Aprendeu, Bart? |
quarta-feira, 25 de julho de 2018
quarta-feira, 18 de julho de 2018
quarta-feira, 11 de julho de 2018
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Hino à Verdade
Amo-te, adoro-te e busco-te, Verdade, mesmo não te conhecendo, mesmo sabendo que és Musa misteriosa, caprichosa e inacessível, oculta dos olhos mortais por milhares de véus.
Farejo ansiosamente teu perfume, na brisa ou na tempestade, mesmo sem saber reconhece-lo. Fecho meus olhos para ver-te melhor; em meio à balbúrdia, tento ouvir o silêncio de tua voz.
Por ti, Verdade, descerei à caverna mais profunda, subirei a mais alta montanha, afogar-me-ei nas mais densas trevas de meu coração.
Verdade, ó Verdade, mostra-me apenas tua máscara, já que não posso ver teu rosto!
Recebe-me, ó Verdade, em teu santuário: prefiro ser o mais humilde entre teus servos, a ser o sumo-sacerdote da Mentira, tua sombra funesta.
Verdade, ó brilhante Verdade, quantos tormentos já passei, passo e ainda passarei para aproximar-me de ti, Musa adorada.
Doce é a sede que provocas, ainda que torturante; suave é a fome que induzes, mesmo que aterradora. Finos são teus manjares e delicados teus néctares, que nunca provei, encantadora tua companhia, que nunca experimentei.
Musa, ó Musa, compadece-te desse ínfimo mortal!
Farejo ansiosamente teu perfume, na brisa ou na tempestade, mesmo sem saber reconhece-lo. Fecho meus olhos para ver-te melhor; em meio à balbúrdia, tento ouvir o silêncio de tua voz.
Por ti, Verdade, descerei à caverna mais profunda, subirei a mais alta montanha, afogar-me-ei nas mais densas trevas de meu coração.
Verdade, ó Verdade, mostra-me apenas tua máscara, já que não posso ver teu rosto!
Recebe-me, ó Verdade, em teu santuário: prefiro ser o mais humilde entre teus servos, a ser o sumo-sacerdote da Mentira, tua sombra funesta.
Verdade, ó brilhante Verdade, quantos tormentos já passei, passo e ainda passarei para aproximar-me de ti, Musa adorada.
Doce é a sede que provocas, ainda que torturante; suave é a fome que induzes, mesmo que aterradora. Finos são teus manjares e delicados teus néctares, que nunca provei, encantadora tua companhia, que nunca experimentei.
Musa, ó Musa, compadece-te desse ínfimo mortal!
domingo, 1 de julho de 2018
Rio e mar
Poética reflexão do filósofo Thales de Oliveira:
A corrida da vida é como um rio. Um rio caudaloso atravessando o deserto, buscando algum oceano, para além das areias do tempo, que apazigue suas águas em seu colo imenso, antes que suas últimas gotas tenham se esvaído em alguma fenda oculta e esquecida no mundo.
As duas barbáries e a fábula da Cigarra e da Formiga
Fabulosa reflexão do filósofo Thales de Oliveira:
Barbárie é algo tão violento que sequer é praticado pelas feras da Natureza.
Ora, duas ideias sempre me pareceram barbárie. Uma delas é destruir a liberdade humana, a noção básica de propriedade ("o ser humano só ama e cuida zelosamente daquilo que pode chamar de seu", como lapidarmente sentenciou Aristóteles) e as bases da competitividade, e assim lançar por terra também todo o desenvolvimento, evolução, aprimoramento vital e excelência que somente a liberdade e o risco competitivo podem proporcionar.
A outra barbárie é a crença de que aqueles membros da espécie menos aptos para a competição devem ser deixados à própria sorte para morrer, juntamente com seus descendentes pequenos e genitores idosos, mesmo quando há alimento suficiente para todos.
A primeira ideia pertence ao marxismo tradicional. A segunda, ao liberalismo dogmático. É por isso que ambas as doutrinas são ameaças brutais à civilidade humana.
