Tradução do texto Coronavirus: Why you must act now, de Tomas Pueyo. Recomendo a leitura do original a quem tiver fluência em inglês. Não traduzo os gráficos, nem transponho para cá os links. Teço algumas considerações sobre a situação brasileira, através de observações entre colchetes; também tomo a liberdade de destacar alguns trechos em negrito. Talvez a análise seja alarmista - e talvez a situação seja realmente alarmante; o seguro morreu de velho. Tire suas próprias conclusões e cheque outras fontes de informação. Segue a tradução:
Com tudo que vem acontecendo em torno do Coronavirus, talvez seja muito difícil tomar uma decisão sobre o que fazer hoje. Você deve aguardar mais informações? Fazer algo ainda hoje? O quê?
Eis o que discutirei neste artigo, com diversos gráficos, dados e modelos a partir de várias fontes:
- Quantos casos de Coronavirus haverá em sua área?
- O que acontecerá quando esses casos se concretizarem?
- O que você deveria fazer?
- Quando?
Quando você terminar de ler o artigo, chegará às seguintes conclusões:
O Coronavirus está vindo em sua direção.
Ele está chegando em velocidade exponencial: gradualmente no princípio, e então subitamente.
É uma questão de dias. Talvez de uma semana ou duas.
Quando ele chegar, seu sistema de Saúde ficará sobrecarregado [se aplica particularmente bem ao caso brasileiro].
Seus concidadãos serão tratados em corredores [isso já acontece rotineiramente no Brasil].
Trabalhadores da Saúde cairão exaustos. Alguns morrerão.
Eles precisarão decidir quais pacientes receberão oxigênio e quais morrerão [igualmente provável no Brasil].
A única maneira de prevenir isso é implementar distanciamento social hoje. Não amanhã. Hoje.
Isso significa manter em casa o máximo de pessoas possível, começando agora.
Como um político, líder comunitário ou de negócios, você tem o poder e a responsabilidade de prevenir isso.
Talvez você tenha medos hoje: E se minha reação for exagerada? As pessoas rirão de mim? Elas ficarão zangadas comigo? Eu parecerei estúpido? Não seria melhor esperar outras pessoas tomarem os primeiros passos? Eu irei afetar demais a economia?
Mas em 2 a 4 semanas, quando o mundo inteiro estiver em quarentena, quando os poucos dias de distanciamento social que você tiver permitido tiverem salvo vidas, as pessoas não o criticarão mais: Elas agradecerão você por tomar a decisão correta.
Ok, vamos em frente.
1 - QUANTOS CASOS DE CORONAVIRUS HAVERÁ EM SUA ÁREA?
Crescimento por país
O número total de casos cresceu exponencialmente até que a China os contivesse, mas então o vírus vazou para fora, e agora é uma pandemia que ninguém consegue parar.
No momento, isso se deve principalmente a Itália, Irã e Coreia do Sul:
Há tantos casos na Coreia do Sul, na Itália e na China que se torna difícil ver o resto dos países, mas vamos dar um zoom no canto inferior direito.
Há dúzias de países com taxas de crescimento exponencial. No momento, a maioria deles no Ocidente.
Se você prossegue com esse tipo de taxa de crescimento por apenas uma semana, eis o que você obtém:
Se você quer entender o que vai acontecer, ou como evita-lo, você precisa olhar para os casos que já ocorridos: China, países orientais com experiência com SARS [Síndrome Respiratória Aguda Grave], e Itália.
CHINA
Este é um dos gráficos mais importantes.
Ele mostra em barras laranja o número diário de casos registrados na província de Hubei: quantas pessoas foram diagnosticadas naquele dia.
As barras cinza mostram o verdadeiro número diário de casos de coronavirus. O Centro de Controle de Doenças chinês os definiu perguntando aos pacientes quando os sintomas começaram, durante o processso de diagnose.
Crucialmente, esses casos verdadeiros não eram conhecidos no momento exato. Nós podemos apenas estimá-los olhando retrospectivamente: as autoridades não tomam conhecimento assim que alguém começa a apresentar sintomas; elas só tomam ciência quando alguém vai ao médico e recebe o diagnóstico.
Isso significa que as barras laranja mostram o que as autoridades sabiam em dado momento, e as barras cinza indicam o que estava realmente acontecendo.
Em 21 de janeiro, o número de casos de diagnosticados (laranja) explodiu: havia cerca de 100 novos casos. Na realidade, havia 1.500 novos casos naquele dia, crescendo exponencialmente - mas as autoridades não sabiam disso; o que elas sabiam era que havia 100 novos casos diagnosticados dessa doença [NOTA: Hoje, 12/03, há cerca de 70 pacientes confirmados no Brasil, número bastante próximo].
Dois dias depois, as autoridades puseram a cidade de Wuhan em quarentena. Neste ponto, o número diário de casos diagnosticados era de aproximadamente 400. Note esse número: eles decidiram fechar a cidade com apenas 400 casos em um dia. Na realidade, já havia 2.500 casos naquele dia, mas ainda não estavam diagnosticados [Ou seja: podemos supor que há hoje no Brasil muito mais que 70 pacientes contaminados, mas ainda não diagnosticados; a epidemia pode estar em estágio mais avançado que imaginamos].
