Excelente reflexão do historiador Fred Oliveira
Na pré campanha da eleição presidencial de 2018, alguns petistas chutaram Ciro. Depois, ao ver que a vaca iria pro brejo, pediram apoio a Ciro. Ouviram Ciro apoiar a democracia (Sim! Ciro apoiou a democracia!), mas eles queriam do candidato o servilismo de outrora. Insatisfeitos, não tendo o apoio pedido, vilipendiaram Ciro. Xingaram e brandiram ofensivas hipérboles contra Ciro. Demonstraram a reatividade descabida de sempre a quem lhes recusa vassalagem. Trataram Ciro como tratam todos aqueles que mesmo tendo sido fiéis ousam em algum momento deixar de segui-los. E a lista é extensa. Ou seja, mantiveram a rotina.
Nas hostes teve mais vaias que aplausos. Muita citação e pouca reflexão, como de hábito online atualmente. Erudições voláteis oriundas de memórias de momento. Rigor que não sobreviveu ao instante da enunciação, diluído em torrentes de likes e tolos vomitaços. Embasados achismos deram o tom de quase tudo que foi dito. Cansados todos os ouvintes, suspeitos muitos dos indignados.
Ao fim e ao cabo, emotivos, deram de ombros para as próprias idiossincrasias e a histeria ultrapassou o limite do aceitável. Envolvidos demais, não perceberam que pirraças, memes e rótulos só divertiam a audiência. A contraproducência da tática fortaleceu os adversários e não mudou as condições que levaram a outra chapa até a Presidência. O adiantado da hora implodiu as expectativas baseadas em ilusões. Militâncias infantis na crítica e quase fetais na reação, ficaram falando somente para os que pensavam a mesma coisa que elas, ao invés de tentar convencer quem pensava diferente.
Assustador, no entanto, é ver que as fracassadas fantasmagorias de ontem continuam sendo recurso. Mas agora só evidenciam que não houve aprendizado, só simulacro e repetição. Se constrangedor era admitir os equívocos outrora, mais constrangedor deveria ser repeti-los ainda hoje. E assim, vanguardas de ontem, falam sobre ontem, vivem de ontem, só enxergam ontem e insistem em dizer que são “futuro”.
Passada a tormenta eleitoral, Ciro Gomes avalia a conjuntura, ausculta as ruas, lembra das traições, constrói palanques, alianças, pensa nos rincões e sabe que até 2022 há uma odisseia a ser vivenciada.
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