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sexta-feira, 31 de julho de 2015

A "magia" do dinheiro

Extrato de Anatomia da vingança - Figuras  elementares da reciprocidade de Mark R. Anspach

"A fé dos indivíduos no valor do dinheiro é indispensável para o funcionamento do mercado. Os economistas ortodoxos tentam reduzir a economia monetária a uma série de transações contratuais entre pares de agentes individuais. Orléan mostra que esse mecanismo encontra seu limite quando se trata de explicar o próprio dinheiro. Este não é o resultado de um contrato entre indivíduos, só pode ser a expressão de um nível transcendente - mesmo quando se trata do caso de uma transcendência emergente, de uma autotranscendência.

Materializando-se no dinheiro, a autotranscendência do grupo social intervém como mediador nas transações entre indivíduos. E é porque o grupo como um todo é o intermediário de toda transação entre dois indivíduos que essas transações podem parecer independentes umas das outras. Mas, na verdade, participam de um vasto círculo positivo, em que cada um aceita o dinheiro que circula, na esperança de que os outros farão a mesma coisa.

A fragilidade desse círculo aparece claramente cada vez que o dinheiro entra em crise. O círculo positivo transforma-se então em círculo negativo: cada um se recusa a aceitar o dinheiro temendo que os outros façam a mesma coisa. A crença no não valor do dinheiro se autorrealiza com a mesma aparência de fatalidade que a crença em seu valor. Quando falta o "complemento de fé" necessário para a unidade do todo, o dinheiro cai por terra. É a vingança do círculo.

Evidentemente, o círculo não age sempre de forma tão fulminante. Em geral a sua vingança é insidiosa; manifesta-se não pela ruína do dinheiro, mas por uma erosão lenta e progressiva de seu valor - ou, pelo contrário, por um aumento velado desse mesmo valor, que acaba também travando as trocas. Pois, se o dinheiro se torna uma mercadoria demasiadamente rara, os consumidores vão hesitar em gastá-lo. Mas a renda dos consumidores deriva do investimento dos empresários e a renda das empresas decorre do gasto dos consumidores: outro círculo positivo pronto para mudar de orientação assim que a confiança desaparece. Dessa vez, cada um se recusará a dar seu dinheiro temendo que os outros façam a mesma coisa. Os trabalhadores terão medo de comprar se não tiverem certeza de poder encontrar um emprego bem remunerado, e as empresas terão medo de contratar se não tiverem certeza de poder vender seus produtos por um bom preço.

A economia de mercado se baseia enfim na relação circular entre dois princípios muito simples: 1) o dinheiro é obtido na troca de bens; 2) os bens são obtidos em troca de dinheiro. Enquanto a máquina ficar dando voltas, pode-se acreditar que a articulação desses dois princípios é natural. Mas, como acabamos de ver, a máquina pode ficar paralisada de duas formas: ou os agentes temem não obter dinheiro suficiente por seus bens, ou temem não obter bens suficientes por seu dinheiro. O primeiro temor traduz-se pela elevação do desemprego e o segundo, pela alta dos preços. Porém, cada um desses temores é autorrealizador. Depois que se instala, destina-se a se perpetuar. Os círculos viciosos da inflação e do desemprego não são fenômenos marginais ou contingentes. Estes desnudam a circularidade na própria base do sistema".

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