No dia seguinte, mais 15 cidades na província de Hubei entraram em quarentena.
Até 23 de janeiro, quando Wuhan foi posta em quarentena, a epidemia crescia exponencialmente, como se vê no gráfico. Casos verdadeiros [ainda não-diagnosticados] estavam explodindo. Assim que Wuhan foi fechada, há uma desaceleração nos casos. Em 24 de janeiro, quando outras 15 cidades foram fechadas, o número de casos verdadeiros (cinza) tem uma parada. Dois dias depois, o número máximo de casos verdadeiros foi alcançado, e vem decrescendo desde então.
Note que os casos laranja (oficiais) continuavam crescendo exponencialmente: por mais 12 dias parecia que a epidemia continuava em expansão - mas não estava. Simplesmente os sintomas dos pacientes já contaminados estavam se tornando mais fortes e mais pessoas procuravam atendimento médico, aumentando a capacidade do sistema de saúde de identificá-los.
Essa diferenciação entre casos oficiais e verdadeiros [não-diagnosticados] é importante. Mantenhamos em mente para mais tarde.
As demais regiões da China estavam bem coordenadas pelo governo central, então elas tomaram medidas imediatas e drásticas. Este é o resultado:
Cada linha achatada é uma região chinesa com casos de coronavirus. Cada uma tinha o potencial para desenvolver contágio exponencial, mas graças às medidas implementadas no fim de janeiro, todas elas contiveram o vírus antes que se espalhasse.
Enquanto isso, Coreia do Sul, Itália e Irã tiveram um mês inteiro para aprender com o caso chinês, mas não o fizeram. Esses países começaram a apresentar o mesmo crescimento exponencial visto na província de Hubei, ultrapassando todas as regiões chinesas ainda em fevereiro.
PAÍSES ORIENTAIS
Os casos explodiram na Coreia do Sul, mas por que isso não aconteceu no Japão, Taiwan, Singapura, Tailândia ou Hong Kong?
Todos esses países foram atingidos pela SARS em 2003, e todos eles aprenderam com isso. Eles aprenderam quão virulenta e letal ela pode ser, então sabiam levar o problema a sério. É por isso que todos os seus gráficos, apesar de um crescimento muito precoce, não chegaram a tomar dimensão exponencial.
Até aqui, examinamos histórias de coronavirus explodindo, governos conscientes da periculosidade da ameaça e a contendo. Para os demais países, no entatnto, a situação é completamente diferente.
Antes de passar para eles, uma nota sobre a Coreia do Sul: o país é provavelmente um ponto fora da curva. O coronavirus foi contido nos 30 primeiros casos, mas o Paciente 31 foi um super-propagador que o transmitiu para milhares de outras pessoas. Como o vírus se espalha antes de as pessoas apresentarem os sintomas, no momento em que as autoridades se deram conta do problema, o vírus já estava fora de controle. Agora eles sofrem as consequências daquele caso singular. No entato, os esforços coreanos de contenção já se mostram efetivos: a Itália já ultrapassou a Coreia no número de casos, e o Irã irá ultrapassar amanhã [10 de março]. [NOTA: Já temos 70 casos no Brasil, mais que o dobro dos 30 iniciais na Coreia do Sul].
ESTADO DE WASHINGTON [não confundir com a capital americana, Washington D.C.]
Você já viu o crescimento nos países ocidentais, e quão ruins as estimativas para apenas uma semana podem ser. Agora imagine que as medidas de contenção não acontecem como em Wuhan ou em outros países orientais, e você tem uma epidemia colossal.
Examinemos alguns casos, como o Estado de Washington, a Área da Baía de São Francisco, Paris e Madri.
O Estado de Washington é o equivalente americano de Wuhan. O número de casos cresce exponencialmente - atualmente 140.
Mas algo curioso aconteceu desde o princípio. A taxa de letalidade se mostrou altíssima. Em certo ponto, o estado tinha 3 casos e uma morte.
Sabemos de outros lugares que a taxa de letalidade do coronavirus fica aproximadamente entre 0,5% e 5% (mais a respeito adiante). Como a taxa de letalidade poderia chegar a 33%?
Acontece que o vírus vinha se espalhando sem detecção por semanas. Não havia realmente apenas 3 casos; as autoridades conheciam apenas 3, e um deles resultou em óbito porque, quanto piores as condições do paciente, maiores as chances de ele ser diagnosticado.
É um pouco como as barras cinza e laranja na China: nos EUA eles só conheciam as barras laranja (casos oficialmente diagnosticados), e a situação parecia boa: apenas 3 pacientes. Mas, na realidade, já havia provavelmente centenas, talvez milhares de casos não-diagnosticados.
Isso é um problema: só conhecemos os casos oficiais, não os verdadeiros. Mas é necessário saber a quantidade de casos verdadeiros. Como traçar uma estimativa dos casos não diagnosticados? Há duas maneiras, e estabeleci um modelo para ambas, então você também pode experimentar com os números [conferir links no texto original].