Os gregos antigos, principalmente Platão e Aristóteles, jamais apoiariam nenhuma dessas ideias absurdas. Mas nem precisamos ir tão longe: qualquer um que conheça a fábula da cigarra e da formiga jamais embarcará em nenhuma dessas loucuras inumanas.
A cigarra ficou sem comida, pois enxergou o mundo com os óculos cor-de-rosa semelhantes aos do utopismo socialista. Mas a cigarra não foi dogmaticamente liberal com sua amiga. Não disse que ela merecia morrer porque não fez por merecer o alimento, mas a alimentou zelosamente. E elas sequer usaram a desculpa de não serem da mesma espécie, desculpa essa que socialistas e liberais (envergonhados pela simples leitura da fábula) jamais poderiam usar.
O Brasil no espelho
Excelente provovação do geógrafo Vinicius Borges:
Permitimos, muitas das vezes até incentivamos, que nossos jovens se desenvolvam cotidianamente bombardeados por valores individualistas, egoístas, hedonistas, além de politicamente desinteressados e consumidores compulsivos, enquanto acusamos os jovens jogadores da Seleção de serem individualistas, egoístas, hedonistas, politicamente desinteressados e consumidores compulsivos.
Sei não, mas, cada vez mais, eu vejo no incômodo que o modo de ser dos únicos astros verdadeiramente globais nascidos no Brasil causa em muitos de nós o reflexo de nosso incômodo com o revelar de nossas enormes falhas enquanto sociedade para todo o planeta.
E não tem muito jeito... Ou nos esforçamos para, coletivamente, nos organizarmos ao redor da ideia de construção de uma realidade outra - menos insensível, desigual e desumana - ou estaremos eternamente condenados à vergonha diante de nossa imagem no espelho quando revelada ao mundo.
Cachorro correndo atrás do próprio rabo, em looping contínuo de autodepreciação imobilista...
Corrompendo a juventude
Rio. Zona Norte. Agência bancária. Sexta-feira. 17 horas.
Todos os caixas eletrônicos estão ocupados, mas não há fila. Chega um homem acompanhado da filha de seus 5 anos. Naturalmente, ele passa por cima das linhas estampadas no chão para orientação da fila. Com a inocência típica das crianças, ela protesta: é preciso respeitar a linha! O pai argumenta que não é necessário; a menina retruca:
Todos os caixas eletrônicos estão ocupados, mas não há fila. Chega um homem acompanhado da filha de seus 5 anos. Naturalmente, ele passa por cima das linhas estampadas no chão para orientação da fila. Com a inocência típica das crianças, ela protesta: é preciso respeitar a linha! O pai argumenta que não é necessário; a menina retruca:
-Mas, pai, tem que respeitar as regras!
A essa altura o pai poderia oferecer uma resposta sensata, esclarecendo que a linha só serve para ajudar a organizar a fila quando o banco está cheio; que naquele momento não havia fila; que podiam fazer aquilo sem prejudicar ninguém; etc etc etc. Em suma, que apresentasse algum argumento simples e sensato, capaz de fazer a criança compreender que a linha no chão é uma convenção que, naquele momento específico, não precisava ser estritamente observada. No entanto, muito brasilicamente, o pai sai com uma resposta marota, iniciando a menina nos cândidos descaminhos da burla e do cinismo:
-A gente tá sozinho (sic) aqui - não tem ninguém olhando.
E assim começa a primorosa formação de uma jovem cidadã da República Federativa do Brasil: heteronomia pouca é bobagem...
Manuela na Roda
A entrevista de Manuela d'Ávila no Roda Viva foi conduzida de modo malicioso? Sim.
Manuela d'Ávila tem pouco preparo para a empreitada que almeja? Também.
Quem deseja enfrentar um Congresso hostil precisa ser igualmente capaz de enfrentar a hostilidade de um painel de entrevistadores. Seria ingênuo esperar facilidade de onde ela não poderia vir. Ser Presidente da República não é moleza.
Pão e Copa
Admito, embora relutante: a Copa do Mundo é uma patologia cultural menos pior que o circo romano. Mas só um pouquinho...
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