Um dos melhores romances históricos que já li. Passado no século XVII, o livro narra a história de Roberto Pozzo di San Patrizio, senhor della Griva, jovem fidalgo italiano que após um naufrágio chega a num navio abandonado numa ilha do Pacífico Sul. Ali divide seu tempo entre a busca de um intruso misterioso e as memórias de sua vida. A partir desses elementos o autor constrói uma narrativa não-linear que nos leva através de um passeio pela cultura seiscentista, passando pela infância de Roberto no Piemonte, sua participação no cerco à fortaleza de Casale, suas aventuras na Paris de Richelieu, além de uma viagem pelos oceanos entre excêntricos passageiros de um navio.
O romance adota inúmeros estilos de escrita ao longo de suas páginas mimetizando de forma curiosa e criativa as peculiaridades da literatura barroca. Através de inúmeros personagens marcantes o livro evoca as características mais variadas da época, com grande destaque para as mais diversas extravagâncias intelectuais; Eco lembra que este foi o século de Descartes e Galileu, mas também uma época de literatura exuberantemente exótica, de esoterismo delirante, de utopias mirabolantes e, principalmente, que as fronteiras a separar umas das outras eram muito tênues.
"A ilha do dia anterior" é uma verdadeira viagem pelo "Grand siècle", um livro que abre as portas para uma compreensão profunda e empática da mentalidade de uma época ao mesmo tempo muito semelhante e diferente da nossa...
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