Primeiramente, através dos óbitos. Se você tem mortes na região, pode usar esse dado para estimar o número corrente de casos não-diagnosticados. Sabemos aproximadamente quanto tempo leva entre a contaminação do paciente pelo vírus e o óbito (em média 17,3 dias). Isso significa que a pessoa que morreu no Estado de Washington em 29 de fevereiro provavelmente contraiu a doença por volta de 12 de fevereiro.
Além disso, a taxa de letalidade também é conhecida. Para este cenário, estou usando 1% (logo discutimos os detalhes). Isso significa que, por volta de 12 de fevereiro, já havia cerca de 100 casos na área (dos quais apenas um resultou em óbito cerca de 17,3 dias depois).
Agora, usemos o tempo médio de duplicação do coronavirus (tempo médio que a epidemia leva para duplicar o número de pacientes) - 6,2 dias. Isso significa que, nos 17 dias passados até que aquela pessoa morresse, os casos se multiplicaram aproximadamente 8 vezes (=2^(17/6)). Isso significa que, se nem todos os casos são diagnosticados, uma morte hoje sugere cerca de 800 casos verdadeiros [não-diagnosticados].
O Estado de Washington já conta 22 óbitos. Com essa estimativa, chegamos a cerca de 16.000 casos não diagnosticados. O equivalente ao somatório dos casos oficiais da Itália e do Irã.
Se prestarmos atenção aos detalhes, percebemos que 19 dessas mortes ocorreram em uma única região - talvez o contágio não tenha se espalhado tanto. Então se considerarmos [para efeitos estatísticos] 19 desses óbitos como apenas 1, o total de mortes no estado chegaria a 4. Alterando o modelo com esse número, ainda ficamos com uma estimativa de 3.000 casos não-diagnosticados.
Essa abordagem de Trevor Bedford [link no texto original] analisa o vírus propriamente dito e suas mutações para estimar a contagem corrente de casos.
A conclusão é que há provavelmente cerca de 1.100 casos no Estado de Washington agora mesmo.
Nenhuma dessas abordagens estatísticas é perfeita, mas todas elas apontam para a mesma mensagem: nós não sabemos o número verdadeiro de casos, mas é muito mais alto que o oficial. Não está em centenas. Está em milhares, talvez mais [alerta igualmente válido para o Brasil].
ÁREA DA BAÍA DE SÃO FRANCISCO
Até 8 de março, a Área da Baía não tinha nenhum óbito registrado. Isso torna difícil estimar quantos casos não-diagnosticados existem [o mesmo se aplica ao Brasil no momento, sem nenhum óbito confirmado]. Oficialmente, havia apenas 86 casos. Mas os Estados Unidos estão realizando poucos exames, porque não há kits em números suficiente. O país decidiu criar seu próprio kit de testagem, que acabou não funcionando. Estes são os números de testes realizados en diferentes países até 3 de março:
A Turquia, sem nenhum caso de coronavirus, tinha realizado 10 vezes mais testes por habitante que os EUA. A situação não está muito melhor aogra, com cerca de 8.000 exames realizados nos EUA, o que significa que cerca de 4.000 pessoas foram examinadas.
Aqui, você pode usar apenas uma parcela dos casos oficiais para estimar os não-diagnosticados [devido ao número limitado de exames efetuados]. Como decidir que parcelas da população examinar? Para a Área da Baía, eles vinham examinando todos que viajaram ou tiveram contato com um viajante, o que significa que há bastante conhecimento sobre casos relacionados a viagens, mas nenhum dos casos espalhados na comunidade. Comparando a proporção entre contágios locais e contágios por viagem, pode-se estimar quantos casos não diagnosticados existem.
Examinei essa proporção na Coreia do Sul, que oferece bons dados. Na época em que tinham 86 casos confirmados, a porcentagem de contágio local era de 86% (86 pacientes e 86% são apenas coincidência).
Com esse número, pode-se calcular o número de casos não-diagnosticados. Se a Área da Baía tem 86 casos confirmados hoje, é provável que o número verdadeiro seja de aproximadamente 600 pacientes.
FRANÇA E PARIS
A França confirma 1.400 casos hoje e 30 mortes. Usando os dois métodos acima, pode-se estimar uma faixa de casos não-diagnosticados: entre 24.000 e 140.000.
Deixe-me repetir isso: o números de casos não diagnosticados na França está provavelmente uma ou duas ordens de magnitude acima do oficialmente reportado.
Não acredita? Olhemos novamente o gráfico de Wuhan.
Se somadas as barras laranja até 22 de fevereiro, há 444 casos; mas somando todas as barras cinza chega-se a mais de 12.000 casos. Então quando Wuhan achava que tinha 444 casos, tinha 27 vezes mais. Se a França pensa que tem 1.400 casos, é provável que tenha na realidade dezenas de milhares.
A mesma matemática se aplica a Paris. Com 30 casos registrados dentro da cidade, o número de casos não-diagnosticados está provavelmente na casa das centenas, talvez milhares. Com 300 casos confirmados na região da Ile-de-France [onde fica Paris], o total de casos na região talvez já exceda dezenas de milhares.
