Hoje, em sala de aula, um aluno deu vários tapas nas nádegas de uma colega. Ela reclamou, solicitando minha intervenção
Detalhes: o aluno em questão é negro, bastante pobre e é tratado pela família com grande descaso, frequentando a escola com roupas encardidas, por vezes exalando odores característicos de falta de higiene. A aluna pertence ao sexo feminino (obviamente), é branca e parece ter condição social e familiar consideravelmente melhor que a do menino; pela linguagem que anda por aí, poderíamos dizer que ela goza de "privilégios".
Educadamente, solicitei INÚMERAS vezes ao aluno que parasse de agredir sexualmente a colega e que a tratasse com o devido respeito, mas precisei falar com rispidez para que ele finalmente atendesse. Discuti brevemente a questão ("você gostaria que fizessem isso com a sua mãe, etc"), mas creio que minhas ponderações "entraram por um ouvido e saíram pelo outro".
Meu aluno é oprimido ou opressor? Ou desempenha ambos os papéis? E a aluna, branca, de classe média baixa, "privilegiada" - oprimida ou opressora? E eu, professor, homem-branco-heterossexual-de-classe-média, tentando ensinar o menino a respeitar as mulheres, tal como me ensinara meu avô (homem-branco-etc), sou opressor?
É muito fácil criar rótulos e estereótipos. Difícil mesmo é lidar com a complexidade da realidade.
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