamos nossos alimentos, tais gestos nos unem a todos os nossos antepassados, quase sempre inconscientemente. Cozinhar e comer constituem deliciosas oportunidades para refletir sobre nossa condição histórica.
Um exemplo bastante simples é quando nos dedicamos a fazer pratos oriundos de outras culturas ou com origens em nosso passado remoto. Especialmente as adaptações sempre necessárias, de gosto, ingredientes, recursos, nos ajudam a medir distâncias culturais.
Outra experiência interessante é modificar algumas receitas de modo a promover "encontros culturais" na panela, como yakissoba com molho inglês! Misturar pratos e sobremesas também pode ser interessante (goulash com petit gateau, por exemplo...).
Mais casualmente, é interessante observar o quanto o mundo inteiro pode estar presente em um único prato cotidiano, provavelmente impossível séculos atrás, como arroz, feijão, bife e batata frita (de origens asiáticas, europeias, africanas e americanas) ou mesmo uma reles salada de frutas com maçã, banana, manga e abacaxi!
E chega por aqui; vou preparar o almoço!
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Imaginação e ensino de História
Em outra oportunidade já discuti por aqui sobre o uso de narrativas ficcionais ou míticas de época em sala de aula, enfatizando seu poder sobre a imaginação dos alunos. De fato, creio que a imaginação e a criatividade são das melhores ferramentas para que os alunos desenvolvam o raciocínio histórico.
Em minha prática pedagógica costumo propor muitas atividades nesse sentido, geralmente com resultados muito satisfatórios. Por exemplo, nesse ano realizei com uma de minhas turmas o seguinte exercício: eles deveriam escrever individualmente ou em duplas uma carta adotando a identidade fictícia de navegantes portugueses escrevendo ao rei sobre as terras que visitaram e as peripécias por que passaram. Na atividade eles tiveram total liberdade para criar terras, povos e até animais imaginários. O resultado foi muito positivo e tive textos muito criativos. Outro bom exemplo foi certo trabalho que fiz com algumas turmas em 2008 ao abordar os povos da Antiguidade e seus universos mitológicos. Tendo trabalhado algumas narrativas míticas propus aos alunos que criassem uma figura mitológica (divindade, herói ou monstro) e posteriormente inventassem uma história envolvendo esses personagens. A atividade gerou frutos positivos, especialmente em uma turma pouquíssimo interessada que se sentiu muito mobilizada pela proposta.
Obviamente a intenção da atividade não é a fixação ou memorização de conteúdo da disciplina. Seu objetivo é estimular o aluno a pôr-se no lugar dos seres humanos da época estudada, a pensar segundo seus critérios e valores, enfim, a ver o mundo por outra perspectiva. Considero estas habilidades muito importantes para a formação de um aluno capaz de pensar historicamente.
Concluo lembrando o historiador britânico Peter Laslett, que ressaltava a importância da imaginação histórica no ofício de historiador, ajudando-o a se guiar nos labirintos das fontes, interpretando-as criativamente, de modo a propor questionamentos ou hipóteses cada vez mais ricos.
Em minha prática pedagógica costumo propor muitas atividades nesse sentido, geralmente com resultados muito satisfatórios. Por exemplo, nesse ano realizei com uma de minhas turmas o seguinte exercício: eles deveriam escrever individualmente ou em duplas uma carta adotando a identidade fictícia de navegantes portugueses escrevendo ao rei sobre as terras que visitaram e as peripécias por que passaram. Na atividade eles tiveram total liberdade para criar terras, povos e até animais imaginários. O resultado foi muito positivo e tive textos muito criativos. Outro bom exemplo foi certo trabalho que fiz com algumas turmas em 2008 ao abordar os povos da Antiguidade e seus universos mitológicos. Tendo trabalhado algumas narrativas míticas propus aos alunos que criassem uma figura mitológica (divindade, herói ou monstro) e posteriormente inventassem uma história envolvendo esses personagens. A atividade gerou frutos positivos, especialmente em uma turma pouquíssimo interessada que se sentiu muito mobilizada pela proposta.
Obviamente a intenção da atividade não é a fixação ou memorização de conteúdo da disciplina. Seu objetivo é estimular o aluno a pôr-se no lugar dos seres humanos da época estudada, a pensar segundo seus critérios e valores, enfim, a ver o mundo por outra perspectiva. Considero estas habilidades muito importantes para a formação de um aluno capaz de pensar historicamente.
Concluo lembrando o historiador britânico Peter Laslett, que ressaltava a importância da imaginação histórica no ofício de historiador, ajudando-o a se guiar nos labirintos das fontes, interpretando-as criativamente, de modo a propor questionamentos ou hipóteses cada vez mais ricos.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Leituras - "O planalto e a estepe", de Pepetela
Comecei a ler o livro hoje mesmo e ainda nem cheguei à metade; mesmo assim, já recomendo. Nunca tinha lido nada do famoso romancista angolano, mas já me apaixonei por sua belíssima prosa; o livro é daqueles que você pega e não quer mais largar (ao contrário de certo livro do Sarney que já disseram maliciosamente que quando você larga, não quer mais pegar...).
O livro conta a história de amor entre um angolano e uma mongol (mas ainda não cheguei nessa parte...). Até onde li, a narrativa em primeira pessoa conta as memórias do protagonista Júlio desde sua infância em Lubango, nos anos 40 até sua estadia de estudos em Moscou como "bolsista-revolucionário" nos anos 60.
O romance retrata com grande sensibilidade os caminhos e descaminhos do personagem, nos fazendo conhecer (e sentir) os conflitos e tensões de Angola pouco antes da descolonização através da figura angustiada de Júlio, jovem branco e pobre (um "mapundeiro", segundo o termo pejorativo usado na época, como aprendi no livro) num país dividido por duras assimetrias raciais e sociais. Seu indeciso percurso como "revolucionário" a favor da independência e do socialismo também compõe rico retrato do período em que a União Soviética ainda disputava com o "mundo livre" pela hegemonia global.
Recomendo entusiasticamente a todos os amigos!
O livro conta a história de amor entre um angolano e uma mongol (mas ainda não cheguei nessa parte...). Até onde li, a narrativa em primeira pessoa conta as memórias do protagonista Júlio desde sua infância em Lubango, nos anos 40 até sua estadia de estudos em Moscou como "bolsista-revolucionário" nos anos 60.
O romance retrata com grande sensibilidade os caminhos e descaminhos do personagem, nos fazendo conhecer (e sentir) os conflitos e tensões de Angola pouco antes da descolonização através da figura angustiada de Júlio, jovem branco e pobre (um "mapundeiro", segundo o termo pejorativo usado na época, como aprendi no livro) num país dividido por duras assimetrias raciais e sociais. Seu indeciso percurso como "revolucionário" a favor da independência e do socialismo também compõe rico retrato do período em que a União Soviética ainda disputava com o "mundo livre" pela hegemonia global.
Recomendo entusiasticamente a todos os amigos!
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