ESPANHA E MADRI
A Espanha tem números muito similares aos da França (1.200 casos vs. 1.400, e ambas com 30 óbitos). Isso significa que as mesmas regras se aplicam: a Espanha já tem provavelmente mais de 20.000 casos não-diagnosticados.
Na região da Comunidade de Madri, com 600 casos oficiais e 17 óbitos, o número verdadeiro de casos fica provavelmente entre 10.000 e 60.000.
Se você lê esses dados e murmura: "Impossível, não pode ser verdade", lembre-se apenas disso: com esse número de casos, a cidade de Wuhan já estava em quarentena.
2 - O QUE ACONTECERÁ QUANDO ESSES CASOS DE CORONAVIRUS SE CONCRETIZAREM?
Então, o coronavirus já está aqui. Está escondido, e crescendo exponencialmente. [A mesma inferência é válida para o Brasil].
O que acontecerá em nossos países quando forem atingidos. É fácil saber, pois temos diversos lugares onde já está acontecendo. Os melhores exemplos são Hubei e Itália.
Taxas de letalidade
A Organização Mundial de Saúde (OMS) cita 3,4% como taxa de letalidade (porcentagem de pessoas que contraem o coronavirus e morrem). Esse número está fora de contexto, então deixe-me explicar.
Isso realmente depende do país e do momento: entre 0,6% na Coreia do Sul e 4,4% no Irã. O que isso significa? Podemos usar um "truque" para entender.
As duas maneiras para se calcular a taxa de letalidade é óbitos/total de casos e óbitos/casos fechados. O primeiro tende a subestimar a taxa, pois muitos casos abertos ainda podem terminar em óbito. O secundo tende a superestimar a taxa, pois é provável que os óbitos se fechem muito antes dos casos de pacientes recebendo alta.
O que fiz foi examinar como ambos evoluem ao longo do tempo. Ambos números convergirão para o mesmo resultado quando todos os casos estiverem fechados, então se você projeta tendências passadas para o futuros, pode fazer uma estimativa de qual será a taxa final de letalidade.
Isso é o que se percebe nos dados. A taxa de letalidade na China atualmente se encontra entre 3,6% e 6,1%. Se projetarmos esses dados no futuro, há uma aparente convergência a algo entre 3,6% e 4%. Isso é o dobro da estimativa corrente, e 30 vezes pior que a gripe.
No entanto, essa estatística se compõe de duas realidades completamente diferentes: Hubei e o resto da China.
A taxa de letalidade em Hubei provavelmente convergirá para cerca de 4,8%. Enquanto isso, para o resto da China, provavelmente convergirá para 0,9%:
Também plotei os números para o Irã, Itália e Coreia do Sul, os únicos países com número suficiente de mortes para ter relevância estatística.
A proporção de óbitos/total de casos converge para a faixa entre 3% a 4% tanto no Irã quanto na Itália. Minha aposta é que os números também acabarão em torno disso.
A Coreia do Sul é o caso mais interessante, porque esses dois números se encontram completamente desconectados: óbitos/total de casos é de apenas 0,6%, mas óbitos/casos fechados é de impressionantes 48%. Minha hipótese é de que algumas coisas singulares andam acontecendo por lá. Primeiro, eles estão examinando todas as pessoas (com tantos casos abertos, a taxa de letalidade parece baixa), e deixando os casos abertos por mais tempos (então os casos se fecham mais rápido quando há óbito). Segundo, eles têm muitos leitos hospitalares (ver gráfico acima) [NOTA: o exato oposto do Brasil, onde temos insuficiência crônica de leitos]. Também pode haver outras razões que desconhecemos. O que é mais relevante é que a taxa óbitos/total de casos vem flutuando em torno de 0,5% desde o começo, sugerindo que permanecerá assim, provavelmente muito influenciada pelos sistemas de saúde e de gestão de crises [NOTA: o sistema de saúde no Brasil é precário, mas nosso aparato para gestão de crises é quase inexistente - ficamos MUITO longe das perspectivas otimistas observadas na Coreia].
O último exemplo relevante é o cruzeiro Diamond Princess: com 706 casos, 6 mortes e 100 recuperações, a taxa de letalidade ficará entre 1% e 6,5%.
Note-se que a distribuição de faixa etária em cada país também terá impacto. Uma vez que a letalidade é muito mais alta para pessoas idosas, países com população maior população de idosos, como o Japão, atingirão média mais elevada que países mais jovens, como a Nigéria. Também há de se considerar fatores climáticos, especialmente temperatura e umidade, mas ainda não está claro como estes podem afetar taxas de contágio e letalidade.
Isso é o que se pode concluir:
- Haverá outros fatores externos que influenciarão a taxa de letalidade.
- Excluindo esses fatores, países mais preparados tenderão a ter taxas de letalidade entre 0,5% (Coreia do Sul) e 0,9% (resto da China).
-Países com sistema de saúde sobrecarregado [como o Brasil] terão uma taxa de letalidade entre 3% e 5%.
