A defesa do autoritarismo é relativamente simples e fácil: dentro de certa medida, tal defesa pode lançar mão da força, da violência e tipos diversos de coerção, sem por isso se tornar incoerente. Ocorre o contrário com a defesa coerente da democracia, a qual exige grandeza de espírito, astúcia, generosidade, criatividade, sutileza e muita serenidade.
Defender a democracia com truculência, ainda que apenas verbal, já é ceder ao autoritarismo - até porque o autoritarismo não está apenas "lá fora"; antes de tudo, ele brota de dentro de nós mesmos, especialmente quando nos deixamos dominar pela raiva ou pelo ódio. É triste, mas cada um de nós possui seu próprio "Führer interior" - e é muito perigoso ignorar isso. Quando cedo às minhas próprias tendências autoritárias, já derrotei os valores democráticos dentro de mim mesmo, tornando-me, ainda que involuntariamente, um agente do autoritarismo.
Quando um suposto defensor das liberdades democráticas, por mais nobres que sejam suas intenções, se dispõe a calar e silenciar seus adversários, ele mesmo já trabalha pelo apequenamento da democracia, essa flor tão frágil, que exige tanta delicadeza em seu cultivo...
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