Formulando de outro modo: países que agirem rápido poderão reduzir dez vezes o número de óbitos. E isso considerando apenas a taxa de letalidade. Agir rápido também reduz drasticamente os casos, tornando o problema ainda menor [sic].
Então o que um país precisa para se preparar?
Qual será a pressão sobre o sistema de saúde
Cerca de 20% dos casos exigem internação, 5% dos casos requerem Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e cerca de 2,5% exigem tratamento muito intensivo, empregando itens como aparelhos de ventilação ou ECMO (oxigenação extra-corporal).
O problema é que itens como aparelhos de ventilação e ECMO não podem ser fabricados ou comprados facilmente. Alguns anos atrás, os EUA tinham um total de [apenas] 250 máquinas de ECMO, por exemplo. [Nem quero imaginar a situação no Brasil].
Então, se subitamente é necessário lidar com 100.000 pessoas infectadas, muitas delas precisarão de exames. Cerca de 20.000 exigirão hospitalização, 5.000 necessitarão de UTI, e 1.000 precisarão de máquinas que não temos em quantidade suficiente. E isso trabalhando apenas com uma estimativa de 100.000 casos.
Isso sem contar questões como disponibilidade de máscaras. Um país como os EUA tem em estoque apenas 1% das máscaras necessárias para a proteção dos profissionais de saúde (12 milhões de tipo N95, 30 milhões de tipo cirúrgico, contra uma demanda estimada em 3,5 BILHÕES). Se um excesso de casos aparecer subitamente, haverá máscaras suficientes para apenas duas semanas. [Repito: imagine aqui no Brasil].
Países como Japão, Coreia do Sul, Hong Kong ou Singapura, assim como regiões chinesas fora de Hubei foram preparadas e ofereceram o tratamento que os pacientes necessitavam.
Mas o resto dos países ocidentais está indo sobretudo na mesma direção que a província de hubei e a Itália. O que está acontecendo lá?
Com o que se parece um sistema de saúde sobrecarregado
As histórias acontecidas em Hubei e na Itália estão começando a ficar assustadoramente parecidas. Hubei construiu dois hospitais em dez dias, mas ainda assim, o sistema ficou completamente sobrecarregado.
Em ambos casos [Hubei e Itália] pacientes inundaram os hospitais. Precisaram receber cuidados em qualquer lugar: em corredores, salas de espera... [No Brasil já vivemos assim SEM pandemia].
[Seguem um thread de Twitter com testemunho de um médico atuando na Itália, assim como uma reportagem da imprensa italiana; consulte o texto original para links]
Profissionais da saúde usam uma única peça de equipamento de proteção durante horas, porque não há em quantidade suficiente. Como resultado, eles não podem deixar áreas infectadas durante várias horas; quando eles saem, desabam, desidratados e exaustos. Não existem mais turnos. Algusn profissionais estão saindo da aposentadoria para cobrir carências. Voluntários sem nenhuma experiência em enfermagem são treinados às pressas para desempenhar tarefas críticas. Todo o pessoal está em alerta, sempre.
Isso até que eles mesmos caiam doentes. O que acontece muito, porque eles estão constantemente expostos a virus, sem equipamento de proteção suficiente. Quando isso acontece, eles entram em quarentena por 14 dias, durante os quais não podem ajudar ninguém. Na melhor das hipóteses, é um profissional inativo por duas semanas; no pior caso, eles morrem.
O pior acontece nas UTI, onde pacientes precisam compartilhar aparelhos de ventilação e ECMO. Na verdade é impossível compartilhar esses aparelhos, então os profissionais da saúde precisam determinar quais pacientes irão usá-los. Isso realmente significa escolher quem vai viver e quem vai morrer.
[segue link da imprensa belga sobre situação na Itália]
"Depois de alguns dias, precisamos escolher. [...] Não é possível entubar todos os pacientes. Nós decidimos baseados na idade e no estado de saúde" - Christian Salaroli, médico italiano.
Tudo isso é o que leva um sistema de saúde a ter taxas de letalidade de cerca de 4%, em vez de 0,5%. Se você quer que a sua cidade ou o seu país atinjam os 4%, continue hoje sem fazer nada.
3 - O QUE VOCÊ PODE FAZER?
Aplainar a curva
Agora já é uma pandemia [reconhecida pela OMS]. Ela não pode ser eliminada, mas podemos fazer algo para reduzir seu impacto.
Alguns países têm sido exemplares nisso. O melhor é Taiwan, que é extremamente conectado com a China e ainda assim tem menos de 50 casos. Esse artigo recente [link no texto original] explica todas as medidas precocemente tomadas, que foram focadas em contenção.
Eles conseguiram conter a epidemia, mas a maioria dos países falhou. Agora, eles estão jogando outro jogo: mitigação. Eles precisam tornar o vírus tão inofensivo quanto possível.
Se reduzirmos o número de infecções tanto quanto possível, nosso sistema de saúde conseguirá cuidar muito melhor dos pacientes, reduzindo o índice de letalidade. E se conseguirmos diluir sua frequência ao longo do tempo, alcançaremos um ponto onde o resto da sociedade poderá ser vacinado, eliminando completamente o risco. Então nosso objetivo imediato não é eliminar o contágio de coronavirus; é atrasá-lo.
Quanto mais atrasarmos os casos, melhor o sistema de saúde pode funcionar, menor a taxa de mortalidade e maior a parcela da população que poderá ser vacinada antes de ser infectada.
Como podemos aplainar a curva?
Distanciamento social
Há uma medida muito simples e que funciona: distanciamento social.
Se você retornar ao gráfico sobre a cidade de Wuhan, lembrará que assim que se estabeleceu a quarentena, os casos diminuíram. Isso acontece porque as pessoas deixam de interagir e o vírus não se espalha.
O consenso científico corrente é que o vírus pode se espalhar em torno de dois metros se um paciente tosse. Caso contrário, as gotículas caem no chão e não infectam ningúem.
A pior infecção então vem das superfícies: o vírus sobrevive por até 9 dias em diferentes superfícies como metal, cerâmica e plástico. Isso significa que objetos como maçanetas, mesas ou botões de elevador podem ser terríveis vetores de infecção.
A única maneira de realmente reduzir esse perigo é com distanciamento social: manter as pessoas dentro de casa pelo máximo de tempo possível, até que a pandemia seja controlada.
Isso já foi feito no passado. Especificamente, durante a pandemia de gripe de 1918 ["Gripe Espanhola"].
Lições da "Gripe Espanhola"
Pode-se perceber como a Filadélfia não agiu rápido, a teve um elevado pico de letalidade. Compare com Saint Louis, que agiu rápido.
E então veja Denver, que tomou medidas de contenção e depois as afrouxou - eles tiveram um pico duplo, com o segundo mais alto que o primeiro.
Fazendo uma generalização, eis o que se encontra:
Esse gráfico mostra como houve muito mais mortes por cidade, dependendo da rapidez com que as medidas de contenção foram tomadas na gripe de 1918. Por exemplo, uma cidade como Saint Louis tomou medidas 6 dias antes de Pittsburg, e teve meno da metade de mortes por cidadão. Em média, tomar medidas 20 dias mais cedo reduzia pela metade a taxa de letalidade.
A Itália finalmente percebeu isso. Eles puseram a região da Lombardia em quarentena no domingo e, no dia seguinte, segunda-feira, eles perceberam o equívoco e decidiram pôr o país inteiro em quarentena.
Esperançosamente, veremos os resultados nos próximos dias. No entanto, isso pode levar uma ou duas semanas para ficar visível. Lembre do gráfico de Wuhan: houve um intervalo de 12 dias entre o momento em que a quarentena foi anunciada e o momento em que os casos oficiais (laranja) começaram a reduzir.
Como políticos podem contribuir para o Distanciamento Social
A questão que os políticos estão [ou deveriam estar] se perguntando não é se eles devem fazer alguma coisa, mas qual é a ação apropriada a tomar.
Há vários estágios para controlar uma epidemia, começando com antecipação e terminando com erradicação. Mas já está muito tarde para a maioria das opções agora. Com esse nível de casos, as duas únicas opções disponíveis para os políticos são contenção e mitigação.
Contenção
Contenção significa se assegurar de que todos os casos sejam identificados, controlados e isolados. É o que Singapura, Hong Kong, Japão ou Taiwan estão fazendo tão bem: eles rapidamente limitaram o número de pessoas entrando no país, identificaram os doentes, os isolaram, usam equipamento de proteção "pesado" para os profissionais da saúde, controlam seus contatos, os colocam em quarentena... Isso funciona muito bem quando você está preparado e faz isso cedo e não precisa parar completamente sua economia para fazer isso acontecer.
Já falei da abordagem de Taiwan. Mas a da China também é boa. Os esforços empreendidos para conter o vírus foram surpreendentes. Por exemplo, eles formaram até 1.800 equipes de 5 pessoas cada para rastrear cada paciente infectado, todos com quem eles interagiram e então todos com quem essas pessoas interagiram e isolando todo esse conjunto. Foi assim que eles conseguiram conter o vírus num país de 1 bilhão de pessoas.
Não é isso que os países ocidentais vêm fazendo. E agora é tarde demais. O anúncio recente de que os EUA cancelaram a maioria das viagens para a Europa é uma medida de contenção para um país que já tem hoje três vezes o número de casos que a província de Hubei tinha quando entrou em quarentena, crescendo exponencialmente. Como podemos saber se isso é suficiente? Podemos fazer isso examinando a proibição de viagens na cidade de Wuhan.
Esse gráfico mostra o impacto que as proibições de viagem em Wuhan tiveram para atrasar a epidemia. O tamanho das bolhas mostra o número diário de casos. A linha superior mostra os casos se nada fosse feito. As duas outras linhas mostram o impacto se 40% ou 90% das viagens forem eliminadas. Esse é um modelo estatístico criado por epidemiologistas, porque não temos como saber com certeza.
Se você não percebe muita diferença, está certo. É muito difícil ver alguma mudança na evolução da epidemia.
Pesquisadores estimam que, no total, a proibição de viagens em Wuhan só atrasou o contágio na China de 3 a 5 dias.
Mas o que os pesquisadores pensam que poderia ser o impacto na redução da transmissão?
O bloco superior é o mesmo que você viu antes; os dois outros blocos mostram taxas de transmissão decrescentes. Se a taxa de transmissão fica abaixo de 25% (através de Distanciamento Social), isso aplaina a curva e atrasa o pico por 14 semanas. Diminua a taxa de transmissão para 50%, e você atrasa ainda mais a epidemia [no original: "you can't see the epidemic even starting within a quarter"].
A proibição dos EUA de viagens para a Europa é boa: provavelmente ganhará algumas horas para nós, talvez um dia ou dois. Mas não mais. Não é o suficiente. É contenção, quando o que precisamos é mitigação.
Uma vez que há centenas ou milhares de casos crescendo na população [igualmente provável no Brasil], evitar que mais cheguem, rastrear os existentes e isolá-los não é mais o suficiente. O próximo nível é mitigação.
Mitigação
Mitigação requer Distanciamento Social pesado. Pessoas precisam permanecer em casa para reduzir a taxa de transmissão (T) de T=~2-3 que o vírus segue na ausência de medidas para uma taxa abaixo de 1, para que o vírus eventualmente morra.
Essas medidas requerem o fechamento temporário de empresas, lojas, transporte coletivo, escolas e estabelecimento de quarentenas... Quanto pior a situação, maior o Distanciamento Social necessário. Quanto mais cedo se impões medidas pesadas, menos tempo é necessário mantê-las, mais fácil se torna diagnosticar os casos em fase inicial e menos pessoas são infectadas.
Isso é o que Wuhan precisou fazer. Isso é o que a Itália precisou aceitar. Porque quando o vírus está em franca expansão, a única medida é interromper de uma vez o contágio em todas as áreas infectadas.
Com milhares de casos oficiais - e dezenas de milhares de casos não-diagnosticados - isso é o que países como Irã, França, Espanha, Alemanha, Suíça ou EUA precisam fazer.
Mas eles não estão fazendo.
Alguns negócios estão trabalhando de casa.
Alguns eventos de massa foram cancelados.
Algumas áreas afetadas estão entrando em quarentena por iniciativa própria.
Todas essas medidas diminuirão a velocidade do contágio. Elas reduzirão a taxa de transmissão de 2,5 para 2,2, talvez 2. Mas elas não são o suficiente para nos botar abaixo de 1 por tempo suficiente para estancar a epidemia. E se não conseguirmos fazer isso, precisamos chegar o mais perto possível de 1, para aplainar a curva.
Então a questão se torna: quais são as escolhas que podemos fazer para reduzir a taxa T? Esse é o menu que a Itália pôs diante de nós todos:
-Ninguém pode entrar ou sair de áreas de quarentena, exceto caso haja necessidades familiares ou profissionais comprovadas.
-Movimento dentro das áreas de quarentena deve ser evitado, exceto quando justificado por razões pessoais ou profissionais urgentes e inadiáveis.
-Pessoas com sintomas (infecção respiratória ou febre) recebem "forte recomendação" para permanecer em casa.
-Horários de descanso padrão de profissionais da saúde são suspensos.
-Fechamento de todos os estabelecimentos educacionais (escolas, universidades...), academias de ginástica, museus, estações de ski, centros culturais e sociais, piscinas e teatros.
-Bares e restaurantes com horário de funcionamento limitados das 06:00 às 18:00, com ao menos um metro de distância entre as pessoas.
-Todos os botequins devem ser fechados.
-Todas as atividades comerciais precisam manter uma distância de um metro entre clientes. Aquelas que não puderem fazer isso devem fechar. Templos podem permanecer abertos desde que garantam essa distância.
-Visitas de familiares e amigos limitadas nos hospitais.
-Reuniões de trabalho devem ser adiadas. Trabalho à distância deve ser encorajado.
-Todos os eventos esportivos e competições, públicos ou privados, são cancelados. Eventos importantes podem ser realizados sem presença de espectadores.
Então, dois dias depois, eles mudaram a decisão: Não, na verdade, todos os negócios que não sejam essenciais precisam ser fechados. Agora fechamos todas as atividades comerciais, escritórios, cafés e lojas. Apenas transporte, farmácias e fornecimento de alimentos [mercados etc] permanecerão abertos".
Uma abordagem é aumentar gradualmente as medidas. Infelizmente, isso dá ao vírus precioso tempo para se espalhar. Se você quiser segurança, faça ao estilo de Wuhan. Pessoas podem reclamar agora, mas agradecerão depois.
Como líderes de negócios podem contribuir para o Distanciamento Social?
Se você é um líder de negócios e quer saber o que pode fazer, o melhor recurso para você é o "Staying Home Club" [link no texto original].
É uma lista de ações de Distanciamento Social implementada por empresas de tecnologia nos EUA - até agora, 138.
Elas vão desde permissão para trabalho de casa [a distância] a restrição de visitas, viagens ou eventos.
Há mais coisas que cada companhia pode determinar, como o que fazer com trabalhadores por hora, manter o escritório aberto ou não, como conduzir entrevistas, o que fazer com cantinas... Se você quer saber como minha companhia, Course Hero, realizou algumas dessas coisas, com um modelo de anúncio para seus empregados, aqui está o usado por minha companhia [link no texto original].
4 - QUANDO?
É possível que você tenha concordado com tudo que eu disse, e estava apenas se perguntando, desde o começo quando tomar cada decisão. De outro modo, que gatilhos precisamos para cada medida.
Modelo para gatilhos baseado em riscos
Para resolver isso, eu criei um modelo [link no texto original].
Ele permite a você tabular o número de casos em sua área, a probabilidade de que seus empregados já estejam infectados, como isso pode evoluir ao longo do tempo, e como isso pode orientar você sobre permanecer funcionando.
Ele nos informa coisas como:
-Se a sua companhia tem 100 empregados na área do Estado de Washington que tem 11 mortes por coronavirus, há uma chance de ao menos 25% de que um de seus empregados esteja infectado, e você deve interromper atividades imediatamente.
-Se sua companhia tem 250 empregados majoritariamente na Baía Sul (condados de San Mateo e Santa Clara, que juntos têm 22 casos oficiais e cuja número é provavelmente maior que 54), por 3/9 você terá cerca de 2% de chance de ter ao menos um empregado infectado.
-Se sua companhia fica em Paris e tem 250 empregados, hoje há uma chance de 0,85% de que um de seus empregados tenha coronavirus e amanhã será de 1,2%, então se você só se sente confortável com uma chance de 1%, deveria fechar seu escritório amanhã.
O modelo usa rótulos como "companhia" e "empregados", mas o mesmo modelo pode ser usado para qualquer coisa: escolas, transporte público... Então, se você tem apenas 50 empregados em Paris, mas todos eles pegam o RER [trem suburbano], vindo no meio de milhares de outras pessoas, a probabilidade de que ao menos um deles fique infectado é muito maior e você deveria fechar seu escritório imediatamente.
Se você ainda está hesitando porque ninguém está mostrando sintomas, apenas perceba que 26% dos contágios ocorre antes que se percebam sintomas.
Você faz parte de um grupo de líderes?
Essa matemática é egoísta. Ela leva em conta os riscos individuais para cada companhia, tomando tanto risco quanto se queira até que o inevitável martelo do coronavirus feche seus escritórios.
Mas se vocês faz parte de uma liga de líderes de negócios ou de políticos, seus cálculos não são apenas para uma empresa, mas para toda a sociedade. A matemática se torna: qual é a probabilidade de qualquer uma de nossas companhias seja infectada? Se você faz parte de um grupo de 50 companhias com uma média de 250 empregados, na Área da Baía de São Francisco, há uma chance de 35% de que ao menos uma das companhias tenha um empregado infectado, e 97% de chances de que isso aconteça na semana que vem. Eu acrescentei uma aba no modelo para experimentar com isso.
CONCLUSÃO: O CUSTO DA ESPERA
Talvez seja assustador tomar uma decisão hoje, mas você não deveria pensar dessa maneira.
Esse modelo teórico mostra diferentes comunidades: uma que não toma medidas de Distanciamento Social, uma que as toma no Dia n do surto, a outra no Dia n+1. Todos os números são completamente fictícios (eu os escolhi para serem similares aos do surto de Hubei, com 6 mil novos casos diários na pior das hipóteses). Eles estão aqui apenas para ilustrar quão importante um único dia pode ser em algo que cresce exponencialmente. Você pode ver que o intervalo de um dia leva ao pico mais tarde e mais alto, mas então os casos diários convergem para zero.
Mas e quanto a casos cumulativos?
Nesse modelo teórico que se assemelha aproximadamente a Hubei, esperar mais um dia gera 40% de casos a mais! Então, talvez, se as autoridades de Hubei tivessem declarado a quarentena em 22 de janeiro, em vez de 23 de janeiro, eles teriam reduzido o número de casos em impressionantes 20.000.
E lembre-se, estes são apenas casos. A mortalidade pode ser muito mais alta, porque não haveria apenas mais 40% de mortes diretamente. Também ocorreria um colapso muito mais rápido do sistema de saúde, levando a uma taxa de mortalidade 10 vezes maior, como vimos antes. Então uma diferença de um dia em medidas de Distanciamento Social podem resultar numa explosão do número de mortes em sua comunidade, pela multiplicação dos casos e taxa de letalidade mais alta.
Essa é uma ameaça exponencial. Cada dia conta. Quando você atrasa sua decisão por apenas um dia, você não está contribuindo apenas para mais alguns casos. É provável que já haja centenas ou milhares de casos em sua comunidade. Cada dia sem Distanciamento Social faz com que esses casos cresçam exponencialmente.
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Esse é provável o único momento na última década em que compartilhar um artigo pode salvar vidas. Todos precisam entender isso para evitar uma catástrofe. O momento de agir é agora.
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